tag:blogger.com,1999:blog-10816295171973305922024-02-20T17:59:13.778-08:00Do Transe à Revolta.Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.comBlogger65125tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-22332741882937188822022-01-09T16:39:00.001-08:002022-01-09T16:39:50.181-08:00A montanha da luta de classes<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgybR241pe6JoraU-BVIywn37QVvAN51NnXm4NZAjYIqZrj8HvKpQJjvB6xglDtf9jWvl4oPAz9miKnT72o__ewM6lQm3YaY7au8lqTsz92CRnoXMqbcTE0Sl4GPVpZt4N6-AL3YIlHH_HjHZAWYuyPlSZZBCC-02sPBrDR_RT-R0qVozmM0Vi7LNXt=s600" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="511" data-original-width="600" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgybR241pe6JoraU-BVIywn37QVvAN51NnXm4NZAjYIqZrj8HvKpQJjvB6xglDtf9jWvl4oPAz9miKnT72o__ewM6lQm3YaY7au8lqTsz92CRnoXMqbcTE0Sl4GPVpZt4N6-AL3YIlHH_HjHZAWYuyPlSZZBCC-02sPBrDR_RT-R0qVozmM0Vi7LNXt=s320" width="320" /></a></div><br />Durante a maior parte de minha ainda breve vida política consciente vivi numa época rara. <p></p><p>Na verdade, foi durante sua duração que me formei politicamente, psicologicamente e, é claro, moralmente. </p><p><br /></p><p>Essa época, ainda que relativamente frequente nos países centrais de nosso planeta capitalista, nunca foi muito familiar nas terras de onde escrevo. </p><p><br /></p><p>Quando Marx escreve sobre os "ciclos industriais", desenrolando-se em fases de prosperiadade seguidas de crises de superprodução causando miséria, já previstos a uma duração, variável, é claro, de cerca de dez anos, ele tratava da única nação em que as relações capitalistas de produção haviam dominado todas as esferas da produção material de forma plena: A Inglaterra. </p><p><br /></p><p>No Brasil, ao longo dos últimos, talvez, dois séculos de sua história imperial, republicana e ditatorial, vivenciou algumas destas oscilações cíclicas, com apenas uma diferença fundamental: em poucas, nas fases de prosperidade material (vulgo, acumulação acelerada de capital), houve a linha política de permitir a concessão de uma parte maior do "bolo", em forma de concessões, por menores que fossem, como forma de apaziguar preventivamente a fúria dos explorados. </p><p><br /></p><p>Aqui, a marca feita a fogo pelo Capitalismo periférico se demonstra na superexploração desenfreada dos trabalhadores, numa guerra civil maquiada imposta aos pobres pelo Estado dos patrões e pelo estrutural pagamento de salários muito abaixo do valor da força de trabalho (eis aí um salário médio de 1500 reais, enquanto um mínimo para a sobrevivência, calculado pelo DIEESE, deveria ser de 5000 reais).</p><p><br /></p><p>Minha formação se deu numa dessas épocas em que, apesar de não alterar estas características fundamentais do capitalismo brasileiro, fizeram-se pequenas concessões, consideradas, pela realidade miserável e secular de espoliação, como enormes contribuições à vida e esperança dos pobres e trabalhadores. </p><p><br /></p><p>Os anos do PT no poder trouxeram, na esteira do enorme impulso sustentado pelo consumo de comodities chinês (essas coisas como soja, minérios e carne, o carro chefe so papel brasileiro nas cadeias de produção mundial), medidas cujo objetivo eram, além de sustentar o partido no poder, cumprir um papel apaziguador, conduzir as esperanças, angústias e desejos "através dos trilhos e margens da democracia". Buguesa, é claro.</p><p><br /></p><p>As pessoas desejam. Isto é um fato. E àqueles que mais falta, o desejo vem sob as mais variadas formas e intensidades. </p><p>A classe dominante de nossos tempos, os patrões, sabem disso. </p><p>Efetivamente, a realização de sua razão de viver, acumular mais capital, depende da capacidade de explorar, criar e conduzir estes desejos. Só existe lucro onde há desejo e compra.</p><p><br /></p><p>O passo de todos os endinheirados, em todos momentos em que a classe oprimida desperta e entende os séculos de sua exploração e sua força potencial ao se unir, foi buscar conduzir esperanças pelos trilhos, domesticados e controlados, do seu regime político, suas instituições, suas leis e seus prazos qur nunca chegam.</p><p><br /></p><p>Em troca das bolsas familia, do acesso à universidade, de algum incremento no salário mínimo (sempre muito abaixo do minimamente digno), o PT conseguiu imobilizar movimentos e conduzir expectativas para o Estado: tudo dependia de saber esperar o "talento politico" de tal ou qual parlamentar trazer "melhorias a conta gotas".</p><p><br /></p><p>É exaustiva a discussão sobre o quanto estas concessões eram e poderiam ser efêmeras e provisórias. De 2015 para cá, foram todas varridas do mapa.</p><p><br /></p><p>A história da luta de classes demonstra que todas melhorias minimamente sérias e duradouras só podem vir como subproduto de uma luta revolucionária, ou seja, uma mudança na correlação de forças entre os peões e os patrões. </p><p><br /></p><p>Os níveis da Jornada de trabalho, salários, condições habitacionais, direitos sociais, todos foram conquistados por uma luta contra a exploração do trabalho, ou seja, questionando as RELAÇÕES CAPITALISTAS de produção. </p><p><br /></p><p>Evidentemente, em cada um destes combates, que fazem parte de uma guerra civil permanente entre trabalhadores e exploradores, pressupõem-se certo grau de consciência e organização de classe pelos oprimidos. </p><p><br /></p><p>Ainda que este tema nao tenha sido sanado entre as organizações que se consideram "revolucionárias", é evidente que um profundo retrocesso nestes dois pressupostos se impôs, desde esta absorção da luta pela conciliação do PT, dando um mergulho com o impeachment de Dilma e a instauração de um governo tutelado pelos militares, com Bolsonaro como testa de ferro.</p><p><br /></p><p>Em meio a este cenário desolador, cá me encontro, diante de uma confusão generalizada e a domesticação pelas leis e propriedade burguesas, não apenas por parte da consciência média do trabalhador comum, mas dos grupos da esquerda socialista. </p><p><br /></p><p>Afundados no atoleiro das eleições, seguem conduzindo as inúmeras e graves demandas dos explorados, no máximo, para um projeto de lei, uma petição parlamentar ou uma greve engessada por uma prática sindicalista acovardada frente aos tribunais.</p><p><br /></p><p>Inusitado que frente ao chamado de sua razão de ser, com a proliferação descontrolada da fome, do desemprego, da miséria moral, do obscurantismo, nossos socialistas não compareçam ao encontro da história. </p><p><br /></p><p>Sem contribuir com nenhum exemplo em termos de propaganda, de ação direta, de lutas de resistência e defensivas capazes de ensinar e conduzir a organização novas gerações de peões, contra todos estes ataques e a piora abismal da vida, nossos socialistas se converteram no profissional mais tragicômico do espetáculo burguês: o de ouvidoria da exploração capitalista. </p><p><br /></p><p>Não há nenhuma referência séria nas ideias ou figuras socialistas e revolucionárias pelos trabalhadores. </p><p>Tornam-se, assim, mais retroalimentados em suas seitas, com vocabulários próprios e esterilidade comum, tudo flutuando em meio ao mar de pequenas disputas de pequenos poderes e pequenos privilégios de pequenas figuras.</p><p><br /></p><p>Perdida em ações orientadas por interesses de marketing digital, patinando na lacração de classe média e, fundamentalmente, orientada como plataforma de sustentação de carreiras de alpinistas sociais, exploradores egoístas de nichos sociais e parlamentares e sindicalistas acomodados, nossa esquerda socialista se liberaliza à velocidade da luz nesta crise. </p><p>Torna-se a oposição esperada... e inofensiva.</p><p><br /></p><p>Seu próximo passo é imiscuir-se nos negócios da democracia liberal e, vendendo a mentira adocicada do passado idealizado, tornar-se fiadora da mais nova fórmula de salvação da nação brasileira, essa máquina de matar preto e sugar peão: </p><p>A redentora candidatura de Lula e.... Alckmin!</p><p><br /></p><p>Por razões de dignidade, recuso-me a listar o inventário de maldades desse senhor, o massacrador do Pinheirinho. </p><p>Sua função óbvia é a de tutelar os gerentes Ptistas e Lula para que "andem na linha" e abandonem qualquer mínima intenção de voltar a fazer concessões ou retroceder em ataques, como a reforma trabalhista.</p><p><br /></p><p>Basta enunciar essa como a realidade mais provável a retornar ao poder para esclarecer a visão do tamanho de nossa crise.</p><p><br /></p><p>A frente há uma montanha, com cada escarpa preenchida de alienação, atraso, carestia de vida, fragmentação, divisão e precarização inéditos das relações de trabalho, jornadas longas e intensas, filas de osso, porções territoriais tomadas pelo crime e igrejas associados ao Estado, necessidades de retomada de sindicatos e criação de outros, em suma, uma montanha a se escalar para abrir os olhos e levantar as mãos dos peões. </p><p><br /></p><p>Entretanto, nossos socialistas amarelados - e mesmo algumas variáveis mais avermelhadas - parecem resignar-se a um papel oscilante, ora como ouvidor, ora como candidato a "gestor humano" de um capitalismo que, por nada, por lucro, certamente levou milhões de trabalhadores brasileiros à morte numa epidemia.</p><p><br /></p><p>Essa realidade só é possível graças a uma doença crônica da qual sofre nossa esquerda, outrora socialista, cada vez mais liberal: sua composição e infecção pelos interesses e fome arrivista das camadas privilegiadas da classe média e da pequena burguesia, sem nenhum interesse ou capacidade séria de romper com a vida no capitalismo.</p><p><br /></p><p>Tive dificuldade de perceber os limites dessa esquerda. </p><p>Nos tempos de minha formação, os ritmos eram lentos. </p><p><br /></p><p>Sob a proteção das boas condições de vida e relativa paz social dos governos petistas, era possível até ao mais pelego de hoje sustentar um discurso vermelho e radical. Não se fazia, como hoje, balanço de nada ou autocrítica de qualquer coisa. Todas direções se atribuíam o papel de guardiões das chaves do socialismo.</p><p><br /></p><p>Hoje, enfeitiçados pelo perfume do prestígio social, figuras como essas, jogam num baú seu passado, já tímido, de críticas e sustentam o desvio da justa indignação popular, das trilhas revolucionárias para as trilhas da "cidadania", assistencialismo e abafamento da consciência de classe.</p><p><br /></p><p>Que lástima escalar essa montanha quase descalço!</p><p><br /></p><p>Mas que dádiva poder viver tempos em que as palavras são testadas a ponto de fazer rapidamente cair as máscaras dos pretensos "amigos" do povo.</p>Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-77787866165047903742021-12-24T21:10:00.001-08:002021-12-24T21:10:26.102-08:00Cacofonia<p> 26 de dezembro. 1:30 da manhã.</p><p><br /></p><p>As luzes da goma já se apagaram. A coroa foi pra cama, a véia pro seu quarto. </p><p>Restam a mim, o pigas e o Cão sentados no escuro da sala. Na TV, meti uma série.</p><p> </p><p>Engano pensar que conseguiria me concentrar. </p><p><br /></p><p>Lá fora, estrondos de bombas de tamanhos sortidos se engalfinham com o rugido trepidado das motos no grau. </p><p>Um bagulho de tremer parede.</p><p><br /></p><p>Uma cacofonia eufórica jorrando por quase uma hora na quebrada. </p><p>Dá pra sentir as aceleradas, os batuques, as músicas, todo aquele rugido se chocando entre si, entre ruas, entre as curvas e esquinas apertadas. </p><p><br /></p><p>Aos poucos, a cacofonia muda de forma, se condensa e vai ganhando estabilidade, ora num samba na esquina de cima, ora num funk lá no pé do morro... </p><p>Dá até pra ouvir o tecnobrega na Rua do Bailão. Nesse ritmo, a coisa vai até o sol aparecer. </p><p><br /></p><p>Pelas ruas, as brigas, xingos, motos e barcas cruzam-se (des)harmonicamente sem parar. </p><p><br /></p><p>Acendo o pigas e começo a ouvir o ronco da véia. Conseguiu pegar no sono. Trampou pra porra hoje. Tava uma delícia o rango, aliás. Amanha vou pedir una marmitinha.</p><p>Saio pela porta e me debruço pra desbaratinar por uns minutos na sacada lendo as entranhas de asfalto.</p><p><br /></p><p>Da vista privilegiada, posso ver quase toda a quebrada. Uma parte enorme, de qualquer forma. Um milhão de pessoas enfurnadas neste mosaico de telhados e muros colados? Um pouco mais?</p><p><br /></p><p>Todo fim do ano é esse movimento, uma espécie de antesala da Festa de Ano Novo, uma verdadeira descarga de energia periférica e popular, após um ano do cão. </p><p>Muitos sofreram e se perderam. E muitos fizeram calados. Natural que em algum momento se façam ouvir.</p><p><br /></p><p>Não há dúvidas, no entanto, que esses peões tem voz. A cacofonia da periferia é a prova inequívoca disso. </p><p><br /></p><p>O dramático é que sejam dispersas, sem sincronia, sem harmonia, numa miscelânea de ruídos potentes, presentes, legítimos, mas, ainda assim, ruídos e, portanto, desorganizados, fáceis de se consumir rapidamente, engolidos num silêncio ou noutros barulhos afins...</p><p><br /></p><p>Drama mesmo vai ser quando a gente (re)descobrir a potência de falar junto, a beleza e força de cantar em harmonia, sincronizados na voz e no braço.</p><p><br /></p><p>Apago o pigas e volto pra série. </p><p>Antes de fechar a porta outro nexo se forma em meio aos ruídos. Um louvor começa a se estabelecer na casa da Dulce. </p><p><br /></p><p>No andar debaixo do predinho, vejo a janela com cortina vermelha ascender. Ixe... É o Cléber.</p><p><br /></p><p>Um puta estrondo engole o culto. Uma sinfonia....</p><p>Caralho, o Cléber é foda kkkkk</p><p><br /></p><p>Em pleno natal, o cara calou o louvor com a Internacional!!!</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg6A0E099xYF5t9cMNSV2ZxlyyLaNsZbPiLxijnPZ3Eh3liykSq4mQhnbma2fKRlMzotl8PwssFNRV64brVn45YflzyudxcuO8Vk7K8691TtqlKVxaNAF0g41sJSOYuSIErymiQrXT8XxRAqyNatH8Ku0zJzWOZ13LRVWP3m-2RNwuXHDgxtubx2X24=s679" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="452" data-original-width="679" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg6A0E099xYF5t9cMNSV2ZxlyyLaNsZbPiLxijnPZ3Eh3liykSq4mQhnbma2fKRlMzotl8PwssFNRV64brVn45YflzyudxcuO8Vk7K8691TtqlKVxaNAF0g41sJSOYuSIErymiQrXT8XxRAqyNatH8Ku0zJzWOZ13LRVWP3m-2RNwuXHDgxtubx2X24=s320" width="320" /></a></div><br /><p></p>Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-7610705035177553452021-11-25T06:40:00.004-08:002021-11-25T07:15:06.050-08:00A lógica das coisas<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ-GmDnUf3Fj2rgCHzr40P_WkpdLKsZnXOnDe1OSNPujCdFGD-QfYJd3aqIT8-vzAu0xTOAptViOiFW2W7Df2gRrdHtAM6X5m3TliEFkRYor2r8eFYgmwa5lHcGsBqZLq0zuf8Ge2P-cs/s678/images+%252874%2529.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="452" data-original-width="678" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ-GmDnUf3Fj2rgCHzr40P_WkpdLKsZnXOnDe1OSNPujCdFGD-QfYJd3aqIT8-vzAu0xTOAptViOiFW2W7Df2gRrdHtAM6X5m3TliEFkRYor2r8eFYgmwa5lHcGsBqZLq0zuf8Ge2P-cs/s320/images+%252874%2529.jpeg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p><br /></p><p>TRIM TRIM TRIM!</p><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Dei um pulo na cadeira. </div><div dir="auto">Só podia ser aquilo. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Todas as notificações estão desativadas. Sabe como é, pequenos gestos em benefício da saúde mental. </div><div dir="auto">Deixei apenas as notificações do E-mail já que precisava de alguma resposta sobre a entrega. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Aperto o botão lateral, deslizo o dedo formando o desenho de bloqueio sob o sulco esculpido pelo hábito na película judiada e lá está a notificação dos Correios. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Exatos 70 reais, só de frete, para entregar 4 livros. </div><div dir="auto">Na "resposta à manifestação", a entidade pretensamente humana, indistinguível de um robô, comunica que meus pacotes estão já há 6 dias esperando a retirada e que a data limite é amanhã. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Inútil argumentar. Esta já é a terceira reclamação realizada, todas respondidas me enrolando e mandando ir buscar algo pelo que já paguei a entrega.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Reúno a moral carcomida pelos meandros burocráticos e vou até a agência. </div><div dir="auto">Uma porta daquelas de bar, sanfonada e de aço, dá entrada a uma aglomeração de inconformados, atendidos por dois funcionários, todos displicentemente sem máscara, resmungando, cada um na posição que lhes cabe. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Já se vão 20 minutos de espera e ainda me restam 30 "usuários" para terminar mais este calvário citadino. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Pelo que posso apurar, é sempre a mesma história. Os Correios não entregam se casa tiver "restrição de envio". "Área de Risco" eles dizem.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">A cada nova senha, uma cara feia e resmungos. </div><div dir="auto">O tom começa a ficar mais alto, as palavras mais ásperas, como se o antagonismo ganhasse pouco a pouco forma no ar. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Na sala apinhada, um mais exaltado começa a gesticular, bradando sua máscara cirúrgica numa mão e o RG noutra:</div><div dir="auto">"Toda vez a mesma merda! Vocês falam que vão na nossa casa e não tem ninguém. Porra, eu cuido de um filho cadeirante, quase não saio, vocês nao foram porra nenhuma". </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">O pavio é aceso. Diante dos olhos caídos de atendentes estafados do espetáculo que já consideram ter visto vezes demais, a indignação toma outras bocas: "Eles são tudo um bando de folgado, é tudo mentira não levam porque não querem".</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">O funcionário, como que calejado, assume a defesa da empresa e informa em tom igualmente ríspido indignado: "Senhor, eu mesmo moro 'área de risco'. Vou fazer o que? Não é tudo sobre você. Infelizmente, na sua região existe muito roubo de carga e essas coisas, tem que se habituar...". </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Tudo ali, na minha cara. Dois peões, entreolhando-se com ódio, cada um munido de suas razões, acotovelando suas angústias na fila da miséria de vida amarrada por protocolos e regras burocráticas na maior cidade da América Latina. </div><div dir="auto">Um grande centro onde peões, em tempos em que bilionários enviam conversíveis para Marte, não conseguem receber um pacote.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Sem tardar, o convidado de honra deste encontro tragicômico se apresenta: "Tem que privatizar essa porra! Vai ver se o mercado livre faz isso aí?!!". </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Os números correm tão lentamente quanto crescem e se acunulam em mim e noutros aquele calor, aquela boca seca, aqueles repetidos "tsc" de insatisfacao e as rosnadas de impaciência. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Você já viu um ser humano rosnando? É um fenômeno muito particular. Uma expressão de amargor e raiva como que escorrendo da etiqueta social, pouco a pouco, ficando cada vez mais alto e evidente, mesclando-se com as progressivamente enrugadas marcas no rosto de quem desejaria jogar tudo pro espaço. </div><div dir="auto">O rosnado humano é um grito amordaçado que se dá contra a hipocrisia e desperdício de energia social.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Enfim, chega minha vez. Número 567. Passo veloz por entre os perdigotos esvoaçantes lançados pelas pessoas acumuladas na entrada e chego com meu código explicando o ocorrido. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Imediatamente, o funcionário se interpõe como uma muralha: "Papel da senha, por favor". Tão rapido quanto o arregalar dos olhos foi o apalpar de meus bolsos com a mão. </div><div dir="auto">Em vão: "Pouts, cara... Deve ter caído no chão... Mas o problema é es-"</div><div dir="auto">"Se não tem o papel da senha, tenho de chamar o próximo", diz o autômato tocando o painel e chamando a próxima senha. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Por um instante me sinto flutuar. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Visualizo toda a agência ao meu redor girando e girando até tomar a forma de uma vertigem que, de súbito, se transforma numa outra sala, destroçada, com montanhas de caixas rasgadas e envelopes salpicados pelo chão. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Ao redor uma orgia de indignados arregaçam os bancos, depredam vidraças, urinam nos caixas. </div><div dir="auto">Alguns, mais animados, sobem triunfantes nos carros de entrega e pulam freneticamente em sua lataria; outros, num ato de criatividade destrutiva, pixam R no lugar do X de SEDE(R)X, lançam bolos de cartas rasgadas nos funcionários que correm semidespidos de olhos arregalados; os gritos, o ódio, a raiva explodem num frenesi sem freio. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Repentinamente me vem ao ouvido:</div><div dir="auto">"Moço, tava aqui no chão da entrada", diz um rapaz de olhos caídos, postura cansada, uniforme do supermercado, entregando minha senha em mãos. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Sorrio a ele e entrego, já sem sorriso, a senha ao caixa, explicando o problema dos pacotes e reclamando que nunca fazem a entrega. A resposta é padrão: "Você mora em área de risco". </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Contraponho, como um Quixote da sensatez, talvez pensando que ali a Razão tenha alguna soberania, que o carteiro passa toda semana e que inclusive já recebi alguns livros. Tão mais injusto me cobrarem três vezes, pelo frete, pela passagem de ônibus e pelo tempo perdido. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Ledo engano.... Neste tipo de repartição, não há espaço para idealismos tão pueris quanto os da Lógica. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">O caixa, soçobrando minhas esperanças, abaixa o óculos até quase a ponta do nariz e me responde em tom baixo, quase provocativo, em meio à balbúrdia que se acumula nos caixas ao lado:</div><div dir="auto">"Eu sei que é difícil pra quem não trabalha nos Correios entender...Mas uma coisa são os carteiros de Rua, outra são as encomendas. Nas áreas de risco, não entregamos mesmo."</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">"E o Frete de cada um dos livros que paguei? É injusto eu sequer receber.", replico, ingênuo, ainda abraçado à Lógica e algum senso de justiça.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">"O frete não é só entregar, né? É TODO um processo... Veja, a gente as vezes não sabe, mas tem muito roubo de carga nestes bairros. E nâo é só nesse seu CEP não viu...? É na Vila Olimpia, Jardins, Butantã..." replica, como que tentando explicar a imparcialidade social da suposta regra. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Respondo, já sem paciência: "Lá onde moro não tem isso não cara... Se fosse assim, outras empresas não entregavam compras, o carteiro não iria... Moro há 18 anos e nunca vi isso lá. Isso é preconceito!"</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Esbugalhando os olhos e fazendo erguer um sorriso de soslaio, o caixa lança uma tréplica, meio que demarcando o fim da história: "Ah, tem sim! Você é que não sabe."</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">É engraçado o efeito psicológico que uma posição burocrática proporciona a um indivíduo. </div><div dir="auto">O sujeito nunca me viu na vida, mas julga saber melhor quais são meus direitos e a realidade de onde vivo, atribuído da onisciência proporcionada por um código numérico e uma etiqueta no site de sua empresa a um palmo de seu nariz. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Até pensei em mencionar o fato de que no cruzamento da rua onde vivo ficam duas biqueiras, cheias de vapores e gerentes, visitada 24 horas por dia por clientes e, claro, a fiscalização informal do Estado em forma de propina. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Achei que se falasse isso obteria o triunfo dessa presença já maltrapilha na conversa - a Lógica -, pois não existe nenhum traficante que vá querer atrair problemas pro seu comércio, proporcionados por roubos de carga na mesma rua. Mas eu aprendo. Sei decretar o fim de propósito quando o vejo em uma conversa.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Deixo a bola rolar. </div><div dir="auto">Um senhor de idade vem e coloca o RG na boca do Guichê, falando que seu número havia passado e não tinha sido chamado. O Caixa muda sua expressão gelatinosa para uma feição enrugada de nervosismo: </div><div dir="auto">"Chamamos sim! O senhor é que não prestou atenção. Espera aí que já atendo".<br /></div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Antes mesmo que o velho, a essa altura com os olhos arregalados, pudesse responder, nosso atendente olha para o lado e comenta com seu colega: "O problema é isso... todo mundo quer ter razão, direitos, mas nenhum dever..".</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Tento replicar com um "Po cara, ele é um senhor de ida-" e vejo a última sílaba mergulhar no vazio que se abre no espaço que o caixa ocupava na cadeira. </div><div dir="auto">Com seu sorriso de soslaio, o sacripanta pega a lista que lhe dei e sai para uma sala ao lado, parecida com um depósito.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Lá, entre o burburinho, consigo ouvir alguns comentários com um terceiro interlocutor.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">"- Tá foda hoje, ein? Puta que pariu, cheio de Véio e desse 'povinho'.</div><div dir="auto">- Ah, chega essa hora na segunda e é sempre assim...</div><div dir="auto">- Que que esse véio queria?</div><div dir="auto">- Ah, tava babando na cadeira e perdeu a senha. Deve estar querendo pegar uma muamba qualquer.</div><div dir="auto">- E esse cara ai conversando tanto?</div><div dir="auto">- Ah, outro ignorante de merda... Mora na porra da favela e quer pacotinho na porta de casa. Livro ainda... Deve estar comprando essas apostilas de supletivo ou 50 tons de cinza pra alguma velha na casa dele..." Caem os dois em gargalhada, emanando estranhamente do depósito para a sala tomada de expressões carrancudas.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Por alguns instantes o "ignorante de merda" fica repetindo em minha cabeça. A lógica, essa peralta ingênua, reivindica mais uma vez seu lugar. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">De que adiantaria, no entanto, mencionar que os livros se tratam da compilação das matérias da Gazeta Renana, de Marx e Engels? Ou que também abarcam a fenomenologia do Espírito, de Hegel, além de Dawkins, Ursula K le Guin, Rosa, etc? </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Peço paciência a nossa peralta e espero o retorno dos pacotes. </div><div dir="auto">Afinal, que lógica há em tentar convencer outro peão, que pelo simples fato de ser concursado e sentar num caixa, é engolido pela ideologia patronal e se considera superior, sequer reconhecendo a discriminação de classe evidente e cristalizada na absurda determinação de uma região periférica como "Área de risco"?</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Antes de voltar, na transição entre as salas, o caixa vira pro interlocutor e diz "E aquele PDV lá, cara? Olha, se virar, eu to saindo fora.... Quero é trabalhar pra mim mesmo!", respondido por um efusivo "Aí é vida!", do terceiro.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">De volta, me entrega 3 pacotes e informa que terei de retornar depois para pegar o quarto, que ainda não chegou. O quinto, segundo me informa, ficou 8 dias na agência e hoje, antes do fim da data limite, foi devolvido ao remetente.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">"PUTA QUE PARIU", talvez eu tenha dito em voz alta. Não importa. Mal pego os livros e nosso caixa já chama a próxima senha, sem sequer olhar-me nos olhos ou balbuciar um gesto humano no fim da transação. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Enquanto saio, o "Ignorante de merda" continua ressoando em minha cabeça. </div><div dir="auto">No entanto, pensando bem, me vem um estalo de epifania. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Talvez esse imbecil tenha me dado uma boa ideia. </div><div dir="auto">Enfim, encontrei um bom uso praquela bosta molhada que os gatos, ratos, cães e sabe-se lá o que mais distribuem regularmente na porra da minha escada. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Bato um fio pro Cléber. Ele estava fazendo uns corres de prestação de serviço de contagem de patrimônio. Acho que é MEI. Peço seu endereço e dados pra enviar pro antigo endereço do Juca, que não mora lá nem vai buscar nada. Cadastro meu e-mail alternativo pra rastrear.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Encho um pacote com variedades fétidas sortidas de cores, formatos, texturas e origens diferentes. Furo minuciosamente com agulhas toda a extensão do plástico e embrulho no papelão. Na capa, a designação "Aditivo agrícola natural" pra não dar pala. Encaminho pelos correios.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Já faz 4 dias.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">TRIM TRIM TRIM</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Recebo uma notificação: "Favor retirar sua entrega no endereço solicitado em até 4 dias úteis. Motivo: destinatário ausente/área de risco".</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Ainda estou me decidindo se daqui a 4 dias volto lá, só pra ver a cara de nossos colegas ou se deixo a merda refazer todo seu percurso lógico.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto"><br style="color: white; font-family: sans-serif; font-size: large;" /></div>Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-5991758567166635012021-11-03T18:27:00.005-07:002021-11-03T18:27:56.186-07:00A fresta<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyiQdZS-wvwVbiuU_hF2u7qeLxuMid8N1hc7dOlVGu-vX5nP8689dIpqvmk5n_uc0rGpIUzXaKrVAa9IklaOG_5JxvAm8V1E0tPaXbYdX-RW1N2x19Rly89iMI0GAOlN8wm75sUri1aww/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="480" data-original-width="639" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyiQdZS-wvwVbiuU_hF2u7qeLxuMid8N1hc7dOlVGu-vX5nP8689dIpqvmk5n_uc0rGpIUzXaKrVAa9IklaOG_5JxvAm8V1E0tPaXbYdX-RW1N2x19Rly89iMI0GAOlN8wm75sUri1aww/" width="320" /></a></div><br /><p></p><p><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"><br /></span></p><p><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Eu nunca fui o melhor em alguma coisa</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Deitei a cabeça no travesseiro e me indaguei incisivo. Digo eu porque, afinal, acredito que o que me vem à cabeça, ainda mais a essas horas da noite, só pode ter esta origem.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">E é daí que se inicia o trajeto da insônia.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Eu achava bobagem aquelas cenas clichês de filmes e séries, em que o sujeito se debate na cama absorvido pelas sinuosas curvas de pensamento caótico, sempre no momento mais inoportuno do sono, revirando fatos do passado, ideias do futuro e angústias do presente. Eu também nunca dei muita bola pra esse papo de saúde mental. Afinal, somos criados para lidar com o externo.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">A rigor, somos criados para sermos um apêndice da vida exterior, como ferramentas úteis que devem se segurar como puderem a um fio de saúde física e todo o resto se trata com o bom e velho “tem de aguentar”.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">É curioso como, tantas vezes, me deparei com situações absolutamente elucidativas sobre o que é uma crise do pânico, um transtorno de ansiedade, gente borderline e toda essa sopa de letras sortidas que o capitalismo disponibilizou para nossa geração. Uma riqueza de transtornos, um mostruário de monstruosidades, toda essa parafernália que acomete os adoecidos são o subproduto histórico-social de uma vida expropriada, sugada de sentido, para nove décimos dos pobres diabos como eu.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Ainda assim, tudo me parecia apenas algo mais do que uma frouxidão moral, uma fraqueza de gente sem sorte. Isso, até eu ter a minha primeira crise de pânico.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Voltemos à insônia, no entanto.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Percorri escrupulosamente os cantos da minha vida em busca de confirmação ou refutação de afirmação tão taxativa.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Lembro bem da adolescência. Nunca tive o cabelo mais bonito. Ainda que tivesse um sorriso cativante e um porte um pouco acima da média, não podia competir com o cartel de oferecimentos da turma dos “populares”. Todas as pequenas características físicas e morais que pudessem me conferir algum destaque em uma época tão crítica e em que impera tão fortemente a crueldade, como a adolescência, eram contrabalanceadas pelo sobrenome pomposo, pela total 90 da Nike, os rolezinhos semanais no shopping e a noção de Status que a Bárbara poderia ter indo ao cinema com o filho do dono da papelaria.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">O jovem da periferia ou, como alguns falavam em tom condescendente, “classe média baixa”, era algo entre o exótico e aquilo que deve ser evitado. Desnecessário dizer que, em se tratando de relações, esta não foi a melhor época para mim.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Nunca tirei as melhores notas, é verdade. História, Geografia, Sociologia, Português e Redação me encantavam, apesar de, nesta busca por identidade, não sugarem decisivamente minhas iniciativas e vontades.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;"><br />Estava em algum lugar entre os nerds, aos quais atribuo, hoje, o mérito de terem visto com clareza e terem embarcado nos assuntos de seu interesse e os largados, aqueles que por seus motivos não tinham os meios nem se encantavam com nada do que era discutido ali. De conjunto, já é um privilégio ter a possibilidade dessa escolha num país assolado pelo semi-analfabetismo e pelas escolas caindo aos pedaços.<br /><br />Isso me faz lembrar o futsal. Jogava na pista de taco e de cimento do salão do clube perto de casa. Não tinha nenhum campinho muito próximo e também me dava muita preguiça pensar em correr aquele campo inteiro enorme. Eu gostava de emoções concentradas, preâmbulos rápidos e jogadas ligeiras.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;"><br />Mesmo ali, nunca fui o destaque. Havia dias em que chutava redondo, acertando até umas boas rebatidas de três-dedos, roubando uma bola na ala esquerda e fazendo um bom cruzamento, chegando a arrancar algum elogio do treinador. Em outros, era como se algo se apossasse de mim de forma que, a cada dificuldade específica, num dia específico, crescesse uma voz no fundo da minha mente, uma voz de uma sombra que escurecia o ambiente, me tirava as forças e sugava minhas possibilidades de fazer bem algo.<br />Lembro da vez em que fiquei quase 5 minutos tentando acertar um pênalti na fila de cobrança. A cada chutão pro espaço, no meio do gol ou na não do goleiro, um uivo da molecada sugava algo em mim e injetava o veneno que fazia crescer a sombra. A sombra da incerteza e da insegurança, algo muito familiar nos anos vindouros.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Aprendi então que, não sendo capaz de vencer, para ao menos olhar a luminosidade de algum êxito no horizonte, precisaria agir de alguma forma.<br />Esta foi a época em que era moda zuar a aparência alheia na escola. O nome e o cabelo encaracolado/crespo, é claro, foram alvos preferenciais.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Esmagado pela estrutura social dominante na escola de classe média alta, na qual ocupava o papel de “elemento de atenção”, a busca por identidade e a sombra da incerteza, percebi a fonte de onde poderia erguer minha vontade.<br /><br />Algo começou a mudar quando, espremido pela sombra e sentado em algum canto escuro e seco, pela primeira vez, percebi uma fresta estranhamente luminosa e estridente, cujo calor dissipava a frieza da incerteza, se abrir, me mostrando uma fonte inesgotável de energia. A raiva foi minha companheira fiel — e segue sendo — durante todos esses anos.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Essa foi, então, minha força motriz. Não me lembro em quantas oportunidades praticamente entrei com bola, zagueiro, goleiro e, às vezes, até juiz, no gol adversário. A vontade passou a ser o mote e a raiva o combustível.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Comecei a concluir que, como forma de ser respeitado, devia pagar o fogo com fogo maior.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Aquela fresta no canto do quarto se tornava cada vez maior e, agora, me permitia até ver um pouco mais daquele espaço, vazio, é verdade, mas que um dia eu poderia mobiliar e decorar, tornando-o um lar que eu gostasse. Não precisaria me preocupar com o calor. Enquanto estivesse aberta aquela fresta, eu veria ao menos parte da minha sala, ficaria aquecido e estaria seguro.<br />Meti um soco na cara de um folgado; passei o rodo naquele que me chamou de cabeça de Bombril; angariei uma reputação para chamar de minha.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;"><br />De uma forma estranha, o destaque me encontrou. Eu era o terror da escola. O cara que tirava boas — embora não excelentes — notas, que tocava o terror nas aulas, que não aceitava desaforo e que se defendia e a suas opiniões feito fera. Naqueles dias, parecia que, sugando a commodittie daquela fresta, eu poderia chegar a qualquer lugar.<br /><br />É fácil perceber que, também, nunca fui o melhor em fazer escolhas.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">O quarto estava cada vez mais quente, ainda que, por seu tamanho, a fresta crescente não o iluminasse todo. De início não percebi a contradição. Tentei buscar algum escape que me permitisse modular essa diferença. Tentei as artes marciais.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">No judô, era bom. Treinava e dava trabalho para os faixas pretas. No entanto, seja por uma demasiada lentidão dos combates ou na progressão de faixas, rapidamente me entediei quando dos primeiros anos e das muitas quedas tomadas. Fui para o Kung Fu. Lá, não consegui aprender muito, vide que, nestes tempos, a maioria dos estabelecimentos e picaretas que se chamam de mestres apenas aproveitavam um nicho de mercado da classe média com algum capital excedente para gastar para vender um produto que satisfizesse o consumo performático. Novamente, foi inevitável a frustração.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Tentei uma Banda. No início não sabia tocar nada e, sendo honesto, não era o melhor dos cantores. Entretanto, ter sido criado por pai e mãe trabalhadores apaixonados por música e tendo crescido em um ambiente musical, em conjunto com o calor bombeado pela fresta, encontrei aí um caminho possível. Iniciei o violão, compus alguns sons e tive 3 ou 4 bandas até o início da vida adulta. Novamente, por querelas pessoais e pela pressão de decidir o que fazer com o futuro, aquela sala parecia ficar cada vez mais escura, ainda que cada vez mais quente.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Findou-se a escola. Num clima sufocante e escuro, me via diante, novamente, da indecisão. Realizei — um outro eu — uma investigação parecida com a que faço hoje, com muito menos elementos, cicatrizes e experiências. O que vou fazer? Quem sou eu? Há algo em que eu realmente seja bom?</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Uma inconstância pulsante durante a vida de jovem adulto, um tipo de insatisfação perene, como algo que falta e não se sabe o que é. De educação física até ciências sociais, de física nuclear a biologia, demorei até chegar a uma definição do que fazer com o já restrito universo aberto pela possibilidade de uma Universidade.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Nela, igualmente, não fui o melhor em quase nada. Por um breve período, imaginei-me o melhor em determinadas matérias, em determinadas atividades, em determinadas lutas. Busquei incessantemente conduzir o calor das frestas pelos canos que moviam meu íntimo e, por certo período, encontrei um equilíbrio. Estava bem, ainda que, estranhamente, aquela sala parecesse ficar cada vez maior e menos iluminada, ao passo em que o calor se tornava mais e mais sufocante.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Na cama, meu corpo já sambava como um ovo na frigideira, de um lado pro outro, como se o incômodo psíquico não pudesse se conter e contagiasse o corpo.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 24.2px; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 26.4px;">Fechei os olhos novamente. Tentei vasculhar os cantos da sala, em busca de alguma lembrança que me trouxesse alguma confirmação. Percebi que não via nenhum vértice ou parede. O canto havia sumido, embora o calor fosse o mesmo. Olhei para o chão e imediatamente vi a fresta. Nunca a havia olhado diretamente, me contentando com a luz que ela projetava nas paredes e no canto que conhecia. Pensei que, com o tempo, inevitavelmente todos os lados da sala estariam claros, aquecidos e, assim, poderia começar a mobiliar minha morada, do jeito que gostasse, encontrando aquele objeto que me dissesse, só de ver, no que sou melhor. Olhei, no entanto, ao redor e percebi que, agora, eu estava no centro da sala. A fresta aberta, com um centro largo que ia se restringindo nas borda ao redor do círculo, formando rachaduras no chão, fervia com chamas se elevando de um líquido espesso e brilhante, como lava. Não sei como, mas em meio a esta lava, eu via figuras, de uma inspetora, do cara que me chamava de Bombril, de desafetos variados... Vi, de relance, uma foto, daquelas tiradas nas antigas Polaroids, flutuando por cima da massa flamejante. Tomei um susto quando tive a impressão de que me vi. Estendi a mão, num impulso, para pegar e uma chama lancinante me queimou os dedos. Recuei. Voltei a olhar ao redor e, a exceção daquele centro luminoso e quente, a sala parecia não tem cantos, se estendendo indefinidamente para todos os lados até adentrar uma área escura. Fiquei curioso e me afastei um pouco da fresta. Senti a temperatura amenizar-se e, longe da extrema luminosidade, comecei a perceber que naquele escuro salpicavam diversos pequeninos pontos de luz distantes. A sala era muito maior do que eu pensava. Acostumado com o calor da fresta e da segurança que me supria, jamais pensei em olhar ao redor, enquanto a sala crescia. Tudo para mim respousava na expectativa de poder ver e, então, decorar minha sala. Notei que, mesmo um pouco mais distante da fresta e suas chamas, ainda estava quente demais e mesmo o chão mostrava rachaduras que se prolongavam por debaixo de meus pés. Não queria cair ali dentro. Puxei uma poltrona chamuscada e afastei até a borda da luz, muito mais longe do que aquele antigo canto ficava. Senti-me bem, aquecido, mas não muito. Via com muita clareza os tantos pontos de luz diferentes. Pareciam iluminar de cima para baixo diversas superfícies, algumas no mesmo nível que eu, algumas mais baixas, outras vazias, outras ainda pareciam ter pessoas, todas, no entanto, de cores diferentes. Ao lado da chama nunca pude ver isto. Sentei na poltrona que, estranhamente, na penumbra parecia ter perdido seu chamuscar. Ao lado dela, um bloco de notas e uma caneta. Virei de frente para uma daquelas luzes e me pus a imaginar. Cada página do bloco tinha uma seta e cada seta tinha uma cor diferente e apontava para um lado diferente.<br />Acordei de súbito. Eram 11 horas.</span></p>Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-89582707276799960622021-10-29T13:03:00.005-07:002021-10-29T13:03:21.500-07:00Viver na Periferia é uma treta!<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwF39M24GVzuI6u8ykajF5kvR1IKP3Hr1UyJXeXSHRgNY3T3cfEQbWDJlONF0l5m0aEYeAAy6-QT1nyevgOk52G8XgejDqg11-YT-bxS7m2W563MRgn0YinakfBpFMwA97Ff0PlnJ0PuI/s600/4927478652f46bb604eae53f706e93a3.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="315" data-original-width="600" height="168" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwF39M24GVzuI6u8ykajF5kvR1IKP3Hr1UyJXeXSHRgNY3T3cfEQbWDJlONF0l5m0aEYeAAy6-QT1nyevgOk52G8XgejDqg11-YT-bxS7m2W563MRgn0YinakfBpFMwA97Ff0PlnJ0PuI/s320/4927478652f46bb604eae53f706e93a3.jpeg" width="320" /></a></div><p></p><p style="text-align: left;"><br /> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">Viver na periferia é treta.</span></p><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Hoje em dia é comum a hipocrisia alastrada. </div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Afinal, aquilo que o sistema mais produz e que, invariavelmente, põe em questão a sua própria existência, quando não pode ser mais negado, deve ser integrado. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">É assim com o capitalismo. E não há nada que ele mais produza que a pobreza, as periferias, os rincões segregados e os indivíduos expropriados, sugados, atomizados, isolados, desprovidos de si mesmos.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Houve um tempo em que ser periférico, ou seja, trabalhador, morador dos indesejáveis, porém necessários, bairros de escravos assalariados, era um motivo de humilhação aberta, de sorrisos amarelados, de desqualificação moral e profissional. Falava-se nos corredores, agia-se nas salas de RH, erguiam-se barreiras sem pudores. O CEP e sobrenome limitavam abertamente.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Isso mudou. Uma das características marcantes da sociedade da troca de valores (ou dos valores de troca) é sua elasticidade. Até arrebentar, o elástico social, a cola social hipócrita do capitalismo ainda terá de ser confrontada por uma tensão sem trégua, nem precedentes. Não é o caso, atualmente.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Hoje, as fronteiras do consumo abarcaram a periferia. O CEP e sobrenome impedem promoções, contratações, acessos a mestrados, universidades, oportunidades, de forma maquiada, geralmente detrás de alguma razão muda.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">As classes médias e os filhos da burguesia se apropriam, consomem as gírias, vestimentas, trejeitos, produção cultural da periferia e geram seus legítimos híbridos sociais. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Nada disso é novo. Ao longo da história destes últimos séculos, a validação social da cultura do peão e sua mercantilização tem sido a regra. Blues, rock, rap, funk, jazz... </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">A escala e os resultados, no entanto, distoam.</div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">"Favela no topo; a favela venceu; pretos no topo; progresso pra firma", são os jargões da moda há bons anos. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">A peneira tem seus grãos. Estes, exasperados com seu aparente brilhantismo, atuam, con$cientes ou não, engrossando o discurso: "queremos representatividade, nosso lugar de fala, basta acreditar". </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">A periferia e a consciência dos peões nos guettos maquiados são inundados de desejos de grandiosidade, posses, ostentação, destaque moral e financeiro.</div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Todas variações do mesmo discurso da ilusão, a velha mentira liberal da Meritocracia. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Drones cortam os céus acima de morros com casas empilhadas entrecortadas por becos e vielas estreitas. Edições perspicazes tratam de captar o belo pôr do sol da aglomeração humana. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">A favela é transformada em patrimônio nacional, "diferencial comparativo" do turismo, atrativo para fotos, tours, caminhadas e, a depender do bom contato, de dia ou de noite, como boa fonte dos tão consumidos aditivos morais que ocupam papel nada desprezível na cartela do consumo pequenoburguês. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">É claro que o esgoto a céu aberto não aparece nos spots publicitários. </div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">É sempre uma bela tomada de uma serra de Mata Atlântica, praia do Rio de Janeiro, quando não de crianças correndo em ruas de terra, senhorinhas caminhando sorridentes, trabalhadores precarizados alegres, fazendo alguma entrega ou serviço enquanto acenam para a câmera. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">O velho mito do "brasileiro cordial" elevado a monumento cultural para o conforto do cliente. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">As tomadas agem em tempo futuro. O tempo do desejo. O desejo que as classes médias tem de expiar um remorso social herdado. De sair de suas estruturas regradas e sentirem um pouco daquela realidade que, ainda que dura, não deve ser tão amarga afinal. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Não será difícil para a emissora encontrar algum abobalhado que, com trejeitos embrutecidos ou simpatia injustificada, fale sobre como na periferia não existem "só coisas ruins", como é um lugar de "gente boa, apenas esperando uma oportunidade", "de cultura, arte e criatividade", ou seja, um ponto turístico desejável - e até invejável - para o cartel de viagens e experiências dos privilegiados. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Gringos, de dentro e fora do país (porque se existe uma Jaboticaba brasileira é esta figura do estrangeiro em sua própria terra natal, divorciado da realidade) afluirão feito ribeirão para as favelas, periferias, pancadões, mostrando em seus stories a consciência empreendedora, a criatividade econômica do povão, sua resiliência, essa palavra que age como tempero para a exploração. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Fotos, miçangas, milhares ou milhões de horas de conversas, vídeos do youtube e relatos serão erigidos para falar da doce hospitalidade dos pobres brasileiros, tão sofridos, mas tão gentis e batalhadores. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Assim se ergue o produto cultural, o nicho de consumo, perfeito para o Capital. </div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Toda a situação é muito sofrida, é claro, mas não deve acabar, sob pena de não suprir a demanda turística por "sentir a realidade" desse povo guerreiro.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">A empatia, o sentir a dor do outro, não é nada além de um artigo a ser apropriado, um Produto a suprir uma necessidade, até que essa se faça presente novamente.</div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">E sempre haverão pobres para suprir a ânsia por superioridade moral e chacoalhar a crise de identidade da playboyzada. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Ocorre que na periferia viver é uma treta.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Ninguém pára a tiazinha sorridente do spot para saber o que ela comeu no dia anterior. </div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Ninguém se importa se um bairro de periferia tem esgoto a céu aberto, ruas esburacadas, nenhum aparelho publico a não ser as incursões policiais, um posto de saúde superlotado ou uma escola caindo aos pedaços, tudo a 200 metros do bairro bacana da classe média, equipado com todas as comodidades da vida contemporânea.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Quando os poucos privilegiados, que chegam a obter algum lugar à mesa da patronal, eles mesmos se tornando patrões, falam sobre "a favela no topo" ou " a favela venceu", ajudando a criar e manter o consumo do produto Quebrada, estão, de certa forma, certos.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">O topo é isso mesmo. E chegando lá, a favela venceu de que forma?</div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Pelo macarrão com salsicha e, quando há sorte, feijão, que comem milhões de brasileiros trabalhadores? </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Pela violência policial, invasões domiciliares, execuções, que tornam ficções ridículas as garantias de "liberdade de expressão, de reunião, de pensamento, inviolabilidade do lar"?</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Pelos trabalhos precários em aplicativos, pela informalidade, pelos idosos vendendo panos de prato no farol, sorvete nas ruas, muambas no centro?</div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">No vagar cotidiano daqueles que ainda não desistiram de procurar emprego e se humilham pedindo para o motorista deixar entrar por trás no busão, pois não tem grana da passagem?</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Na realidade de milhões se pobres se acotovelando, amontoados em barracos ou casas precárias?</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">No individualismo e na competição brutalizada, fonte de mortes por banalidades todos os dias?</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Na desorganização e despolitização ena inexistência de um norte coletivo devido a luta feroz para poder sobreviver até o próximo mês?</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">No fundamentalismo evangélico alienante e intolerante, que transforma jovens em cordeiros fiéis da própria exploração?</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Na tirania da lei do mais forte, presente e dominante em todas as quebradas?</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Não.... Esta realidade não faz parte das fronteiras do consumo. Estes bastidores inconvenientes são colocados de lado ou, quando muito, mencionados com alguma frase condescendente sobre superação. </div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Esta amarga realidade é, inclusive, exaltada como a fonte geradora dos "gênios periféricos".</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">De fato, quando chegam as figuras da "elite periférica", autoexaltadas como gênios únicos, ao "topo", aos mesaninos da "high society", estão, em certo sentido, certos. O topo é assim mesmo, o terreno da hipocrisia.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">É claro, nem tão alto, pois os andares superiores seguem para os herdeiros das dinastias aristocráticas, escravocratas, que lhes proscrevem o acesso às maravilhas da vida burguesa bilionária. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">E sabe o mais surreal nisso tudo? Uma vez ali, a revolta que os toma não é a limitação do acesso de 9 em cada 10 pretos, pobres e perifericos, a esse topo. Não é a trilha de crânios pisoteados pavimentando uma vida confortável para poucos.</div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">É, justamente, a de não poderem, eles mesmos, os gênios, acessar tais espaços. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Brigarão raivosamente, arrastando a simpatia de parte dos explorados, por mais espaço, pela integração na sociedade de exploração, pelo seu direito de obter a auto-estima de ser um grande capitalista.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Seus ídolos não são os revolucionarios, mas os que jogam melhor o jogo. Seus sonhos não são coletivos, mas orbitam seus umbigos inflados. Seu horizonte é apenas seu, os outros "que lutem". </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Não, a periferia não é o lar das virtudes humanas. E eu tô farto dessa cantiga burguesa. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Enquanto tento me concentrar para escrever este texto, a vizinha liga o Malafaia, as nove e meia da manhã, no máximo. Entre gritos de louvores em línguas, num legítimo surto psicótico, manda seus filhos, crianças de menos de 6 anos, à merda enquanto lavam o quintal cheio de bosta dos cachorros. A bosta que eles ainda não comeram, por falta de ração. Abrupta, berra pelo mais velho - "filho da puta" - e chuta o cachorro com o focinho enfiado nas fezes. Em seguida começa a cantoria insana novamente.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">O marido, bêbado ou drogado, chega à porta de casa e manda o mais velho escorraçado chamar "a puta da sua mãe" e trazer a chave. Entra. Começam a se xingar - "puta, nóia" - e ouço batidas na parede, choros, berros. A vizinhança calada. Os passarinhos capturados pelo drogado cantam, como querendo fugir desse inferno. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">O bêbado sai tropeçando pro BBB da quebrada: a boca, o bar ou o bico. Deixa a merda do portão aberto. Os cachorros esfomeados sobem minha escada e começam a fuçar meu portão, tentando pegar a ração dos gatos, logo à frente. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Mais acima, um moleque, tatuado, óculos lupa, moto CG, bate a porta e, aos berros, expulsa uma menina com uma criança no colo. Outra criança sai correndo de dentro da casa, com uma faca na mão. O moleque xinga a mulher, que berra impropérios no mesmo tom. Uma mulher desce correndo e chamando o nome do cara. É sua mãe. Mulher e mãe tem o mesmo destino na boca do néscio: "Vão tomar no cú, vão cuidar da vida de vocês, leva essa criança pra sua casa, sua puta". </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Topo? Eu quero é dinamitar esse prédio, porra.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;">*</div><div dir="auto" style="font-family: inherit;">Este é o primeiro texto do projeto chamado "Prosas proscritas".</div></div>Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-82346047214398003422021-03-17T12:32:00.002-07:002021-03-17T12:32:58.517-07:00 O que mais é preciso pra percebermos que isso é uma GUERRA?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-HsKWP1LJ3bqu85VjMz-DvkcwRHNlTYO_mUiGMNxWmSz64GR9Gq2nwk1SdtxnviNYKlipAgFI1y64CnwnlbB9zq3aYyfFxqT2OlWJZO98xiXk_e9hl1DX4GXZUWx7mrOnLFD9oWsD07M/s524/66462078_2423186544408204_6572499585900478464_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="524" data-original-width="480" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-HsKWP1LJ3bqu85VjMz-DvkcwRHNlTYO_mUiGMNxWmSz64GR9Gq2nwk1SdtxnviNYKlipAgFI1y64CnwnlbB9zq3aYyfFxqT2OlWJZO98xiXk_e9hl1DX4GXZUWx7mrOnLFD9oWsD07M/s320/66462078_2423186544408204_6572499585900478464_n.jpg" /></a></div><br /><span style="background-color: white; color: #050505; font-size: 11.5pt;">O que mais é preciso pra percebermos
que isso é uma GUERRA?</span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">Vasculho mentalmente as opções de
como começar um texto em meio a esta situação. O esforço, excruciante, é
totalmente em vão.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Me somo a triste turba de colegas e
amigos que já não conseguem nem acompanhar os jornais, nem pensar em outra
coisa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por vezes 3000 mortos por dia,
noutras os recordes de 649 pessoas mortas em SP, ainda outra a taxa de uma
morte a cada 2 minutos nesta cidade. Informações rodopiantes que pressionam o
peito e engolem qualquer traço de esperança que possa surgir num futuro "estável"
nestas terras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">Abrir os jornais é para tanto dar de
cara com este absurdo, quanto uma fonte de surrealidade diária.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">É absolutamente desconcertante
assistir as declarações destes asnos vestidos de generais ou do criminoso
presidencial. Ao mesmo tempo, é repugnante a vagarosidade incompreensível, a
lerdeza, a pompa e etiqueta enjoativas, com que a mídia patronal de Globo, CNN,
record e afins discutem os "equívocos" presidenciais e os
"excessos da classe política".</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">Como se o ritmo da epidemia fosse um
detalhe e não estivéssemos num país cujos hospitais NÃO TEM MAIS VAGA,
colapsaram. Como se os enredos pessoais no Brasil não estivessem sendo
encerrados a taxas de 3 mil por dia. Como se 10 aviões boiengs ou 250 boates
Kiss não estivessem ocorrendo todos os dias. A vida, já sem muito sentido
intrínseco, inerente, em si mesmo, deixou de ter qualquer significado. Virou
uma ocorrência, um acidente, que “se eu tenho, tô no lucro”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não há outro nome para isto. E eu já
cansei de dizer qual é. Guerra, luta de classes, genocídio, tudo isso contempla
mas não expressa o sentimento.<br />
A classe dominante de nossos tempos, os patrões, não é uma classe uniforme,
homogênea. Ela (ou melhor, suas frações) se unifica, com todas as disputas que
existem entre si, quando tem de enganar aqueles que domina. As duas ferramentas
que ela tem são a enganação ou a repressão. Hoje, combina as duas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">Mantém a peãozada no cabresto dos
transportes lotados e mantém TUDO aberto (veja que fabricas, telemarketings,
todo tipo de estabelecimento produtivo segue aberto, mesmo na tal "fase
vermelha"). Se não trabalhar, não come. Entenda: se não trabalhar MESMO
QUE POSSA SE INFECTAR, não permito sua existência. E assim a turba caminha
feito gado para o abate.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">Se passar fome e decidir agir nas
brechas, furtar, roubar ou vender mercadorias ilegais, já sabe: a segunda mão
entra em cena. Repressão, prisão forjada, assassinato, espancamento. A vida
vale pouquíssimo, em geral, por aqui. Menos ainda agora. Se não te matarem nas
voltinhas dadas no camburão da Blazer, tossem na tua cara pra você morrer na
tranca. 40% dos presos nem julgados foi no Brasil. Entende? Ser preso, hoje, é
também pena de morte.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">Como consolo aos "bons cordeiros
da sociedade" mostram seu olhar paternal responsável e proclamam suas
"restrições" mentirosas e farsescas, pensadas pra passar uma sensação
de segurança e controle, não servem de nada. Fase vermelha. Igreja, culto,
role, festa clandestina, fábricas, transporte lotado, tudo aberto das 5h as
20h. O covid, respeitoso respeitador natural das regras sociais humanas,
aguarda e espreita para começar seu massacre após tal poderosa restrição.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">O mundo natural e o Covid estão,
desde março de 2020 na ofensiva, se adaptando, ficando mais letal e
transmissível, pouco se importando com as disputas mundanas e de classe entre
os humanos. Nestas, ainda temos de viver com a desesperança insuportável de uma
disputa entre o genocida gourmet e o genocida tiozão de boteco.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">Uns falando contra máscara e vacina,
outros sorrindo debaixo de sua máscara enquanto mandam batalhões e batalhões de
trabalhadores, aos milhares, se aglomerarem pelo sacrifício ao deus Lucro($).
Por detrás, o que lhes importa? Quem vai governar sob a pilha de ossos daqui 2
anos, em 2023. Essa é a verdade sobre Dória e Bolsonaro.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">A esta altura, qualquer um, já
aturdido, pediria por uma pausa no texto pra, quem sabe, olhar uma luz no fim
do túnel.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">É triste pensar nossa atual situação
pelos olhos da história. Nossa colonização já começou como um empreendimento
comercial, uma enorme empresa agrícola colonial voltada para proteger as novas
posses portuguesas e ajudar a sua nascente burguesia, fundida a aristocracia,
em sua disputa com os holandeses.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">Por aqui o problema do povoamento
sempre esteve ligado ao problema da mão de obra. Uma vez esgotadas as fontes
nativas, por outro genocídio de proporções similares, se resolveu o problema
com o sequestro de pretos africanos por 3 séculos. Como a produtividade do
trabalho se impunha de maneira tirânica e o capitalismo chegava a sua fase de
expansão mundial, o trabalho negro compulsório era substituído pelo
semi-compulsório e, mais a frente, pelo de pobres trabalhadores de origem
européia.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-size: 11.5pt;">Essa herança cultural, histórica e
social, deixou marcas profundas, vistas na enorme violência de classe cometida
contra os pobres e trabalhadores. O sinhô virou sinhô patrão, nos diria
Graciliano Ramos. E essa posição, mantida por séculos, maquiada e reforçada,
tem raízes psicológicas profundas. Não é coincidência o culto a ascensão social
e mobilidade através da ideia farsesca de meritocracia. Não é acaso o culto ao
patrão, a defesa selvagem da propriedade, o individualismo e enorme
agressividade em busca “do lugar ao sol” nestas terras. As ideias dominantes
são as ideias da classe dominante.</span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E esta nossa classe dominante, com as transformações que teve ao longo dos
séculos, nas idas e vindas da luta de classes, com as quais aprendeu, manteve
bem as bases de suas ideias.<br />
Também por isto não é de se espantar que hoje lidemos com movimentos antivacinas,
atos contra lockdown, empresários falando que “o povo deve se sacrificar pela
economia (deles)”. São as ideias que dominam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">De onde se esperaria uma saída, da ilustre e auto-definida “esquerda”, não se
vê nada. A história dos respiros recentes dos trabalhadores também não é muito
animadora. Veja, não é que não tenham existido ações de milhares, de massas,
coletivas. Existiram. No entanto, a história destes levantamentos se deu sempre
por dentro das margens estreitas desta tradição de dominação.<br />
<br />
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Todos os grandes respiros de
trabalhadores se deram ao redor de figuras messiânicas, quase (quando não
diretamente) religiosas, incorporando a ideia de que guiariam as massas
despossuídas a sua redenção e melhoria gradual da vida. Prestes, o trabalhismo
de Jango, o PT e Lula. Isso sem mencionar Getúlio Vargas que, sendo o provável
pai desta construção, não tinha a intenção de dar nenhum respiro, mas organizar
o cortejo: domesticar a revolta popular e fazê-la rodar nos trilhos da ordem. <br />
<br />
E todas, sem exceção, conduziram a traição e posterior piora de vida das massas
trabalhadoras. O PCB e o trabalhismo traíram aceitando, sem luta, a ditadura, o
PT e Lula pactuaram com os generais e entraram nesta democracia fajuta e, uma
vez nela, governaram com os herdeiros diretos (Paulo Maluf, PP (onde Bolsonaro esteve
durante todo o governo Lula), PMDB, todo tipo de fisiológico do centrão,
depois, Joaquin Levy, Bradesco, Itaú, etc, etc).<br />
<br />
Hoje, lendo o jornal, vejo na matéria ao lado que o centro do debate político é
a Vendetta de Lula contra Moro e sua “habilidade única” de articular aliados
para 2022. Um deles, leio atônito, Delfim Netto, o ministro da Ditadura
Militar, que, sendo um vaso tão ruim, nem na epidemia quebra. Pt e PCdoB, grande parte da "esquerda" brasileira e comandantes de duas das maiores centrais sindicais do País, CUT e CTB, agitam, não as fábricas e empresas com greves, mas redes sociais, com memes. PSOL se apressa a
dizer que é “lulalá” em 2022 e que, até lá, “vamos resistir”. Ciro balbucia
algum egocentrismo. O centrão se esparrama em verbas. O STF se lambuza em
nuttela e permite aos militares e Bolsonaro seu teatro. Vacinação 10 vezes mais
lenta do que necessário. Vírus mais letal. A primeira ou segunda maior cidade
da América latina COLAPSADA, vendo seus mortos aglomerados em contêineres.<br />
<br />
Sinto uma pontada no estômago. Qualquer sintoma que tenho me vem a enxurrada de
matérias na cabeça. Me transporto mentalmente para um leito de UTI. Ora como médico,
ora como paciente. Sinto o impulso de ver o oxímetro, de medir a temperatura. Está
tudo bem.<br />
<br />
Mas não está tudo bem. Um país que aceita 3 mil (de novo: TRÊS MIL)[DE NOVO:
TRÊS MIL PESSOAS, DEZENAS DE MILHARES DE HISTÓRIAS APAGADAS POR DIA(!!!!!)] sem
revolta, sem alarde, sem fúria, não está NADA bem. Uma sociedade que aceita ser
massacrada deste modo, é doente. <br />
<br />
Mais precisamente, NÓS trabalhadores que aceitamos que nossas organizações e
representantes tenham a INDECÊNCIA de falar em votos nessa situação; que tenham
a postura ARQUEROSA de dedicar esforços pra fazer teatro no parlamento ao invés
de lutar COM TUDO POR UM LOCKDOWN, que seja mantido CONFISCANDO dinheiro que
EXISTE nos lucros dos Bancos e das empresas; estão PROFUNDAMENTE doentes,
entorpecidos, abatidos e desconectados da própria realidade. <br />
<br />
O Brasil não é só inovador no mundo natural, formando novas variantes letais de
Coronavirus. <br />
<br />
No plano Social o Brasil apresenta ao planeta e à História suas mais tenebrosas
criações: No lugar da luta de classes, o MASSACRE DE CLASSE e a Reificação
absoluta.<br />
<br />
Queria ter algo mais gritante e expressivo do que um Caps Lock. Não tenho. E
menos ainda um final textual de mais impacto. Se assim o quiser, faça como eu:
Leia os jornais.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></p>Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-71752193338859007032020-11-21T10:51:00.000-08:002020-11-21T10:51:02.584-08:00O dia em que a urna parou<p> O DIA EM QUE A URNA PAROU</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1u68ryTNqZ7n5lcP7iMzDhKLDbZiNT7jk2lXfv-U5fZCUNCWhTz3KY2Vhk1n_KEAyLtcK5YONSsepE6JUCOaMn24VRWzfBTGzu6h6HWC_27uq_tIsUEPLyeM3jwvmj2XJNW5IXNvxcmU/s702/images+%252819%2529.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="437" data-original-width="702" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1u68ryTNqZ7n5lcP7iMzDhKLDbZiNT7jk2lXfv-U5fZCUNCWhTz3KY2Vhk1n_KEAyLtcK5YONSsepE6JUCOaMn24VRWzfBTGzu6h6HWC_27uq_tIsUEPLyeM3jwvmj2XJNW5IXNvxcmU/s320/images+%252819%2529.jpeg" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p><p>O quanto é necessário pra ser a gota d'água? Pra derramar o balde de insatisfação, desespero, sofrimento e raiva?</p><p><br /></p><p>As vezes é sou um vídeo. Mas não um vídeo qualquer. João Alberto foi espancado até a morte, no Rio Grande do Sul, por seguranças da rede bilionária de supermercados, Carrefour. Um dos espancadores possuía o "know How" do ofício genocida: era um policial militar. </p><p><br /></p><p>Um dia antes do dia da consciência negra. </p><p><br /></p><p>No dia seguinte, o vice presidente do país, General Mourão, afirma, "com toda tranquilidade", que não existe racismo no Brasil. Detrás de todo o aparato estatal que as quatro estrelas lhe proporciona, tripudia, com tranquilidade, de mais esta morte banal.</p><p><br /></p><p>Tão banal quanto a de Cláudia, João Victor, Douglas, a menina Ágatha e tantos e tantos outros e outras, cujas características unitárias são evidentes: pobres, trabalhadores e pretos.</p><p><br /></p><p>Talvez instigados pela hiperconexão contemporânea, que liga instantânea e cotidianamente nossa realidade racista às notícias dos protestos contínuos desde a morte de George Floyd, em diversos Estados dos EUA, ou simplesmente já fartos de tanta espera e sujeição, parte das manifestações no dia da consciência negra radicalizaram-se. </p><p><br /></p><p>Chutaram o pau, a barraca e as promessas de "pesos e contra-medidas" moderadores da democracia dos ricos e se lançaram a queimar e depredar lojas da rede, aparentemente, intangível, Carrefour. </p><p><br /></p><p>Cenas lindas de ódio, indignação e raiva circulam a internet, trazendo algum alento e esperança de que, enfim, as coisas podem mudar.</p><p><br /></p><p>Nas eleições, o recado também foi claro, a quem quiser, é claro, extrapolar o autoengano e ver: 30% dos brasileiros no país e 40% dos paulistanos não votaram em ninguém. Uma cifra enorme, que acompanha a série histórica de crescimento das abstenções, nulos e brancos. </p><p><br /></p><p>O significado é nítido: mergulhados na luta pela sobrevivência, esmagados pela exploração econômica e cansados das mentiras de uma falsa igualdade política, massas de milhões de brasileiros dão seu grito mudo, demonstrando a crise de representatividade e legitimidade do regime democrático liberal. </p><p><br /></p><p>Não surpreendem, no entanto, as narrativas que se seguem no mal chamado "campo progressista", esse conjunto difuso e vazio composto por aqueles "representantes do povo" sempre dispostos a surfar a insatisfação popular para, neutralizando-a, conduzi-la a votos que lhes garantam seus privilégios e acesso aos cargos de gestores do capitalismo.</p><p><br /></p><p>Para um destes representantes, sempre o mais descarado porta voz do oportunismo eleitoreiro, todo esse quebra quebra deve ser apurado. </p><p><br /></p><p>Maringoni, quase pedindo a prisão dos que quebram as lojas, afirma ser muito estranho nas vésperas da eleição tamanha revolta e que isso deve estar a serviço de desestabilizar as candidaturas Boulos e Manuela D'Ávila, candidatos a São Paulo e Porto Alegre pelo PSOL.</p><p><br /></p><p>Nada de novo. Em 2013/14 estes representantes foram na mesma linha da política já conhecida de dividir e conquistar: "os atos são pacíficos até que são 'infiltrados' por Black blocs violentos e terroristas". </p><p><br /></p><p>Isto no Brasil.</p><p>Ora, quem em sã consciência poderia esperar uma revolta desse tipo após mais uma morte banal? E ainda logo antes das eleições? Só pode ser a direita! E mesmo se não for, são os inconsequentes, sectarios, violentos, tresloucados, estes que tem de ficar no ostracismo social, bem longe de nossas vidas. Justo aqui? 50 milhões de informais, 15 milhões desempregados, centenas de milhares de mortos pelo vírus, dezenas de milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza e fome... É ruim, mas não é pra tanto... Será que só isso é a motivação pra quebrar umas vidraças e queimar uns Elma Chips? Desconfiam e pedem apuração...</p><p><br /></p><p>A conclusão é que, atrapalhando os pacíficos, devem ser expulsos e denunciados, ou seja, "com a gente lidem com a política, com eles, com a polícia". </p><p><br /></p><p>Não importa que morram de fome. Não importa que sofram no desemprego. Não importa que percam pais, mães, filhos, tios, avós para o vírus (aliás, LOCKDOWN pra salvar vida de peão, pra essa gente que quer votos do empresariado "progressista", nem pensar!). </p><p><br /></p><p>Não importa nem que estes sejam os próximos a morrerem espancados, fuzilados, estuprados, executados, na porta de mercados, nos becos dos morros, nas periferias e nas ruas, pelo Estado e o Para-Estado.</p><p><br /></p><p>Como não podem entender que vencer uma prefeitura está acima disso? Como podem sucumbir a tamanha irracionalidade e raiva?</p><p><br /></p><p>Vivemos em mundos divorciados e cindidos. </p><p>A epidemia elevou está conclusão a quem quiser ver. </p><p>Para uns, tudo se trata de conduzir o ódio popular para as vias institucionais, para a vida política oficial, o sufrágio e a legitimação do regime político (e seus objetivos materiais pessoais). </p><p><br /></p><p>Não é surpreendente que tenha sido em governo destes senhores que a lei de drogas (2006), responsável por prender milhares de milhares de jovens negros com pequenas quantidades de droga ou muitas vezes sem nada, nos autos forjados, tenha sido aprovada como concessão as elites temerosas de uma revolta preta. </p><p><br /></p><p>O fato é que estes não querem mudar nada. O teto da proposta destes "amigos do povo" é se proporem governo com uma cara de esquerda para, uma vez lá, governarem, com uma cara de centro, junto de todos partidos de direita que queiram compor a "governabilidade", dando todos os benefícios e privilégios aos ricos burgueses, aprovando suas leis draconianas (de drogas de 2006, antiterrorismo, etc) e, no caminho, engrossando suas pretensa biografias de estadistas aburguesados. </p><p><br /></p><p>A mudança, no entanto, está do outro lado. Está na chama que arde. Dentro do Carrefour e no coração de cada preto e branco pobre e trabalhador que começa a perder a paciência e que, da indignação inssurreta com esta morte nada banal, passa a enxergar o que importa, além do teatro eleitoral. </p><p><br /></p><p>Desta compreensão, podem surgir os frutos mais valiosos da luta de classes. Aqueles e aquelas que entendem que tudo tem a ver com o poder. E o poder, este centauro, só se impõe pelo consenso ou pela ameaça ou uso da força. </p><p><br /></p><p>E para chegar ao poder, das ações radicalizadas e impacientes, virão conclusões radicalizadas sobre que força é necessária para obter o poder real e que sociedade e regime político NOVOS queremos. </p><p><br /></p><p>Disto, pacientemente, cada preto e preta, trabalhador e trabalhadora, desprezando o teatro patronal, essa forma de domesticar a insatisfação em uma urna eletrônica, com promessas de um futuro que nunca chega, construirá uma nova sociedade, das cinzas de tudo - e todos - que tem de queimar para isso. </p><p><br /></p><p>Que os canalhas oportunistas esperneiem. Um saque, uma queima, um quebra quebra é muito pouco perto da conta que nos devem. </p><p><br /></p><p>Nós queremos mais. </p><p>Quereremos a tua alma, Capital.</p>Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-59939977297337244792020-06-27T09:16:00.000-07:002020-06-27T09:36:54.249-07:00Elegia a dona Maria<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIxO8Eqq8uYu28vuOHWLEPXkmEadzs-5WS-fxl8Xr7M0MNImLbFJIr14opusR-5uQsXTHSQLdLgy2AHmhyNRuvFh2Q3VDD0GgMJqBnEvCTj_OoJDGzRPu11K-72yWNWhVej4VeZEYLXFE/s1600/images+%252817%2529.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIxO8Eqq8uYu28vuOHWLEPXkmEadzs-5WS-fxl8Xr7M0MNImLbFJIr14opusR-5uQsXTHSQLdLgy2AHmhyNRuvFh2Q3VDD0GgMJqBnEvCTj_OoJDGzRPu11K-72yWNWhVej4VeZEYLXFE/s320/images+%252817%2529.jpeg" width="320" /></a></div>
<div dir="ltr" id="docs-internal-guid-06e11585-7fff-12f5-c470-5bf1071fd205" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
Elegia a dona Maria.<br />
<br />
Quando chegamos aqui, muito antes da interdição, dona Maria nos recebeu desconfiada.<br />
Do alto dos seus 90 anos, deve ter visto muita coisa. Passamos pelo portão e soltamos aquele bom dia de passagem, escoltados pela cabecinha idosa que seguia nossos passos até o final do corredor, balbuciando algo que não conseguimos entender.<br />
<br />
No fundo, uma família, daquelas sisudas, estranhas, tipicamente disfuncional, pronta - e desejosa - pra foder alguém.<br />
<br />
Não tinha nenhum luxo, mas encontramos nosso cantinho num dos 4 cômodos espremidos entre casas, tentando decifrar, como em toda mudança, os sinais dos arredores.<br />
<br />
A família, estranhíssima, era dirigida por uma mulher, cabisbaixa, silenciosa, mas sempre atenta e observadora. Passava, dia após dia, por nosso portão sem falar nada. Quando, insistentes, lançávamos um tímido cumprimento, o soslaio ou silêncio reativo eram o máximo que alcançávamos. Deixamos de cultivar aquela postura padrão de cordialidade e se instalaria, nos meses seguintes, uma justificada beligerância silenciosa.<br />
<br />
Triste. Ainda mais porque, na defensiva, não notaríamos a tempo que aqueles olhares, dessa vez não dos fundos, mas da frente, baixinhos e atentos, de Dona Maria, eram a expressão de um fio de apego a vida, uma curiosidade serena que se agarra ao fio de vitalidade, como de quem quer saber, entender, conhecer e até cuidar do outro.<br />
<br />
Só fomos entender quando, lá pela quinta ou sexta passada ao lado da casa da frente, escoltados pela mirada penetrante, dona Maria nos chamou e ofereceu um bolinho, delicioso, recém comprado, provavelmente com o pouco dinheirinho que lhe restava para sobreviver ao fim destas 9 décadas.<br />
<br />
Isso desarmou nosso estado. Conversávamos a cada nova passada, víamos o jardinzinho bem cuidado, as dezenas de plantas de diferentes espécies, regadas com esmero por aquelas mãos enrrugadas e atenciosas e trocamos bolinhos nos fins de tarde. Nos falava dos cocôs dos gatos da vizinha da frente, das plantinhas, da sua dor nas pernas, de suas caminhadas pelo bairro, sempre muito apressadamente, no corredorzinho que ligava nossas moradas. Nos levou uma vez um frango assado, delicioso, que tratamos de responder a altura, com um bolo de cenoura com cobertura de chocolate, que recebeu com aquele sorriso esforçado de portuguesa, com seus olhos espremidos entre as rugas volumosas.<br />
<br />
Percebemos que, daquele gesto, quase uma relíquia comportamental esquecida, de carinho e troca, de um tempo passado, um tributo de amizade, Dona Maria queria viver, sentir-se viva e, assim, via sua vida através do outro, neste caso nós, estranhos, aos quais ela estava disposta a estender as mãos, mesmo que não tivesse muito a oferecer.<br />
<br />
Em certo momento, a família dos fundos começou uma mudança. Foram para a casa do terreno ao lado lá na frente. O único que se comunicava conosco, o pai, mais velho, com feições trabalhadoras e uma fala que se desenrolava meio que sorrindo, meio envergonhada. Vivia tomando esporros da mulher, seguidas de um silêncio e da saída do filho mais velho e da filha do meio, ambos já jovens adultos. Vez ou outra víamos o caçula, quieto e retraído, correndo pra lá e pra cá no quintal dos fundos e, nos dias de mudança, passando, sempre curioso, nos olhando pela portinha de casa. Quando percebíamos que nos observava, ele corria derrepente, desviando o olhar. Devíamos ser pintados pela mulher como algum tipo muito estranho de seres humanos, o que, naturalmente, iria despertar a curiosidade e o receio naquele moleque.<br />
<br />
A casa do fundo ficou vaga, o silêncio mais presente, mas sempre ainda podíamos contar com o olhar atento e as conversinhas agradáveis de dona Maria. Com o tempo, nossa hostilidade foi diminuindo e se tornando um conforto seguro, do qual tanto precisávamos.<br />
<br />
Vez ou outra, como não podia ficar só, vinha à casa de dona Maria uma mulher, também mais velha, lá pelos seus 60 anos, limpar e cuidar dela. Fomos descobrir depois que era sua filha. Ouvíamos o som do aspirador, sentíamos os cheiros da comida nos domingos e começamos a ser cumprimentados também pela filha sempre que passávamos pelo corredorzinho. Era uma pessoa sorridente, bem humorada, mas com um que meio estranho, distante, até meio melancólico.<br />
<br />
Foi numa noite. Não lembro se num fim de semana ou num dia normal.<br />
<br />
Ouvimos na porta de casa nos chamarem. A filha, num ritmo lento e estranho, nos dizia que precisava de ajuda. Dissemos olá e perguntamos se estava tudo bem.<br />
Dona Maria tinha caído nos degraus da frente de sua casa.<br />
<br />
Corremos pra meter uma bermuda e roupas, abrimos o portão apressados e fomos pelo corredor. Já era noite.<br />
Na porta de casa, dona Maria estava lá, de costas no chão, com metade da cabeça no jardim e os pés encostados no primeiro degrau.<br />
<br />
Tomamos um susto enorme. Estabilizamos sua cabeça, seguramos firme seu corpo e fomos levantando pouco a pouco. Ela balbuciava, com seu sotaque português, alguma coisa sobre o portão frouxo, sua filha ser irresponsável, dor nas costas e outras coisas indicerníveis.<br />
<br />
A levantamos pouco a pouco e fomos entrando por sua casa. Nunca estivemos lá. Era uma casa de vó, com armários de cozinha azuis, mesinha no centro de pernas de metal, com pisos que lembravam minha casa na infância.<br />
<br />
A colocamos sentada. Nos pediu uma pomada em seu quarto. Lá vimos uma foto bonita, preto e branco, não sei se dela ou da filha, em cima da cômoda.<br />
Nos pedia para passar a pomada em suas costas, que bateram no chão e ver se estava sangrando sua cabeça.<br />
<br />
Fizemos com cuidado e vimos que não estava. Durante todo o tempo em que estivemos lá, quase uns 20 minutos, a filha desapareceu.<br />
<br />
Acalmamos nossa velhinha, passamos mais pomadas, tranquilizamos e a colocamos no sofá. A filha, então, retornou. Teimosa, dona Maria ouviu dizermos pra ela ir ao hospital, já que uma queda, nesta idade, é séria. Não quis ir de imediato, mas parecia estar disposta. Queria dormir. Nos deu um abraço e, antes de sair, falamos com a filha pra levá-la, nem que no outro dia.<br />
Nos falava sobre a teimosia da mãe, explicou por cima que ela tinha escorregado e agradeceu.<br />
Ficamos preocupados.<br />
<br />
Essa seria a última vez que veríamos dona Maria.<br />
<br />
Algumas semanas depois, fomos saber que sofrera outra queda, desta vez dentro de casa. A filha nos contou, numa das passadas pelo corredor, que estava no hospital. Não tinha ido quando da primeira queda e, após a segunda, sentia fortes dores de cabeça.<br />
Até perguntamos se estava recebendo visitas - e se estivesse gostaríamos de vê-la - mas não quisemos insistir, já que a família provavelmente estava ocupando todos os horários.<br />
<br />
Daí pra frente tudo foi ficando mais estranho. A cada nova passada pelo corredor, um bom dia sorridente e formal, agora da filha. Nas primeiras vezes perguntávamos como estava Maria, ao que nos respondia que estava internada, mas que não ia visitá-la há dias. Achamos muito estranho a combinação.<br />
<br />
Com o passar dos dias, fomos percebendo que estávamos sendo evitados. Não mais aparecia na janela e, com as semanas passando, dona Maria não voltava e não tínhamos mais notícia. Supusemos o pior.<br />
<br />
Pior este confirmado quando, numa das passadas de corredor, ouvimos, de rabo de ouvido, a filha contar para a mulher da família, agora no terreno da frente, sobre o falecimento de Dona Maria. Ficamos tristes. Por tudo. Por não saber, não ter como ajudar, não ter sido avisados…<br />
Mas não havia o que fazer.<br />
<br />
Pouco tempo depois, se abateu a interdição. Preocupados com nossa própria segurança, organizávamos os meses que se seguiriam, buscando comprar e organizar nossa própria vida.<br />
Num destes dias de preparação, ouvimos uma discussão na casa da frente. Era um homem, nervoso, gritando aparentemente com a filha e dizendo que ela deveria sair da casa o quanto antes. Não entendemos bem.<br />
<br />
Nos dias seguintes, percebemos alguma movimentação entre a casa da frente e a de trás, mas, ocupados como estávamos e ainda trabalhando, não entendemos de início. Estranhamos quando, depois de um tempo, percebemos a casa de Dona Maria vazia.<br />
<br />
Seguimos em nossa interdição, dia após dia, morte após morte, ansiedade atrás de ansiedade, sem saber quando acabaria.<br />
<br />
Após algumas semanas começamos a ouvir alguns barulhos estranhos vindos da casa dos fundos.<br />
Estranhos, já que não havia luzes nem ruídos muitos altos.<br />
<br />
Foi apenas após 3 meses de reclusão que percebemos o que acontecia. Nos fundos, víamos a filha, vez ou outra, espiar pelo corredor, quando entrávamos e saíamos. De alguma forma estava vivendo lá, sozinha, sem luz e isolada.<br />
<br />
Quando percebeu que a víamos, começou a sair. Achamos de início que para trabalhar, mas percebemos que os horários batiam com o do bom prato da região. Nas poucas vezes que cruzávamos, nos sorria e dava bom dia, sem tocar no assunto de dona Maria ou de sua própria condição. Mais semanas se passaram.<br />
<br />
Num fim de semana qualquer foi quando percebemos, de fato, o que se passava. Ao sair de casa, alguns homens entraram no corredor pra ver as casas e, ao chega na casa dos fundos, falavam alto com alguém no telefone que havia ali um cadeado. Tentar tirá-lo, antes de tentar arrancar alguma coisa de nós que, de fato, sequer sabíamos de nada. Foram embora.<br />
<br />
A filha provavelmente estava, nos seus 60 anos, pelo menos 3 meses ocupando a casa e sobrevivendo como podia.<br />
Não tardou a tragédia a retornar.<br />
Numa manhã comum, um homem batia em nossa porta. Saímos pra ver e perguntar o que queriam. Já conhecíamos o tipo.<br />
<br />
Se identificou como policial e começou um interrogatório incisivo sobre quem morava ali. De pronto, já que não somos afeitos a colaborar ou se submeter a estes tipos, fincamos em vozes firmes que não sabíamos de nada e que nós apenas morávamos ali. Ligue a imobiliária e procure saber.<br />
<br />
Ao perceber nossa firmeza, baixou o tom e balbuciou alguma banalidade sobre os perigos de ocupantes, terminando a nos dizer que estavam ele e sua delegacia a "disposição" caso percebêssemos algo estranho. Foi embora, mas não antes de quebrar o cadeado e jogar todos os poucos bens na casa dos fundos no meio do corredor.<br />
<br />
Mais a noite, ouvimos outra voz. Era a filha, em prantos, dizendo que o pior tinha acontecido. Não estava bem. Falava versões contraditórias sobre os motivos, que sequer sabia quando sua mãe falecera, sobre a família que abandonara, como não podia voltar para sua cidade natal.<br />
<br />
Não tínhamos como ajudá-la muito. Oferecemos um dinheiro para passagem ou um hotel para descansar e preparar seu retorno ou pedir ajuda a algum amigo e familiar. Nos agradeceu muito, mas disse que iria para a rodoviária, ver o que fazer.<br />
<br />
Tão rápido quanto tudo ocorreu, ela se foi, deixando suas panelas, um quadro de Santa Terezinha e um colchão, ensopado da chuva que tomou na noite em que ficou exposto.<br />
<br />
Semana passada, uns pedreiros entraram no corredor. Arrancaram todas plantinhas, ensacaram os pertences, jogaram na frente do portão lá fora e por fim, cimentaram o outrora chão, tão nutritivo e que recebera tanto cuidado de Maria. Só restou o quadro, espremido num canto de parede.<br />
A família, atenta a tudo, depois disso se trancou. Vez ou outra o menino aparece numa janela embaçada, sumindo quando é visto.<br />
<br />
O corredor voltou a ficar vazio.<br />
E agora ninguém mais espia nossa entrada.</div>
Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-76917444001138654092020-06-24T09:38:00.002-07:002020-06-24T10:12:03.080-07:00A volta dos que não foram.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyCeOb1q_64ZrBUHGZvrvWO-7pPRXlbuUgwg-IC58jWmL_k79y_kpQVf1pOrPt7xYKGy78d3iXbgT-uBeNBmGsWboAxVXYZoOQlfeg8apGNmySDg0dpYA6Qx5NreGEykQfmR4Fs6U3hjc/s1600/images+%252815%2529.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="438" data-original-width="701" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyCeOb1q_64ZrBUHGZvrvWO-7pPRXlbuUgwg-IC58jWmL_k79y_kpQVf1pOrPt7xYKGy78d3iXbgT-uBeNBmGsWboAxVXYZoOQlfeg8apGNmySDg0dpYA6Qx5NreGEykQfmR4Fs6U3hjc/s400/images+%252815%2529.jpeg" width="400" /></a></div>
<div dir="ltr" id="docs-internal-guid-e31bbdf9-7fff-66c2-eb07-91884d076adb" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">O sentimento de angústia é uma entidade familiar dos brasileiros há uns bons anos.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em particular para aquela pequena franja de trabalhadores que, pelas casualidades da vida, tiveram contato com os meios intelectuais de esquerda e que buscam interpretar uma saída para todo o beco histórico - ou talvez seja melhor chamar de poço - em que nos encontramos. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Entre os trabalhadores mais distantes desse privilégio, a realidade se apresenta como uma sucessão de decepções, sem saída. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Para uma geração mais antiga - aquela que viveu os anos "dourados" da luta operária dos 70 e 80 - tudo passou rápido demais de uma esperança de melhoria de vida gradual, concretizada pelas promessas da chegada do PT ao poder nas eleições de 2002, a um desmoronamento vertiginoso das condições de existência, de 2016 para cá. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A reestruturação completa das relações de trabalho, colocando o país de forma aprofundada na trilha do novo mundo do trabalho, em que trabalhos com direitos são a exceção e a regra são os cargos precarizados, intermitentes, informais e sem direitos, com baixíssimos salários, diminuindo drasticamente o preço da força de trabalho brasileira; o fim trágico do direito, para a atual e futuras gerações, ao mínimo mecanismo de solidariedade concretizado na aposentadoria; o enorme desemprego estrutural e permanente; todos estes cenários impensáveis durante os anos de governos PTistas, surgem como uma realidade amarga.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Alterações históricas gravíssimas das relações entre as classes acontecem diante de trabalhadores que, golpeados pelas consequências históricas de uma reestruturação preventiva constante do capitalismo, mal percebem com clareza como se dá sua fragmentação, se enfraquece sua força objetiva na produção, se dividem suas formas de viver e ver o mundo e como, em suma, são divididos e conquistados.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A profundidade da derrota histórica do fim dos Estados que, por burocratizados que fossem, eram a expressão histórica e um fio de continuidade de um outro mundo possível, uma outra forma de relações sociais e produtivas criado pelos debaixo, atinge em cheio a estes trabalhadores.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A desmoralização, o hedonismo, os vícios descontrolados, o crime, o suicídio, a fuga, todos fenômenos humanos e sociais presentes em geral na história, são amplificados e tornados vias de vazão de uma profunda angústia social. Está instalado um profundo mal estar que se agrava dia após dia. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Todos sabem que nada está certo, mas ninguém acha que algo vá mudar. Ou que possa mudar.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A atomização, o individualismo e a prostração são os sinais do adoecimento social dos oprimidos - e também das classes médias - contemporâneos , cuja única realização de sociabilidade é através do consumo e sua ostentação.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Assim, não surpreendem as filas em shoppings em meio a maior epidemia do século.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Como consequência, se produz um retrocesso organizativo, ideológico e da consciência de classe profundos, base desta angústia e sentimento de beco sem saída. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se perde a realização do potencial unificador de uma identidade de classe explorada contra uma minoria exploradora, inescrupulosa e parasitária, se dissolvendo no profundo mecanismo divisor das subjetividades dos, nem tão outrora assim, chamados proletários.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ressurgem as caricaturas infantilizadas que, tal como espantalhos, auxiliam no processo de confusão e desmoralização planejadas dos debaixo.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A velha tática de demonização do dito comunismo, dos "vermelhos" autoritários, sádicos e abortistas encobre os verdadeiros sádicos, parasitas e autoritários no exercício de um poder voltado a, numa fase de decadência capitalista, uma concentração de capitais, de riqueza, nunca antes vista nas mãos dos mega bilionários. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Qualquer ficção de democracia é pisoteada pela realidade de um país capitalista atrasado como o Brasil, onde 104 milhões vivem com 413 reais e 68 milhões sobrevivem de alguma maneira na informalidade ou desempregados, todos estes bombeando riqueza sugada por uma minoria de bilionários gozando paraíso terreno, em cima de cadáveres de 50 mil mortes (até agora e em dados oficiais), evitáveis, por Covid19. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Esta angústia conduziu milhões de uma enorme crise de representatividade, com eleições atrás de eleições de aumento em votos nulos e abstenções, para a demagogia "antisistêmica" prometida por Bolsonaro e sua gangue de protofascistas.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma vez enterrada a esperança vendida pelo PT graças aos tempos excepcionais de crescimento econômico, sugada para dentro do Estado e de seus programas sociais, o caminho da destruição econômica na colônia, exigido pelos países imperialistas, pegou estes proletarios desprevenidos. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Imperialistas? Um termo tão século 20... Com consequências tão presentes no século 21. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nossa economia, dependente e submetida em todo o fundamental, é retalhada e reorganizada de acordo com os planos dos grandes monopólios estrangeiros. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Programas sociais cancelados, recursos cortados, Petrobrás é afundada, Embraer quase entregue aos estadunidenses, globalplayers da construção destroçados, grandes exportadores de carnes absorvidos pelos capitais gringos. E no fundamental, seguimos exportadores de bens agrícolas, minerais e de pecuária, enquanto fazemos valor fluir para as metrópoles comprando todos bens industriais e tecnológicos que vendem. Uma semicolônia, formalmente independente, na prática com sua administração controlada pelos estrangeiros.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Do vampiresco Temer, só se produziu tragédias, num regime ainda mais carcomido, fruto de mais um golpe de Estado realizado por frações burguesas que cansaram de esperar e decidiram governar diretamente, sem gerentes vermelhos, atendendo as ordens de Washington e cia.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sempre projetando sua sombra sinistra, por 13 anos debaixo das asas dessa progressismo avermelhado petista, militares mantiveram sua parte no banquete. Isentos dos efeitos das reformas, sugando vorazmente os recursos públicos através de pensões , soldos, auxílios e penduricalhos, a nova república foi um bom negócio. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Trocaram incertas consequências da politização dos trabalhadores, tão perigosa para os interesses empresariais, nos anos 80, por alguns anos de trégua e "banho maria". </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Perdoadas, por lei, as atrocidades cometidas, se tratava de corroer a memória histórica, pouco a pouco, sob as asas daqueles contra os quais combateram na época das guerrilhas e greves. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Voltam a falar abertamente em revolução de 64 como marco democrático e demonstram, após 40 anos, a tutela em sua forma mais plena, acenando com um pretenso papel moderador militar, cuja fonte, não surpreendente, não é o voto, mas o monopólio das armas. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tal como um russo inteligentíssimo diria, afora o poder, tudo é ilusão.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E os fardados brasileiros, estes sim legítimos mamadores das tetas do Estado e, também, de uns biquinhos estrangeiros mais ao norte, nunca se deixaram iludir. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em momentos chave, atenderam ao chamado da nação, ou mais propriamente de FHC, para acabar com a baderna dos operários da CSN. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nunca fugiram a luta de aplicar, com esmero e dedicação, a ordem democrática materializada na novíssima lei de drogas de 2006, esta atualização da Lei da vadiagem contra os pretos nos fins do século 19, aprovada pelos progressistas Ptistas e mantida pelos reacionários de todas as cores, sempre que convocados aos morros e favelas. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Como é preciso "mexer os músculos", cumpriram seu dever cívico democrático de levar a civilização ao barbarizado Haiti, destroçado por tragédias naturais e sociais, novamente seguindo as orientações da ONU/EUA e com a condescendência dos progressistas da estrela vermelha. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma verdadeira "escola de guerra" de abate de civis, infiltração psicológica, ocupação militar e, ocasionalmente, um pouco da boa e velha degeneração moral tão familiar as casernas e ao alto oficialato de qualquer Estado Burguês. Afinal, como manter ativo, em tempos de paz, o espírito de combate das tropas sem uma chacina aqui, uma troca de alimentos por sexo oral ali, um estupro e execução acolá....?</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Os "filhos de caxias", então, eternos injustiçados, eram novamente convocados a seu papel moderador, eternos mantenedores da paz, cumprindo seu dever nos eventos históricos - de corrupção e sucção de recursos - da copa de 2014, olimpíadas de 2016 e, por fim, na malfadada, porém bem vendida, intervenção militar de 2018, no RJ. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Respaldados pelos instrumentos normativos da modernidade condensados na lei antiterrorismo aprovada por, vejam que surpresa, novamente os progressistas vermelhos (talvez objetivando eliminar alguma célula da Al Qaeda em terras Tupiniquins, jamais imaginando ser essa uma arma contra o povo), puderam enfim aplicar as lições da escola haitiana para impedir a decadência e desintegração em sua terra natal.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Heleno, Braga Netto, Villas boas, Luiz Eduardo Ramos são todos criaturas do pacto de 79, este desvio da progressão de lutas populares, uma trégua resultante da covardia e traição, da lei de anistia e da escola do Haiti, uma ocupação imoral e assassina, pensada para arrancar daquele povo qualquer idéia de emancipação, vendida como "missão de paz" pelos "democratas" pequeno burgueses brasileiros.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">No governo que se gaba de ter "feito história", encontraram refúgio em Lula e Dilma, os quais fizeram mesmo história pela covardia de 13 anos no poder sem realizar nenhuma reforma séria, seja na estrutura militar, tributária, agrária e por aí vai… </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Os torturadores que não morreram, de velhos, em seus condomínios de praia, tiveram tempo o suficiente para conspirar - e ensinar - com liberdade total de ação.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em Bolsonaro encontraram a janela de oportunidade para a redenção, a chance de, enfim, limparem suas fardas, com boas ações de falsificação histórica, do sangue derramado e, reeditando a repetitiva história brasileira de assaltos militares ao poder travestidos de "moderação", posar como os guardiões da democracia.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Para isso, auxiliados pelos pupilos da nova geração, tão tacanhos quanto seus mestres, contam com as armas da modernidade e o expertise dos papais do norte. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Lotam os escalões governamentais de militares, impõe e articulam projetos de lei de vigilância digital total, com CPF em redes sociais e monitoramento permanente de navegação pelo governo através dos provedores de internet e, por fim, deixam claro que em sua democracia, quem fala por último são as armas. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tomam o poder de fato.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O oxímoro brincalhão ganha corpo em toda a história da nova república, uma democracia de fachada, tutelada pelos milicos sempre a espreita, mantida por uma guerra civil maquiada contra pretos e pobres, num regime político democrático fictício, que pinta uma falsa igualdade formal de todos perante a lei para maquiar uma sociedade dividida entre explorados e exploradores, onde a única realidade é a desigualdade real diante da propriedade e da legalidade burguesas, capitalistas.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Obviamente, um regime que é embelezado pelos bonitos discursos da "ouvidoria do capital", esta nova velha esquerda no comando da maioria de organizações como PSOL e Cia, sempre pronta a conduzir a indignação esporádica e inevitável do povo para promessas de "civilizar a exploração", bastando que "votem em nós". </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Os militares disseram que foram, mas, derrepente, voltaram; já são o poder.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Contra a ilusão democratista ingênua e estúpida quando sai das bocas oportunistas dos progressistas de vermelho desbotado ou amarelo solar sorridente ensinam que o poder, a única realidade de fato, não emana dos votos do sufrágio, desta abstração de soberania popular, mas das armas, da força e da propriedade. Como sempre foi e sempre será até o fim de todo poder.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Parte do balanço histórico ainda precisa ser feito e é na profundidade das consequências das decisões tomadas ao longo destes anos que encontraremos os nós dos dilemas atuais.</span><br />
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O abandono do pensamento estratégico voltado para eliminar o poder do capital e erguer um novo, dos explorados, conduziu nossa esquerda, de outrora e de agora, a um duplo caminho: a adaptação e integração total ao Estado, as regras do jogo e a legalidade e propriedade burguesas, sobrando apenas o papel de administrar a exploração abandonando a própria definição como esquerda, como no caso PTista; ou a uma existência de nicho, baseada nas classes médias e camadas superiores de trabalhadores com direitos, impotente, romântica, ingênua e domesticada pelas mesmas regras do jogo.</span><br />
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma esquerda sistêmica que, longe de negar o sistema, faz parte da dissidência planejada e controlada, que reafirma sua existência: uma espécie de encontro recorrente de Neo com o arquiteto da Matrix, pra usar um exemplo cinematográfico pop.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Divorciadas da maioria dos trabalhadores em todos os campos, do organizativo e ideológico ao vocabular, pisoteados como ideologia de uma elite numa bolha, as idéias revolucionárias tem uma longa e difícil caminhada para retornar ao caminho da vida real e material dos oprimidos.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Hoje são, no entanto, mais do que nunca, urgentes e necessárias.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A destruição da vida, a miséria, fome e genocídio são ocasiões presentes e dissolvidas num cotidiano de apatia e desmoralização, de negação de reconhecimento da própria condição de dominados.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Retomar a história de tantos como nós, que há algumas décadas apenas ousaram tomar seus destinos - bem como suas fábricas, terras e empresas - de forma prática, em suas mãos, realizando ações independentes dos exploradores, diretas, buscando criar um novo mundo e uma nova sociedade, é uma necessidade histórica, a condição cada vez mais evidente para a sobrevivência humana. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nas condições da periferia do capitalismo, este papo soa utópico, irreal, romântico. A barbaridade cotidiana é tão mais presente que a mera idéia de uma ação coletiva capaz de cessá-la soa ridícula e pouco realista. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O que a história ensina, no entanto, é que grandes tragédias históricas promovem grandes questões existenciais e, mais do que nunca, a crise sem precedentes de uma economia em depressão e uma epidemia mortal colocam para nossa geração e as próximas a maior delas, a questão do futuro.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Toda grande questão receberá uma resposta, cedo ou tarde. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sabem disso aqueles que se antecipam, como nossos realistas militares, criando diques de contenção contra a revolta daqueles que, hoje por hoje, esqueceram de sua força real e se debatem na luta pela sobrevivência, ainda atemorizados por um poder que lhes parece natural, invencível, imutável. E por isso que não tomaram o poder com tanques na rua. Não precisam jogar a realidade na cara daqueles que, por ora, não enxergam seu papel no espetáculo.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Todos grandes sistemas econômicos e sociais enfrentaram essa situação. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O poder dos senhores de escravos, dos lordes feudais, dos monarcas absolutos, todos, em seu tempo, por vezes por séculos e até milênios, ostentaram sua infalibilidade e seu direito inquestionável a existência.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Todos, como todas obras humanas, caíram sob os pés das próprias contradições.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O próprio fato de estarmos hoje refletindo sobre isto, demonstra que as contradições existem e corroem, pouco a pouco, os pés de barro de um sistema cuja existência contradiz as necessidades humanas. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que produz alimentos para três planetas, mas condena bilhões a fome; que produz moradia suficiente para todos, mas impede que todos a tenham; que alcançou um nível técnico capaz de suprir a todos um nível médio elevado de vida, mas condena bilhões a miséria permanente.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Diferentes dos demais, no entanto, o capitalismo terá de ter seus pés decepados, como obra consciente, dando lugar a um sistema surgido de suas entranhas. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E é está a única saída histórica, a única fonte de energia, entusiasmo e vontade, com a qual podem contar aqueles trabalhadores privilegiados por terem contato com a história da luta dos oprimidos. É está a realidade dura por detrás de todas as crises enfrentadas por todos explorados no planeta.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">De nenhuma maneira é inevitável que vençamos. A história não segue uma linha reta. O feudalismo, por exemplo, foi a expressão de um retrocesso de mil anos (!!!) em muitos sentidos, em comparação ao que foi o sistema dos romanos em seu ápice. A barbárie e desintegração estão sempre espreitando. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Acostumados a tratar seus inimigos pela via de simplificações e caricaturas, os capitalistas e seus enganadores profissionais tentam pintar os comunistas, indignados e revolucionários como incendiários, agentes do atraso, da barbárie e do caos. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ao contrário. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">É na forja fervente desta campanha permanente de mentiras, imersos na angústia de uma sociedade que grita por mudança, mas ainda não produziu as ferramentas do parto do novo, que a história nos lança seu desafio: ou os revolucionários conquistam seu direito a existência e, assim, destroem os freios que impedem o progresso da humanidade e a manutenção da civilização ou a angústia tornará mais e mais degenerada a face da sociedade humana, até uma nova desintegração.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Entre a distopia e a utopia, há um caminho.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A da ação consciente, que pressupõe uma atitude científica e séria, um compromisso total com a vida da maioria da humanidade, a busca pela transformação social, indo até onde os fatos e a história nos levam e enfrentando suas consequências e desafios.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">No Brasil, o primeiro deles é ousar chamar as coisas pelo seu nome. Separar os trabalhadores de toda a influência dos patrões, de seus valores mentirosos, dessa cada vez mais falsa esperança de realização pessoal pelo enriquecimento, a mentira da meritocracia, mesmo quando esses valores são propagados por gente que vem debaixo, de onde viemos.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Denunciar a hipocrisia da democracia capitalista e liberal e pacientemente, traduzir a experiência histórica em cada uma das lutas atuais imediatas, da enorme maioria preta e trabalhadoras onde estão as energias mais explosivas capazes de mudar tudo, conduzindo a uma só conclusão: a necessidade de um novo poder, um Estado dos trabalhadores e explorados erguido em cima da destruição das instituições e da legalidade capitalistas, baseado na democracia direta e autoorganizada nos bairros fábricas e locais de trabalho.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Onde a necessidade humana seja o motor da sociedade. Está é a única saída coletiva para a maioria. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Para isto, coragem, coragem e mais coragem são os requisitos para seguir dando exemplos que nos aproximem mais e mais do momento da ofensiva, nacional e internacional, pelo poder.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Eles voltaram, é certo.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas nós ainda não fomos.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<br />
<br />Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-18278437071220189712020-06-18T20:59:00.001-07:002020-06-18T20:59:50.757-07:00Combinações incomuns: segue o plano de queimar o fusível Bolsonaro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU_KTHdZzhdinr4615fa11GCPZD7-VbOCbqhS4d0q3RF4Qy_A4u97dwQDOv7QhS095qS8RG2p9e-qfUgExduPwgbJuSZkcmeD3qHIjY-94iMeB2F__2nXoZm5rO0D_jfBFzyeViIXctDI/s1600/images+%252814%2529.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="450" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU_KTHdZzhdinr4615fa11GCPZD7-VbOCbqhS4d0q3RF4Qy_A4u97dwQDOv7QhS095qS8RG2p9e-qfUgExduPwgbJuSZkcmeD3qHIjY-94iMeB2F__2nXoZm5rO0D_jfBFzyeViIXctDI/s320/images+%252814%2529.jpeg" width="240" /></a></div>
A combinação de situações é muito incomum.<br />
Prisão de sara winter e os idiotas performáticos do acampamento; avanço do STF na pressão de investigar as fake News nas eleições de 2018; agora<br />
a prisão de Queiroz, estranhíssima, há um ano na casa do advogado de Bolsonaro; Weintraub caindo "pra cima'...<br />
<br />
Já começam a vibrar as forças a esquerda no escritor político, na defesa do STF, soltar memes e compartilhar gracejos com membros do MBL... Tudo muito estranho.<br />
A crise de representatividade e legitimidade do regime político diante da maioria da população, o verdadeiro centro da questão desde pelo menos 2013, é o que está em jogo (basta ver a série histórica das eleições e o aumento do número de votos nulo/brancos e não comparecimento como sintomas).<br />
<br />
Quem mais ganha, num cenário de inexistência de oposição dos trabalhadores, com todas estas ações?<br />
Quem se "reabilita"?<br />
<br />
Conforme Bozo perde apoio nas pesquisas, os outrora afundados na lama governadores e congresso crescem. O STF, outrora negociador e que legitimou o golpe parlamentar em 2016, que aprovou o fim dos direitos trabalhistas e da aposentadoria com as reformas de 2017 pra cá, derrepente se tornando baluarte da defesa "da nação". O congresso, a exceção do centrão, junto dos governadores, são vendidos como "forças civilizatórias" diante da barbárie materializada pelo Bolsonaro.<br />
<br />
O maniqueísmo é evidente e proposital. Existem forças políticas e econômicas, com os militares em destaque, que entendem a profundidade da crise economica e social que viemos tendo e que teremos, a maior da história, na próxima década.<br />
<br />
Uma crise destas proporções coloca em risco a própria estabilidade institucional do país, pois torna cada vez mais claro as maiorias de trabalhadores que esta democracia é uma farsa.<br />
<br />
A tragédia da reabertura diante da epidemia e a situação absolutamente miserável das condições de vida do peão (o índice oficial de desempregados saltou de 13 para 28 milhões de 3 meses para cá, com 40 milhões de informais, chegando a 68 milhões desempregados ou informais) tendem a jogar milhões de trabalhadores no caminho do choque com uma democracia que, detrás da igualdade formal de todos perante a lei, esconde a Desigualdade real de uma sociedade divida entre exploradores com direitos e explorados sem nenhum direito real, cujo papel é gerar montanhas de riqueza com seu trabalho, quando muito recebendo um salário muito inferior a esta riqueza gerada, que será sugada e apropriada por esta minoria.<br />
Uma ditadura economica com maquiagem democrática mantida com vigilância digital total e repressão permanente aos bairros pobres e periféricos.<br />
<br />
Neste cenário, faz toda a diferença que a "democracia" mostre sua "vitalidade" e puna aqueles já descartáveis, realizando a limpeza e mostrando seu caráter "civilizatório". Como se não fossem as mesmas forças que botaram bolsonaro onde esteve até cumprir todas as reformas exigidas pelo capital daqui e de fora.<br />
<br />
Recompor a defesa desta democracia mentirosa e aumentar os índices de legitimidade das instituições diante das classes médias que ainda existem é fundamental pra segurar a onda de convulsões sociais que se avizinha. Dividir "impressões" em meio a crise.<br />
<br />
A inexistência de uma ação independente dos trabalhadores, que deveria partir de lutar por condições de renda e existência para sobreviverem em isolamento na epidemia, é a grande carta que falta nesse baralho e, por não existir, permite a manipulação tão fluida e grotesca da realidade política, em benefício dos militares e empresários que, de 1979 para cá, nunca saíram do poder.<br />
<br />
Do golpe institucional de 2016, passando pelas reformas (previdência e trabalhistas) que derrubaram o preço do trabalho no Brasil, até a reabilitação planejada das instituições burguesas (exército, congresso, senado e governadores, através da queima do fusível Bolsonaro) há um fio de continuidade muito nítido. Pensar com a cabeça do inimigo nós leva a concluir que esta é a linha mais benéfica a eles.<br />
<br />
E tudo se passa com a colaboração voluntária da maioria da dita esquerda, com pouquíssimas vozes dissonantes.Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-22072173284117763942020-06-10T15:40:00.000-07:002020-06-15T14:28:18.976-07:00Notas sobre um genocídio anunciado<br />
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTmU_eD_SVydMxS2Nq2F2k7qmZtCyyKbH9MnZUVwiwLYMfFuoBAsHpb-8LLLHDqG18LLq3SA4e6WjFT2KrRA-kvXQRfpkbo37E7HOJ2L_4XIyVT3FCQdpJNFHTqWgJL_qVWJZ3kH_1MQk/s1600/age20200610028.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTmU_eD_SVydMxS2Nq2F2k7qmZtCyyKbH9MnZUVwiwLYMfFuoBAsHpb-8LLLHDqG18LLq3SA4e6WjFT2KrRA-kvXQRfpkbo37E7HOJ2L_4XIyVT3FCQdpJNFHTqWgJL_qVWJZ3kH_1MQk/s320/age20200610028.jpg" width="320" /></a><br />
1 - No dia em que o Brasil, segundo dados oficiais, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>acumula 38.700 mortos diretos por Covid e 747
mil infectados, no epicentro da epidemia em São Paulo, Dória e Covas realizam a
reabertura do comércio, escritórios e, na quinta, dos shoppings. O país já
ultrapassou os EUA e Reino Unido no número médio de casos diários, acumulando 7.197
mortes em 7 dias, com uma média de 1.028 por dia. Importantíssimo frisar que
estes são dados oficiais. A subnotificação no Brasil é de cerca de 7 vezes mais
casos do que os valores oficiais.<br />
<br />
2 - A reabertura do comércio em geral e shoppings é resultado de um giro de 180
graus de Dória: Há umas semanas falava da possibilidade de “lockdown”, fechando
tudo, o que mudou bruscamente anunciando um plano supostamente científico de
reabertura chamado “Plano São Paulo”. Especialistas cientistas dos grupos
COVID19 Brasil e Ação Covid19 afirmam que este plano não possui qualquer
embasamento científico, que países que não possuem indicadores claros de
achatamento da curva de casos (e o Brasil demonstra o contrário, mas o aumento
do número) jamais poderiam pensar em reabrir e acabar com o isolamento. Segundo
estes grupos, todo o esforço do isolamento (meia boca, diga-se de passagem) durante
3 meses pode ser perdido em UMA semana.<br />
<br />
3 - As principais vítimas do Covi19 já são, há um bom tempo, aqueles que vivem
nas franjas de SP e das grandes metrópoles. Ou seja, são os pobres,
trabalhadores e periféricos que mais morrem A reabertura acontece dois dias
antes do dia dos namorados, data comercial tradicional, provocando
aglomerações, transportes lotados e, claro, a disseminação do vírus. <br />
Sem nenhum obstáculo, o corona não tem limite para se espalhar: o “achatamento
da curva” , ou seja, a estabilização e controle do número de casos e mortes, só
é possível com isolamento social e testagem de milhões. Sem ele, não existe
nada que vá estabilizar a situação e o vírus seguirá se espalhando até atingir
todo humano que puder. Projeções já apontam que, seguindo esse ritmo, teremos
mais de 5 mil mortos por dia no Brasil. Isso levará a morte de milhões, numa
situação pior do que qualquer guerra recente.<br />
<br />
4 - A prefeitura e o estado de SP dizem que a situação começa a “estabilizar”
porque “o número de ocupação de leitos diminuiu”, mas esquecem,
propositalmente, de dizer que o número de mortes em casa aumentou
vertiginosamente.<br />
O “plano São Paulo” é uma farsa e já é chamado pelos cientistas de plano de “abatedouro”
de pobres e trabalhadores. A expressão clara de um genocídio e darwinismo
social.<br />
<br />
5 - Esta farsa é patrocinada e resultado da pressão dos setores empresariais,
patrões e associações de patrões, lojistas, indústrias, shoppings e burgueses
em geral. Para eles “economia é saúde”, ou seja, a sua saúde sacrificada é o
que faz a economia deles ficar saudável. Desde o início, com objetivos
eleitorais, Dória e os governadores mantiveram uma fachada demagógica de “seriedade”,
se diferenciando de Bolsonaro para colher votos. Hoje, enfim, se rendem a quem
realmente manda no negócio: o poder econômico, que exige que o povo volte ao
trabalho, volte ao consumo e, assim, seja sacrificado para manter seus lucros. Sua
aposta (desde o início da pandemia, vale notar) <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é simples: no país acostumado a uma guerra
civil e apartheid maquiados de pretos, pobres e trabalhadores, é possível
maquiar dados e dar a impressão de que não há tantas mortes, mantendo assim, “a
economia girando” <br />
<br />
6 – Diante dessa, enfim, unificação de métodos de Bolsonaro e os governadores,
vimos, na última semana, manifestações em reação a escalada (planejada) de tom
de Bolsonaro. Em capitais do país, alguns milhares de pessoas compareceram a
atos “Pela democracia e contra o racismo”, com bastante participação de jovens
negros, ressoando a luta dos negros nos EUA contra a violência policial. Estes
atos em SP, no entanto, encabeçados por setores da esquerda parlamentar e
moderada, se transformaram, apesar da presença e energia valiosa de muitos
presentes, em palanques para uma defesa abstrata da democracia. Defesa esta
que, na linguagem eleitoral, significa pressionar por, no melhor dos casos, um
impeachment que derrubaria Bolsonaro e traria novas eleições, onde se fariam as
promessas de uma vida melhor. <br />
<br />
7 – Como visto, no entanto, essa defesa da democracia é algo abstrato e que não
toca a enorme maioria mais explorada dos trabalhadores. Porque sabem que a “igualdade
formal de todos perante a lei” deste regime político tropeça todos os dias na
desigualdade REAL, de uma sociedade dividida entre ricos burgueses que recebem
democracia e direitos, de um lado, e pobres trabalhadores, cujos direitos de
expressão, organização, manifestação, greve, são cotidianamente negados. Sabem
que esta democracia é uma ditadura para os pobres e uma democracia apenas para
os ricos e não existe igualdade entre explorados e exploradores.<br />
Daí, após uma semana, as novas convocações para a continuidade destes atos
estarem completamente minguadas, com pouquíssimos confirmados.<br />
<br />
8 – As consequências econômicas e sanitárias da epidemia reorganizam todas as
prioridades políticas e colocam um elefante no meio da sala. A esta esquerda
que defende “democracia”, apagando o conteúdo de classe burguês desse regime
político, o problema do regime está acima do problema da vida material
desesperadora da enorme maioria.<br />
Para eles não apenas seria mais “agudo” o problema do Governo federal, como a
única forma de conseguir melhorias na” gestão da crise” seria com a queda de
Bolsonaro e cia (algo inimaginável, no melhor dos casos, em menos de um ano e
meio.). Se equivocam e as convocatórias fracas dos próximos atos provam isto.<br />
<br />
9 – A enorme maioria dos trabalhadores, muitos dos quais nunca conseguiram
fazer isolamento, se preocupam com sua sobrevivência num cenário de crise econômica e
sanitária profundíssimos. Não partir destas necessidades não só não irá mover
dezenas de milhares, com apoio de milhões, como irá seguir jogando o jogo da
burguesia. <br />
A essa maioria interessa a luta por TESTES aos milhões, PROIBIÇÃO de demissões,
Salário Social digno, de no mínimo 2 mil reais, para manter o isolamento e isenção
de contas e aluguéis.<br />
Nossa luta deve ser a mais feroz por um isolamento social REAL para todos os
trabalhadores!<br />
<br />
10- Um movimento de trabalhadores, empregados, desempregados e informais, que
colocasse esse programa de idéias a frente, realizando manifestações,
ocupações, greves e ações tem o potencial de, ao mesmo tempo que coloca o
interesse do peão como PROTAGONISTA na gestão da crise, arrastar dezenas ou
centenas de milhares em todo país e derrubar qualquer governo e, assim, abrir
caminho para pensar um projeto de poder dos trabalhadores contra esta
democracia fajuta. É preciso, no entanto, dizer e dar exemplos de que esta luta
é séria.<br />
O debate, então, se torna um debate de estratégia. Também, por outro lado,
deixa muito claro em que setores sociais (classe média e camadas superiores de
trabalhadores com mais direitos) estão baseadas estas esquerdas que se recusam
a priorizar esta luta.<br />
<br />
11 – Estamos diante de uma encruzilhada histórica que, a cada dia, se torna
mais perigosa. Ou agimos rápido e organizadamente, com uma política que mira o
interesse e organiza a revolta da enorme maioria, mostrando como esta “democracia”
burguesa, comandada por patrões, é a que nos trouxe a este genocídio anunciado
de milhões, lutando algumas semanas com todos os métodos até arrancar a vitória
ou passaremos meses e meses vendo cadáveres acumulando e mortes evitáveis de
pobres, enquanto os que sobreviverem por sorte se afundam nas dívidas.<br />
A maior central da América Latina, CUT, as organizações ditas socialistas, os
sindicatos em geral, tem seu papel nesta questão da história. Semanas de guerra
social ou meses/anos de luto e tragédia? De que lado ficarão na história do
genocídio que a burguesia nos impõe? A história dirá.<o:p></o:p></div>
<br />Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-89289277192280600762020-06-02T21:51:00.002-07:002020-06-02T21:51:26.262-07:00Sobre o ato "pela democracia". E o peão?Sobre o ato "pela democracia" organizado pelas torcidas hoje:<br />
<br />
É evidente que, conforme a crise política se torna mais aguda, o impulso a ação e a vontade de responder na prática os absurdos realizados pelo governo federal, Bolsonaro e cia, crescem.<br />
<br />
Isto é, sem nenhuma dúvida, extremamente progressista, legítimo e ajuda na luta dos trabalhadores.<br />
<br />
Mas toda a ação precisa, em geral, em qualquer momento e, mais ainda, em meio a uma epidemia, ter uma estratégia.<br />
Em qualquer ação a pergunta "quem ganha e quem perde" é central e deve ser feita por qualquer um de nós, peões, assim como é feita por nossos inimigos, os magnatas, patrões e seus gerentes.<br />
<br />
O ato de hoje contou com não mais que, chutando alto, 600 pessoas. Foi chamado em uma defesa "pela democracia", ou seja, em defesa deste regime político contra um suposto fascismo que a estaria ameaçando.<br />
<br />
Existem interpretações das mais diversas sobre o que pode significar esta luta "pela democracia".<br />
Na boca de PT é uma coisa, na do PCdoB é outra, na de Rodrigo Maia é ainda outra e na dos participantes do ato em SP, provavelmente outra e muito diversa, heterogênea.<br />
Afinal, "democracia" é uma abstração.<br />
<br />
Na semana em que João Pedro foi morto, com tiro pelas costas e após algumas semanas de um rapaz ser sequestrado e morto pela PM enquanto esperava a entrega de delivery na frente de sua comunidade em SP, ocorreu também o episódio do Burguês de Alphaville que, após agredir sua esposa, humilhou o PM chamado para atender o caso e disse que iria foder esse "PM de merda", porque ali não era "periferia não".<br />
<br />
Veja, nesses episódios fica claro: existe liberdade de expressão, organização e até de cometer crimes sem grandes consequências nessa sociedade.<br />
Para o rico burguês.<br />
Para o pobre e, principalmente, o preto, a democracia oferece o destino de João Pedro a uma taxa de um morto a cada 23 minutos.<br />
<br />
A democracia para o burguês é uma ditadura para o pobre. E essa taxa não surgiu agora, com bolsonaro, mas perdura há décadas no país, mesmo só nos governo ditos democráticos.<br />
<br />
Nós estamos diante de um governo claramente com tendências autoritárias. Fato.<br />
Mas o problema não é uma figura, Bolsonaro ou Mourão. O problema é que existem milhões de Bolsonaros e Mourãos, empresários, magnatas e aqueles de classe média semifalidos, que os sustentam. É uma luta de classes, com interesses opostos entre elas.<br />
<br />
Isso fica claro desde antes da pandemia.<br />
Reforma trabalhista acabou com empregos minimamente aceitáveis. Terceirização total precarizou milhões com baixos salários e longas jornadas. Hoje 57 milhões vivem desempregados ou na informalidade. Reforma da previdência ACABOU com a aposentadoria do pobre, com a maioria afetada que ganha até 2 mil reais.<br />
O governo federal entregou 1,4 trilhões para bancos e outros tantos bilhões em isenções, junto dos governos estaduais, NA PRIMEIRA SEMANA DA EPIDEMIA para empresas. Pro peão, ainda não entregou nem a segunda parcela dos miseráveis 600 reais.<br />
<br />
O que o peão está pensando nessa situação toda?<br />
Que é preciso salvar a democracia?<br />
<br />
Aqui embaixo, nós estamos pensando, desesperados, quatro coisas muito simples:<br />
- Sem ter renda ou emprego, como sobreviver sem pegar o vírus?<br />
- Como saber quando isso vai acabar?<br />
- Como pagar as contas que aumentam sem ter renda?<br />
- (sendo obrigado a trabalhar em algo não essencial) Como não perder este emprego?<br />
<br />
São interesses legitimos, concretos e materiais que podem e precisam ser respondidos (e não são por ninguém) em palavras e ação:<br />
- Salário pago para todo trabalhador não essencial (tirem dos lucros das empresas e do que devem ao Estado)<br />
- Proibição de demissões<br />
- isenção de cobrança de luz, água e gás aos trabalhadores.<br />
- testagem em massa para saber o estado da epidemia e projetar seu fim.<br />
<br />
Porque estou dizendo isso?<br />
Porque como disse, temos de sempre perguntar quem "ganha e quem perde" e, ainda mais agora, qualquer ação direta precisa ter estratégia.<br />
<br />
E qual é o objetivo desta estratégia? Para nós só pode ser salvar vidas e arrancar conquistas que interessam a vida dos trabalhadores.<br />
<br />
Na boca de PT e cia, a "defesa da democracia" significa nada mais nada menos que eleições, ou "voltar a fábula do paraíso na terra dos governos petistas". No melhor dos casos "impeachment e eleições gerais" pra venderam seu peixe e voltarem ao poder. Uma vez lá, vão vender a mesma ladainha de que "tudo vai melhorar gradualmente" "por dentro do Estado" e através dos programas do governo.<br />
<br />
Esse oportunismo não só ignora que o problema não é uma pessoa, Bolsonaro, mas toda uma classe burguesa que existe e vai seguir existindo, que, ainda hoje, em sua maioria, o sustenta.<br />
<br />
Neste ato, é óbvio, nem todos compartilham desta visão.<br />
De nenhuma maneira deve se dizer que é um ato meramente petista ou que os que ali estão são irresponsáveis. Muitos estão tentando lutar da forma que pensam ser melhor. E é nesse sentido que a crítica pode deve lhes fazer pensar. Para evitar que sejam ações usadas e funcionais justamente a está linha petista, pdtista, enfim, oportunista e que não resolve nada pro peão.<br />
<br />
Milhares ou centenas de milhares de trabalhadores não vão sair as ruas para defender "a democracia". Essa democracia, inclusive, em minha opinião não vai se fechar ou cair, fechando congresso e STF. Nenhum setor dominante da burguesia ganharia nada com isto.<br />
<br />
Esse regime político já deu lugar a uma forma mais deformada de si próprio, onde os peões serão vigiados por programas do governo na internet (projetos já em tramitação na camara), organizações tipificadas como terroristas e não haverá espaço, sem luta, para nenhuma esquerda que não seja domesticada.<br />
Tudo isso mantendo a fachada de democracias e eleição (fraudadas com fakenews e disparos de whats, etc), como na Bolívia, Honduras e como tentaram na Venezuela.<br />
<br />
Nesse sentido, organizar ações com essa bandeira, não só não atrai a massa de trabalhadores como municia os inimigos burgueses e bolsonaristas a isolar estas manifestações ("democracia? Olha lá os esquerdistas xaropes espalhando vírus por nada, pra defender o PT").<br />
<br />
Da mesma forma, a própria disseminação da doença pode se dar em nossos atos. Se faremos isto, nos arriscarmos nessa situação, não pode ser por um motivo e bandeira equivocados.<br />
Quem ganha?<br />
<br />
Agora, imaginemos um movimento nacional por salário para manter o isolamento, testes aos milhões para entender a epidemia e proibição de demissões.<br />
<br />
Atos que comecem assim, com 500, indo pra mil, dois mil, 5 mil. Exigindo aquilo que interessa e é uma exigência MÍNIMA dos trabalhadores, que não aceitam que o lucro esteja acima da vida.<br />
<br />
Me parece que não apenas poderia ganhar milhões em apoio geral na sociedade como, colocando o peão no protagonismo, arrastaria categorias a greves, arrancaria direitos e, aí sim, desestabilizaria o governo, abrindo caminho pra vitórias históricas e por uma democracia real,ndos trabalhadores.<br />
A burguesia está convencida de que pode deixar o povo morrer e esconder os dados. Ao se negar a atender estas exigências, isso ficaria mais claro ainda, o próprio conteúdo falso e burguês desse regime "democrático". Não existe igualdade. Existem classes.<br />
Quem ganha?<br />
<br />
Não se trata de dizer "fiquem em casa".<br />
Se trata de dizer: "Vamos pra rua, mas vamos sair pra vencer".<br />
<br />
Um passo nesse sentido, além de dar protagonismo para o povo trabalhador, traria participação de milhares e apoio de milhões, como a defesa dessa abstração de "democracia", que qualquer peão sabe que não existe na realidade, jamais poderá fazer.<br />
Por isto vale a pena lutar e se arriscar em uma epidemia.Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-46208914040544597402020-06-02T21:49:00.000-07:002020-06-02T21:49:01.933-07:00Antifascista sem ser contra o capitalismo?É descolamento total da classe trabalhadora dizer que não existe a resposta pra esta crise. Ela está na cara. Pra mim, que estou nessa situação, é óbvio.<br />
<br />
As pessoas estão morrendo feito moscas. Nós somos o país MAIS AFETADO pelo corona vírus. Em número de casos e de mortos. A burguesia, os governadores e Bolsonaro estão todos pressionando para abrir tudo novamente, sem teste e maquiando o número de mortes.<br />
Não existe emprego. Quem trabalha obrigado está morrendo de medo de perder ou de pegar o vírus. Não existe salário social algum.<br />
Entende? Isso tudo é obra de anos e anos (e mais ainda agora) da DEMOCRACIA BURGUESA.<br />
Não existe fascismo instalado no país! Prestem atenção na realidade!<br />
Isso é puro, puríssimo discurso oportunista liberal, plantando medo, pra colher votos. Plantando uma "cena" antifascista pra arrastar todo mundo para eleições.<br />
Primeiro vota, depois vive.<br />
Na cabeça destes liberais de esquerda e de direita, vermelhos e azuis, no melhor dos casos derrubam Bolsonaro daqui um ano e disputam eleições pra talvez ganhar; no pior dos casos aumentem a base eleitoral para as eleições de 2021/22, com alguma vantagem sob Bolsonaro, ainda no poder.<br />
Não existe nada além disso. E o peão NÃO VAI sair pra se arriscar por nada, por esse discurso fajuto de "defesa da democracia".<br />
<br />
Vcs acham que PARAISÓPOLIS vai sair em defesa dela? A família de João Pedro? De Amarildo?<br />
<br />
Se existe alguma coisa que pode meter peão em greve, na rua, em atos e abrir caminho é pra conquistar suas necessidades imediatas (salário social digno, teste, isenção de contas e proibição de empregos). Daí se abre o a trilha pra ir além, numa perspectiva de organização social diferente e dos trabalhadores.<br />
<br />
Não ver isto é querer agir da mesma forma de sempre e esperar resultados diferentes. Loucura.<br />
Achar que indo num ato em meio a uma epidemia, com uma faixa e um panfleto vai mudar o conteúdo dessa manobra liberal e faze-la deixar de ser por "democracia" ou seja, pra eleger outro explorador "do bem".<br />
<br />
Enquanto isso, o que? Pisamos por cima dos corpos nas ruas, cemitérios e hospitais? Onde é que está a mais mínima consciência de classe?Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-68841899147663878162020-06-02T21:45:00.002-07:002020-06-02T21:45:39.507-07:00Os patrões exigem: sacrifício do peão.Um vírus deu a volta ao mundo, passou por cada canto do planeta e chegou ao Brasil.<br />
Deu de frente com suas particularidades economicas, políticas e sociais, absurdas. Se fundiu a pobreza, miséria, falta de condições sanitárias, de trabalho, de renda. Passou a levar em taxa muito mais elevada as vidas dos debaixo, apesar de ter sido trazido pelos de cima.<br />
<br />
Os poucos milhões que compõe a alta pequenaburguesia e a burguesia se trancaram em seus condomínios e fazendas isoladas.<br />
De seus abrigos fortificados, junto dos governos federal e estaduais nos quais mandam não entregam nada ao povo.<br />
Sem salários, sem testes, cobrando contas, demitindo em massa.<br />
<br />
Obrigam os trabalhadores a escolher entre o vírus ou a fome. Mandam abrir tudo, em meio ao impacto mais destrutivo da epidemia, no mundo. 30 mil mortos, 400 mil infectados oficialmente. Faça tudo isso vezes 10 ou 15 e chegará ao número real.<br />
<br />
No país em que 6 bilionários ganham mais do que 100 milhões de pessoas, os patrões exigem sacrifício em praça pública de peão através da infecção generalizada. Tudo para manter "a economia", as margens de lucro.<br />
<br />
Confiam que a guerra civil maquiada, contra os trabalhadores e pobres, que todos os anos mata 60 mil, já acostumou a massa a aceitar 1200 mortos por Covid19 por dia (e aumentando).<br />
<br />
Essa é a cara da Burguesia brasileira. Está é a cara dos políticos liberais em todos níveis do governo burguês.<br />
<br />
Uma classe de privilegiados sanguessugas do povo, assassina, cujas propriedades são lavadas em sangue dos pobres. São genocidas, eugenicos e darwinistas sociais.<br />
<br />
E é nesse cenário no qual estamos e estaremos pelos próximos meses e anos, até amadurecermos uma visão independente dos trabalhadores.<br />
Uma que entenda que essa democracia burguesa já é, e sempre foi uma ditadura contra os pobres, um regime eleitoral maquiando a exploração e dominação econômica.Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-74283032752783549512020-05-16T15:51:00.000-07:002020-05-17T10:52:22.813-07:00Como desmontar demagogia bolsonarista de whatsapp?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6JIkwSs8SGTqdYTP1lXn7tjjOAyH4-1LzFq9Kwt5kTNd-NVYkJbZ3rs_2Y80Nfm-ixEKX3WIAxt017GPwjeeZvzWxI1F7tQeY8ldNvZxsSk8meNf09dDLyMPt9HgowEqxNvfELkytrCs/s1600/images+%252811%2529.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="248" data-original-width="203" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6JIkwSs8SGTqdYTP1lXn7tjjOAyH4-1LzFq9Kwt5kTNd-NVYkJbZ3rs_2Y80Nfm-ixEKX3WIAxt017GPwjeeZvzWxI1F7tQeY8ldNvZxsSk8meNf09dDLyMPt9HgowEqxNvfELkytrCs/s1600/images+%252811%2529.jpeg" /></a></div>
*texto bolsonarista de whatsapp criticado está em anexo no final, para quem tiver paciência.<br />
<br />
Chega a ser enfadonho, a esta altura, termos de ler, nós, os verdadeiros esmagados nesta combinação rara de epidemia e recessão mundial galopando para uma depressão, a demagogia ser destilada com ar tão hipócrita e descomprometido.<br />
<br />
É ainda mais desprezível um texto cuja citação final é de ninguém mais, ninguém menos que "Bob Fields", ou Roberto Campos, o ministro do planejamento do general Castelo Branco.<br />
<br />
Admiradores de ditadores e autocratas, ou aqueles que os adulam, com ou sem pagamento, sempre encontram o caminho de deixar sua marca. Nem que seja apenas implícita.<br />
<br />
Não faria muito sentido despender linhas e mais linhas perguntando ao preocupadíssimo Sr. Felipe se Roberto Campos, economista ministro da Ditadura Civil-militar brasileira responsável por milhares de mortos, desaparecidos e torturados, que tanto o inspira, se indigna com tanta ênfase com a condição alimentar e de trabalho dos trabalhadores durante a ditadura.<br />
<br />
Veríamos tamanho cuidado do senhor Bob com aqueles que perderam a vida ou foram torturados, humilhados, demitidos e exilados? Veríamos seu apoio magnânimo diante de trabalhadores, com salários corroídos pelo arrocho (você sabe o que é isto, caro Felipe?) em greve, lutando pelo pão?<br />
<br />
E ao autor disto, que tenta chamar de texto, citando tão orgulhosamente personagem obscuro da história brasileira? Importou a vida dos que ficaram pelo caminho, assim como hoje, em valas comuns, por não aceitarem o domínio e CONTROLE unilateral sob suas vidas exercido por velhacos generais que nunca foram eleitos por ninguém?<br />
<br />
Não. Na realidade não importam. Assim como a vida dos trabalhadores de hoje também não importam a eles.<br />
<br />
Nas letras de Felipe Fiamenghi, todas as estatísticas servem a uma mesma e só senhora: a demagogia protofascista.<br />
<br />
Como a melhor forma de se defender é antecipar o mais óbvio ataque, o ilustre autor já trata de dizer, lá pelas tantas, após bradar as miseráveis condições de vida do povo: "não sou fascista... Só porque defendo acabar com a quarentena".<br />
<br />
Vestido de paladino da liberdade, agita no ar a óbvia pobreza que acomete o povo brasileiro. Cartada velha. Ele acha mesmo que os fascistas nunca tentaram isto?<br />
<br />
Ataca as influenciadoras digitais e patricinhas de classe média (a maioria delas, inclusive, fazem parte do clube nada seleto do Bolsonarismo), isoladas com dinheiro do papai enquanto os trabalhadores se expõe ao vírus, usando contradições reais, para escapar do fundamental.<br />
<br />
Chega até a jogar ao ar os dados das milhares de mortes por essa fantasmagórica entidade chamada "violência urbana".<br />
<br />
Um professor de jornalismo ou relações públicas não teria feito um texto melhor exemplificando o uso da hipocrisia e demagogia. Isto é quase uma obra prima do gênero!<br />
<br />
Felipe não menciona que estamos no país em que morre um preto a cada 23 minutos. Em que as polícias militares matam jovens pretos nas periferias como moscas, jogando seus corpos em córregos.<br />
<br />
Matam quando vão pegar comida; matam quando estão com guarda chuva nas mãos, quando estão com furadeiras, matam quando empinam pipa, matam adolescentes quando não recebem onarrego, fuzilam com 250 tiros carros com pretos, somem com Amarildos, Douglas, arrastam Cláudias...<br />
<br />
Soubesse a proporção destes assassinatos, em nome desse pretexto genocida e falso para o controle social e racial chamado "guerra às drogas", Felipe tiraria o foco dos problemas "da violência urbana".<br />
<br />
Afinal, é o que ele, como bolsonarista inconfundível, quer. Só que a violência só contra o peão.<br />
<br />
Consciencioso, doutor Felipe, indignado (SIC), grita aos ventos contra a quarentena, ferramenta da "torre de marfim", ou seja, das dondocas que a usam para o fim sádico de, enquanto descansam, terem o enorme prazer de ver suas empregadas, faxineiros, porteiros e todos estes milhões "da classe C, D, E", tendo de sair para trabalhar e lhes servir, se amontoando nos ônibus e disseminando a infecção.<br />
<br />
É inegável, é claro, que isto corresponda a realidade. Existem milhões de burgueses que agem exatamente desta forma, isolados em suas quarentenas místicas e sendo servidos por seus serviçais assalariados, a famosa "classe trabalhadora" (pra usar um termo historicamente mais preciso do que estas siglas de gabinete burguês).<br />
<br />
Ocorre que, como tudo que venha dessa gente bolsonarista, o cheiro da hipocrisia é inconfundível.<br />
<br />
Pra notar, basta procurar as dezenas de histórias de empregadas infectadas por patrões que as obrigaram a trabalhar, muitos deles, vejam só, bolsonaristas como Felipe, hoje indignados com a quarentena, com a diminuição dos lucros, com essa "histeria" e que, peguem o pulo, não entendem que "diminuir o PIB aumenta mortalidade". Ou quem trouxe da Europa o vírus foi o povão que Guedes humilha ao dizer que não tem nem que viajar de avião?<br />
<br />
É isto mesmo! Este alpinista social, travestido de "redator de whatsapp", busca te convencer, sem falar diretamente, que mais vale o número de mortes com a infecção descontrolada, ou seja, sem qualquer quarentena, do que a que "pode vir" com a queda do PIB, ou seja, da riqueza interna do país.<br />
<br />
E quem ele usa para justificar? A universidade de Chicago. Que coincidência! Não seria Paulo Guedes o ministro da justiça aquele que se chama de "Chicago Boy"?<br />
<br />
Que este "Chicago Boy" tenha entregue um Brasil estagnado, com recordes de desemprego e trabalho informal, que tenha ACABADO COM A APOSENTADORIA do povo, destruído as relações de trabalho, imposto a lei de terceirização total, ou seja, destruído as condições de vida e trabalho, obrigado o peão a literalmente trabalhar até morrer velho, em 2019 e agora nos leve de cabeça para uma recessão economica, nenhuma palavra.<br />
<br />
Onde está a mágica Felipe? Afinal, Guedes é "quem manda" na economia.<br />
<br />
Ocorre que tanto Guedes quanto Felipe não dão a mínima para a sua vida - ou morte - de peão.<br />
<br />
Os brasileiros estão de frente com a pior pandemia em 100 anos. As condições socioeconômicas já prenunciavam que por aqui tudo seria muito mais grave.<br />
<br />
Favelas, salários baixíssimos, 50% do país sem esgoto, 60 milhões de pessoas endividadas. Façamos uma pergunta: tudo isso surgiu com a Pandemia? Veio do nada?<br />
<br />
Só um abobalhado pode falar que criou 800 mil empregos (se denunciando como agente de Bolsonaro ao usar o "nós") diante da realidade brasileira.<br />
<br />
Estes canalhas, pagos para falar como papagaios e enganar o povo, não mencionam que o Brasil JÁ era, antes da epidemia, o país em que 104 milhões de pessoas viviam com 413 reais por mês; em que 11 milhões de pessoas vivem com 51 reais por mês!!!; em que 13 milhões estavam desempregados, 5 milhões desalentados e 40 milhões na informalidade, ou seja, vivendo de bicos ou desempregados estão e estavam já cerca de 58 milhões de brasileiros (o que deve ser maior, já que estes são dados do governo).<br />
<br />
Este país já era aquele em que o 1% mais rico, esta parcela na qual ou se enquadra ou busca se enquadrar Felipe, ganha 34 vezes mais do que os 105 milhões mais pobres. Não é uma,nem duas. 34 vezes.<br />
<br />
Sofrerá amarga decepcão aquele que buscar encontrar tamanha indignação com a miséria e as condições dos trabalhadores e sobre isto antes desta data.<br />
<br />
Esta indignação é apenas um teatro para esconder dois objetivos simples:<br />
<br />
- Dar munição a Bolsonaro na briga ELEITORAL com os não menos asquerosos governadores, como Dória e Witzel.<br />
<br />
- Forçar a barra para afrouxar a quarentena e obrigar o povo, esse mesmo com quem ele diz se preocupar por ser "obrigado" a ir para as ruas pois " não tem poupança", a trabalhar e continuar gerando lucro aos patrões.<br />
<br />
Este tipo de sicofanta (pesquisa lá o que é isso Felipe) realiza todo um baile escrito, veste uma roupa de defensor do povo (como todo populista de direita) para dizer uma coisa muito simples: ele é contra a quarentena e quer o fim das "restrições autoritárias" para as pessoas circularem e trabalharem.<br />
<br />
Não cabe nestas poucas linhas entrar na também absurda política dos governadores. Os trabalhadores tem de entender que isto é uma briga de patrões, burgueses, usando nossas vidas como armas eleitorais. Quem não dá a mínima para nós são todos eles, Felipe se, bolsonarista, Guedes e Dorias.<br />
<br />
De toda forma é preciso salientar: Felipe, junto de Caio Coppola e tipos afins, fazem parte do grupelho bolsonarista que exige o fim de qualquer quarentena quando o Brasil, OFICIALMENTE, tem 250 mil infectados e 13,5 mil mortos pelo Covid19.<br />
<br />
Coppola é particularmente asqueroso: dizia, há um mês, com risinho apodrecido no rosto e pressionando para acabar com qualquer isolamento, naquele circo que chamam de debate na CNN Brasil, que o máximo que haveria no Brasil seriam "8 mil mortes".<br />
<br />
Estamos em 13 mil. Façam este número de mortes e infectados vezes 15, que corresponde ao número de casos não identificados, já que Bolsonaro, Coppola Felipe e sua turma se recusam a usar recursos para testar a população.<br />
<br />
Temos então a verdade nua e crua: o Brasil tem entre 1,5 milhão e 4,4 milhões de infectados e dezenas de milhares de mortes, direta ou indiretamente (por falta de leitos para doenças "normais" que também exigem UTI), por conta da epidemia.<br />
<br />
E exigem que acabemos com qualquer quarentena! Que todos, não só os que forem essenciais para o combate a epidemia, todos, circulem, passem, peguem, morram com o vírus. Só não mexam com o lucro e o PIB!<br />
<br />
Falam que o povo é obrigado a trabalhar! Mas...obrigado por quem cara pálida? Pela "vontade"? Ou será pela fome? Ou pelas dívidas? Ou será pelos patrões?<br />
<br />
Bancos, empresas e patrões foram salvos no primeiro dia desta crise. O governo entregou - respire - 1,3 TRILHÕES de reais aos Bancos para "emprestar barato". Sabe o que fizeram? aumentaram os juros!<br />
<br />
As grandes empresas foram ISENTAS de impostos federais e sob matérias primas compradas no exterior. Sabe o que fizeram? Demitiram aos milhões!<br />
<br />
E o que o governo fez? Exigiu acabar com as demissões? Exigiu que os lucros e reservas pagassem os salários dos trabalhadores? Não! Aprovou CORTE e SUSPENSÃO de salário e contratos.<br />
<br />
Enquanto isso, ao "povao" Bolsonaro e os cândidos candidatos a puxa-saco como Felipe ofereceram o que? 200 reais que, depois de muito tempo, viraram 600. Não precisamos dizer que nem esta migalha chegou a todos brasileiros que precisam. O governo está há um mês segurando e não solta a segunda parcela.<br />
<br />
Ah… então são "obrigados" por alguém em alguma situação não é mesmo senhor Felipe?<br />
<br />
Estivesse preocupado com o povo, este desprezível senhor não usaria sua condição de miséria para espalhar mentiras e enganações, para servir ao seu senhor miliciano.<br />
<br />
Estaria exigindo que TODOS trabalhadores tivessem direito a um salário digno, do Dieese, lá pela casa dos 4 mil reais (afinal, é o que este órgão OFICIAL, governamental, diz que é o mínimo para uma família ter uma vida digna) para ficarem em casa até a epidemia estar controlada. Dinheiro existe! Cobrem as dívidas dos bancos com o INSS, confisquem os lucros dos grandes grupos empresariais, taxem as grandes fortunas e dividendos!<br />
<br />
A vida está abaixo dos lucros?<br />
<br />
Exigiria que se construíssem milhares de leitos e se estatizasse os leitos de hospitais privados, muitos vazios enquanto nos públicos se morre no corredor.<br />
<br />
Estaria exigindo que todo hospital sobrassem e em cada esquina houvesse distribuição de máscaras, gel, luvas.<br />
<br />
Exigiria que num país em que todas as indústrias operam com Ociosidade recorde de 50%, ou seja, produzindo METADE do que tem capacidade, se reorganizassem para combater o virus.<br />
<br />
64 fábricas de automóveis no país produzem até 5 milhões de carros por ano. Mas não precisamos de carros.<br />
<br />
Quantos milhões de respiradores poderiam produzir? E quantas centenas de milhões de máscaras e luvas?<br />
<br />
Com todas estas condições, os trabalhadores poderiam ficar em casa.<br />
<br />
Não seriam obrigados por nada.<br />
<br />
E os patrões seguiriam seu berreiro enquanto veríamos a velocidade da epidemia diminuir, o sistema de saúde não colapsar e termos atendimento a todos.<br />
<br />
Não é está quarentena a que temos. É esta a que devemos lutar para ter. Mas antes algum isolamento do que nenhum. Ao menos tempos condições de exigir condições para mantê-lo.<br />
<br />
Exigir seu fim total é exigir algo ao redor de 2 milhões ou mais de mortes, com caixão lacrado, covas comuns e sem velório, ou mais. A maioria delas preta e pobre.<br />
<br />
Quem é o canalha e quem defende o povo nesta história?<br />
<br />
Estariam os governadores, com negligência parecida, tão longes de Felipes e Bolsonaros?<br />
<br />
A questão aqui é que, não raramente, surge uma figura burguesa - e mais ainda entre estes fascistas hipócritas - tentando explorar politicamente a miséria do trabalhador.<br />
<br />
O povo precisa saber e devemos dizer com todas as letras quais são os amigos e inimigos do povo.<br />
<br />
E os piores inimigos são os deste tipo: fingindo indignação e solidariedade, conduzem a massa para o abate, com o único e sórdido objetivo de "salvar a economia", "salvar o PIB", ou seja, sugar seu sangue, peão, e salvar os lucros e privilégios deles, em seus bunkers, casas na praia, só vendo o quando caiu ou subiu sua margem de lucro.<br />
**<br />
<br />
As classes C, D e E somam 199 MILHÕES de brasileiros. É gente que não tem fundo de reserva, não tem poupança. São pais e mães de família que, todos os dias, têm que sair pra trabalhar (formal ou informalmente), pra comprar a comida do dia seguinte.<br />
Não têm esteira na sala, não têm dinheiro para telas e tintas, não têm pacote de streaming e não podem se dar ao luxo de pedir comida por aplicativo. Cozinham em casa, levam marmita para o trabalho. Restaurante é luxo, para datas comemorativas.<br />
<br />
Na "Torre de Marfim", tudo é diferente. Os "intelectuais" vivem em seus próprios mundos, desvinculados destas preocupações práticas do dia a dia. "Fiquem em casa", eles dizem, enquanto se exercitam em suas salas, onde caberiam dois apartamentos populares.<br />
<br />
São preocupadíssimos com o "social" e defendem, com afinco, a esquerda populista; mas estão há tanto tempo sem cumprimentar o porteiro, sem olhar na cara do garçom, sem dar um bom dia para o manobrista, que esqueceram que trabalhador também é gente.<br />
Se lembrassem, provavelmente a ilustríssima jornalista não taxaria como "antissociais" aqueles que estão lhe proporcionando o conforto do isolamento. Suas telas, tintas e encomendas de comida não chegaram sozinhas à sua casa. O lixo que ela produz também não vai embora caminhando; nem a energia elétrica, para aproveitar sua Netflix e fazer funcionar sua esteira, é gerada através de mágica.<br />
<br />
O descolamento da realidade não é exclusividade da entrevistadora do "Roda Vida". Quem não se lembra, há poucos dias, daquela atriz global, no Instagram, pedindo para que seus seguidores ficassem em casa, enquanto, ao fundo, sua empregada doméstica trabalhava?<br />
<br />
O grande problema é que essas pessoas, que não fazem o próprio supermercado, que não sabem quanto custa encher o carrinho para a compra do mês, são as "influenciadoras das massas".<br />
Postam em suas redes que "dinheiro não vale mais do que a vida", enquanto bebem vinhos finos e comem canapés; ignorando o fato que a fome também mata (e mais do que o vírus).<br />
<br />
Defender a quarentena, agora, é "cool". E qualquer um que discorde é um "fascista", que não valoriza o próximo. O estranho é que estes "intelectuais" ficaram em silêncio por mais de uma década, quando 166 brasileiros, em média, morriam todos os dias, vítimas da violência urbana. Defendiam fervorosamente, aliás, o desarmamento civil; tirando do povo a única chance de defesa, enquanto eram escoltados por seguranças armados.<br />
<br />
Ignoram, também, a estimativa de que 50.000 pessoas, em nosso país, estão tendo seus diagnósticos de câncer atrasados pela pandemia. Uma doença que, sabidamente, tem no diagnóstico precoce um fator determinante para a cura.<br />
<br />
Desconhecem, ou fingem desconhecer estudos de institutos sérios, como University of Chicago, Oxford, Sorbonne, London City Hall e U.S Bureau of Economic Analysis, que relatam a causalidade entre queda do PIB e aumento de mortes. Não por acaso, nos países mais desenvolvidos a expectativa de vida é tão maior.<br />
<br />
A dura custas, em 2019, criamos 800.000 novos empregos. Em 30 dias, extinguimos 9 milhões; que se somarão aos 11 milhões de desempregados que já tínhamos. 20% dos brasileiros em idade produtiva estão fora do mercado. Isso se traduz em um aumento exponencial de violência urbana, violência doméstica, alcoolismo, uso de drogas, depressão, suicídios, doenças cardíacas, entre tantas outras consequências letais.<br />
<br />
Estes "comunicadores", que aplaudem o totalitarismo dos prefeitos e governadores contra o povo, são os mesmos que berrariam mais do que bezerros desmamados, se o governo sequer cogitasse a possibilidade de restringir a liberdade de imprensa.<br />
Não se iludam que estão preocupados com o bem estar de qualquer pessoa, senão deles próprios. As "medidas sanitárias", que tanto apoiam, há muito já deixaram de ser uma questão de saúde e se transformaram em uma questão de CONTROLE.<br />
<br />
LAVEM AS MÃOS E ABRAM OS OLHOS.<br />
<br />
Felipe Fiamenghi - 14/05/2020<br />
<br />
"É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar - bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês; trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola."<br />
(CAMPOS, Roberto)<br />
<br />
<br />Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-41107480684986417882020-05-05T17:38:00.000-07:002020-05-05T17:50:40.305-07:00Como um Brasil socialista poderia combater o Corona-Vírus?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtBUjiMULIBkm7IYsJcwtQhT4TTYTdSS2osHma8B57Qw1CqaiP6oRWd7Uv72b2gJLyQx7r14ohfKkxM3oSzXbqnvWgfciS9WQ0OzlKMu9gGsq6PCYvH8jAAI8z3phYxxnLfQ2MwSV57us/s1600/nossa-bandeira-nunca-sera-vermelha.gif.750x0_q95_crop.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="504" data-original-width="720" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtBUjiMULIBkm7IYsJcwtQhT4TTYTdSS2osHma8B57Qw1CqaiP6oRWd7Uv72b2gJLyQx7r14ohfKkxM3oSzXbqnvWgfciS9WQ0OzlKMu9gGsq6PCYvH8jAAI8z3phYxxnLfQ2MwSV57us/s320/nossa-bandeira-nunca-sera-vermelha.gif.750x0_q95_crop.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />
No dia 25 de fevereiro registramos o primeiro caso de corona-vírus, marcando o
início da chegada da epidemia a terras brasileiras.<br />
<br />
Nestes pouco mais de dois meses, a situação mundial mudou muito, com medidas de
isolamento social, queda abrupta da atividade econômica e disseminação rápida
do vírus ao redor do mundo.<br />
<br />
Conhecido por sua alta taxa de infecção, o vírus migrou de seu epicentro
inicial na China, que conteve sua transmissão com medidas agressivas de
testagem e quarentena, rumando para Europa e finalmente chegando ao atual
epicentro nos Estados Unidos, alcançando a marca oficial de mais de um milhão
de infectados em terras estadunidenses e três milhões no mundo.<br />
<br />
Por se tratar de um vírus que contamina pelo ar e de pessoa a pessoa, numa situação
em que não existem ainda nem vacinas nem tratamentos comprovados, as únicas
armas eficazes contra o vírus são a testagem e o isolamento social. <br />
<br />
Os testes, se realizados aos milhões e com centenas de milhares todos os dias,
como feito no Vietnam, Coréia do Sul e China, permitem que se identifiquem os
focos de contaminação e as cadeias de transmissão, controlando os infectados e
aqueles com que conviveram, permitindo que o surto seja monitorado. Isto
permite que o isolamento seja feito com precisão e, assim, da forma mais eficaz,
isolando infectados e impedindo que a disseminação se dê de forma
descontrolada. <br />
<br />
Juntas, estas medidas permitem que ganhemos tempo para surgimento de vacinas e
tratamentos e impedem que o sistema de saúde entre colapso, ou seja, que um
número enorme de pessoas adoeçam ao mesmo tempo e, assim, falte leitos e atendimento
a todos que precisem.<br />
<br />
Na contramão de tais medidas, vemos nosso país alcançar recordes no que diz respeito
ao vírus: Somos o país com a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>maior</u></b>
taxa de infecção entre países pesquisados no mundo (cada infectado transmite
para, em média, 3 pessoas); com um dos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>menores
números de testes realizados</u></b> (dados oficiais apontam que realizamos no
total 132 mil testes, o equivalente ao que o Reino Unido testa em um dia) e com
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>uma das maiores subnotificações</u></b>,
ou seja, diferença entre números oficiais e números reais ( 9 em cada 10 casos
não são detectados).<br />
<br />
Todo este cenário projeta a sombra de um número entre 1 e 2 milhões de mortos
por decorrência direta do Covid19, sem levar em conta as mortes indiretas por
outras complicações, causadas pelo colapso do sistema de saúde. <br />
<br />
Desnecessário dizer que a maior parte destas serão de trabalhadores, pobres,
moradores das periferias, por conta das dificuldades de acesso a serviços de
saúde, condições sanitárias e condições socioeconômicas. As pesquisas recentes
demonstram claramente: o vírus foi trazido pelos mais ricos e hoje os que morrem
e adoecem já são os mais pobres.<br />
<br />
Neste cenário, confusão e dúvida surgem na população, incentivadas pelo governo
de genocidas que atualmente preside o país, através da figura de Bolsonaro.
Todo tipo de mentiras e minimização da realidade da doença são feitos, levando
a população a embarcar no “carro da morte” da doença. <br />
<br />
Não que os governadores estejam fazendo diferente. A disputa entre eles é
meramente eleitoral e política feita em cima de cadáveres. <br />
Todos eles cedem a pressão dos empresários, industriais e banqueiros
brasileiros que diziam, há algumas semanas, que iriam morrer apenas “7 mil” e
que “a economia não pode parar”, exigindo que os trabalhadores voltassem a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>trabalhar, se amontando nos locais de
trabalho e<br />
transportes, acelerando a infecção. <br />
<br />
Juntos, Bolsonaro e os governadores parecem apostar numa ação genocida clara:
subnotificar o número de infectados e mortos, afinal, se não há testes, não
aparecem novos casos, logo, podem dizer que “a situação não é tão ruim” e
pressionar para “tudo voltar ao normal”, jogando o povo nos braços do vírus.<br />
<br />
Por outro lado, não apenas salários foram cortados, contratos foram suspensos e
milhares de demissões aconteceram; nem sequer a miséria de 600 reais chegou a
todos que precisam. Já aos bancos, 1,3 trilhões em auxílio foram entregues na primeira
semana.<br />
<br />
Dessa forma o que aconteceu era inevitável: No final de abril, incentivados
pelas mentiras de que o vírus seria uma “gripezinha”, a curva de propagação cresceu
tanto quanto diminuiu o isolamento social e qualquer possibilidade de abertura
sumiu do horizonte. Pelo contrário, o que vislumbramos agora é o chamado “lockdown”,
ou seja, a obrigatoriedade de isolamento total. <br />
Ainda assim, o ritmo das coisas aponta que seremos o próximo epicentro da
doença, com o sistema de saúde colapsando neste próximo mês, sendo um dos
países em que o vírus causará mais estragos e mortes.<br />
<br />
Mas precisaria ser assim? Não existiria uma outra forma de organizar as coisas?<br />
<br />
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Temos de chamar o problema pelo nome</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Em tempos de
crise fica evidente a falência da forma de organizar a economia e a sociedade
que nos domina, chamada de capitalismo.<br />
O Brasil é a prova viva disto. <br />
<br />
Todas as particularidades da vida social, política e econômica brasileira apontavam
que seríamos um dos mais afetados. Um país com 104 milhões vivendo com 413
reais por mês, com 57 milhões de trabalhadores ou na informalidade ou no
desalento/desemprego, com cerca de metade dos brasileiros sem acesso a esgoto,
13 milhões vivendo em favelas e alto número de pessoas vivendo em casas
pequenas e aglomeradas, não poderia ver outro resultado. <br />
<br />
Entretanto, a preparação e ação dos governos dos patrões não teve nunca o
objetivo de proteger os mais pobres e vulneráveis. Pelo contrário: suas ações
todas foram para proteger as grandes empresas e grandes bancos, enquanto fazem
chantagem com o trabalhador. <br />
“Ou aceita corte de salários, ou são demissões em massa”; “Ou aceita as
reformas, ou não tem dinheiro para auxílio” e, assim, seguem as filas enormes,
ajudando na infecção, de trabalhadores sem sustento esperando 600 reais ou
muitos voltando a vender coisas nas ruas, trens e ônibus, como única fonte de
sustento da maioria de trabalhadores informais.<br />
<br />
Já aos bancos foram dados trilhões e às grandes empresas isenções de imposto
sob matérias primas importadas, isenção de pagamento de INSS, isenção de
impostos, possibilidade de demitir sem pagar rescisão contratual ou FGTS, etc.<br />
<br />
Nem mesmo as pequenas empresas foram ajudadas. Assim como com os trabalhadores,
os governos ofereceram um belo “presente de grego”: “Não tem salário ou verba
pra tocar a pequena empresa? Ora, faça um empréstimo!”.<br />
Com isto beneficiam os grandes bancos e já deixam claro o legado da epidemia aos
que sobreviverem: todos endividados, trabalhando ou funcionando para pagar
juros aos bancos. <br />
Vale dizer, inclusive, que ao invés de baixar, os bancos aumentaram seus juros,
fazendo chegarmos a mais de 60 milhões de negativados e um terço de endividados
no Brasil.<br />
<br />
A realidade é simples: sem salário não existe como o peão manter isolamento.
Sem ele e sem testes não existe como saber a situação da epidemia ou controla-la.
E o preço a se pagar já aparece: pobres e periféricos mortos, enterrados sem
atestado de óbito, sem velório e em valas comuns.<br />
<br />
Parece que para estes, esse preço é tranquilo de ser pago. O nome dos nossos
inimigos é o capitalismo e seus donos são os grandes capitalistas.<br />
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br />
E num “Brasil Comunista”, como seriam as coisas?</b><br />
<br />
Não é difícil perceber que no capitalismo tudo se produz movido por um
interesse: o lucro. Não são as necessidades humanas que importam aqui. Apenas
aquelas que podem gerar lucro. <br />
<br />
Da mesma forma, o que domina na produção de bens e serviços é a “anarquia”. Não
existe plano comum de o que e quanto será produzido. Tudo é decidido de acordo
com a lucratividade por pouquíssimos – e riquíssimos - bancos e fundos de
investimento, muitos deles estrangeiros, que controlam as grandes indústrias e
são donos das terras e grandes serviços. Por isso fomos, em geral, pegos de
surpresa, sem estoques para lidar com a pandemia.<br />
<br />
O comunismo e socialismo tem sido falsificados e distorcidos para servir de
espantalho que assusta uma população pobre já amedrontada pelas difíceis condições
de vida. Para essa “malhação do judas” se unem empresários, bolsonaristas,
pastores e todo tipo de explorador da miséria do povo. E porque fazem isto? <br />
<br />
Não será porque são estas ideias que oferecem uma resposta que beneficia o povo
e, assim, ameaça a concentração de riqueza que estes arrancam deste povo?<br />
<br />
Por exemplo: <br />
Hoje no Brasil não faltam apenas testes, apesar de universidades como USP e Unicamp
terem desenvolvido métodos de produção baratos e rápidos, tornando possível sejam
produzidos nacionalmente e em massa. Também os chamados “EPI’’s”, como luvas,
máscaras, coletes, são escassos, como cerca de 50% dos médicos denunciam. A
quantidade de respiradores, essenciais para manter vivos os que desenvolvem
falta de ar, é enorme também.<br />
<br />
Num Brasil socialista, o Estado, que só poderia sair de uma revolução feita
pelos debaixo, trabalhadores e pobres das cidades e interior, tomaria o
controle de toda a grande propriedade. <br />
<br />
Não, não estamos falando da sua escova de dente ou seu Iphone e também não
falamos da sua lojinha de capinhas de celular ou o bar da esquina. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Falamos das grandes mineradoras, das
grandes porções de terra nas mãos de multinacionais, das fábricas de veículos,
dos grandes bancos e seu capital e das gigantes redes de comércio</b>.<br />
<br />
Hoje, em meio a crise epidêmica, temos um cenário inacreditável: a capacidade
ociosa, ou seja, a capacidade de produção da grande indústria brasileira que
não é usada, é a maior em 20 anos!<br />
O setor de produção de veículos conta com 65 fábricas e, nestes meses, 64 ou
pararam ou usam menos de 1/3 da capacidade produtiva. Estas fábricas juntas
podem produzir 5 milhões de carros em um ano! <br />
Porque raios não são reorganizadas para produzir em massa milhões de
respiradores baratos como os, também, pesquisados pelas Universidades?<br />
<br />
O setor de vestuário teve uma queda vertiginosa na produção, usando hoje apenas
25% da sua capacidade produtiva! Justamente as fabricas que podem fazer
aventais, coletes, máscaras, luvas aos milhões, sem grandes transformações em
sua estrutura de produção estão paradas, como se não houvesse necessidade destes
bens!<br />
<br />
Num Brasil socialista, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">as necessidades da
população seriam o motor da economia e a “anarquia” não dominaria a produção</b>:
<br />
- Nessa situação todas as mineradoras colocariam sua extração a serviço não de
exportar para lucro, mas de buscar insumos necessários a produção de bens
industrializados para combater o vírus.<br />
- As grandes porções de terra produziriam alimentos vendidos barato nas cidades
e produziriam em massa bens agrícolas e insumos necessários a indústria de
combate ao vírus. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><br />
- Todas as grandes fábricas automotivas e de vestuário seriam reorganizadas para
produzir milhões de respiradores e centenas de milhões de luvas, máscaras e
aventais.<br />
- Controlando o sistema financeiro, bancos e o crédito, o Estado não
endividaria sua população em meio a ameaça de morte: Ofereceria crédito barato
para os pequenos negócios essenciais continuarem funcionando e subsidiaria com
salários dignos os trabalhadores para que pudessem ficar em isolamento o tempo
necessário.<br />- Todos os grandes complexos hospitalares seriam colocados a disposição do público, com leitos privados sendo estatizados e colocados a serviço das necessidades coletivas.<br />- Com o monopólio do comércio exterior nas mãos do Estado socialista, os
bilhões que viessem do comércio internacional seriam colocados a serviço do plano:
Dezenas de milhares de leitos de UTI seriam produzidos, bilhões seriam
investidos na pesquisa de tratamentos sérios, vacinas e equipamentos de proteção
e respiradores.<br />
<br />
Tudo isto, é claro, só poderia vir de uma sociedade socialista construída e
controlada pela forma mais democrática já vista pela humanidade:<br />
A auto-organização direta, composta por representantes eleitos e revogáveis
diretamente pelos trabalhadores e pobres em cada local de trabalho, nos bairros
e cidades, algo totalmente diferente desta democracia falsa, que é uma
democracia para os ricos e uma ditadura para os pobres, em que dominam os
empresários através dos “políticos profissionais’ que só defendem os seus
interesses econômicos. <br />
<br />
Seria também distinta, é claro, de modelos socialistas anteriores que, por suas
particularidades, degeneraram e se transformaram em ditaduras burocráticas, nas
quais o poder político dos trabalhadores foi tomado por uma casta social que
usa a bandeira comunista para confundir e manter seus privilégios materiais.<br />
<br />
Organizados desta forma, os trabalhadores teriam as ferramentas diretas para
atuar politicamente, controlar seus representantes e seriam capazes de definir
com clareza suas necessidades, as quais seriam as bases do plano econômico de
combate a crise e manutenção de suas vidas.<br />
<br />
Num Brasil Socialista, haveria democracia e - porque não? – muitos partidos
para os trabalhadores debaterem as melhores políticas para a crise, em base a
uma sociedade em que a grande propriedade privada, a acumulação de capital e a
grande exploração do trabalho alheio fossem proibidas. <br />
Neste cenário, é claro, diriam aqueles patrões que trouxeram a doença ao país e
hoje se escondem em suas casas na praia, condomínios e bunkers: “Seria uma
ditadura para nós!”. <br />
<br />
Precisamente. E pela primeira vez na América do Sul, veríamos um governo das
maiorias trabalhadoras, trilhando o caminho da transição ao socialismo e, com
isto, lançando uma nova onda de transformações revolucionárias nos demais
países do mundo, rumando para a sociedade comunista, sem classes.<br />
<br />
Ao responder isto, os capitalistas nos dão uma ótima lição: Da mesma forma como
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>compreendem o que seria uma ditadura da
maioria trabalhadora contra eles, uma minoria exploradora do trabalho alheio, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>temos de compreender o que é e a
necessidade de nos libertar desta atual ditadura de patrões</u></b>, maquiada e
protegida.<br />
<br />
É só isto o que nos impede de abrir as portas para um novo mundo. E este mundo,
nesta crise, se mostra não apenas possível, mas absolutamente necessário. <br /><br /><br />Fontes:<br /> <a href="https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-04/coronavirus-pesquisa-mostra-que-50-dos-medicos-acusam-falta-de-epi">https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-04/coronavirus-pesquisa-mostra-que-50-dos-medicos-acusam-falta-de-epi</a><br /><br /><a href="https://oglobo.globo.com/economia/com-coronavirus-industria-tem-maior-nivel-de-ociosidade-em-quase-20-anos-24409871">https://oglobo.globo.com/economia/com-coronavirus-industria-tem-maior-nivel-de-ociosidade-em-quase-20-anos-24409871</a><br /><br /><a href="https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/nove-em-cada-dez-casos-de-covid-19-nao-sao-detectados-no-brasil-diz-estudo.shtml">https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/nove-em-cada-dez-casos-de-covid-19-nao-sao-detectados-no-brasil-diz-estudo.shtml</a><br /><br /><a href="https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/05/04/endividamento-se-acentua-e-pode-ser-um-dos-legados-da-crise-do-coronavirus.ghtml">https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/05/04/endividamento-se-acentua-e-pode-ser-um-dos-legados-da-crise-do-coronavirus.ghtml</a><br /><br /><a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52509734">https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52509734</a><br /><br /><br /><o:p></o:p></span></div>
<br />Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-20614715280353448232020-04-24T15:03:00.002-07:002020-04-24T15:04:40.375-07:00Queimando fusível.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQZ18g4Q8ezFyil21BfaiPL2TrfWbBu8Zu5qyShsaP3I_b1ygsSoVV1R6ZbnoDdlpDtpGl5E8aoaAX2GWeszQmiuT1fcO6dkO_f52p8JTwuEOMM9dxMLMJh8KRoOE6wBhHgJDV3ZaE6e0/s1600/IMG-20200424-WA0069.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1426" data-original-width="1439" height="317" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQZ18g4Q8ezFyil21BfaiPL2TrfWbBu8Zu5qyShsaP3I_b1ygsSoVV1R6ZbnoDdlpDtpGl5E8aoaAX2GWeszQmiuT1fcO6dkO_f52p8JTwuEOMM9dxMLMJh8KRoOE6wBhHgJDV3ZaE6e0/s320/IMG-20200424-WA0069.jpg" width="320" /></a></div>
Apertaram o botão pra queimar o miliciano. Barragem da Globo e "frente única" da mídia burguesa.<br />
A esquerda vai embarcar sem nenhuma delimitação, vai vender a queda de Bolsonaro por alguma via, como vitória, ajudando o teatro (ela mesma nem compreende ou finge pra se manter segura); Mourão assume como a cara da moderação (o cara que curte um Ulstra e a "democracia que começou em 64") contra o "mal de todos os males" Bolsonaro.<br />
Moro, que aparece como "incorruptível", o paladino da lava jato, vai aparecer no multishow, gnt, entrevista, carreata, daqui até 2022 dois anos de campanha eleitoral.<br />
Mourão lá em cima, Bozo enterrado, esperam dar um "reboot" no sistema.<br />
<br />
Agora voltou tudo ao normal, tá gente? Não tem mais o maldoso mor, só os canalhas invisíveis ou pouco conhecidos que estavam com ele até agora.<br />
<br />
O plano fundamental: quebrar a organização do trabalhador, diminuir o preço do trabalho (reformas trabalhista e previdenciaria, ataque ao direito do trabalho) e ampliar a subordinação da economia brasileira primarizada aos interesses gringos (exporta soja e importa máquinas). São business, afinal. Fazer o país atrativo para a superexploração das multinacionais, quebrando a renda e vida dos peões e oferecendo carne barata no mercado. Se comprometem a nao tentar nenhum passo industrializa te autônomo: a gente vende baba e compra maquinário, tá tio Sam? Tudo a pleno vapor.<br />
<br />
Em 2022, "nos braços do povo", o grande defensor da lava jato, redimido de qualquer mancha causada por intercepts, pega a taça do "moderado" mourão e, assim, esperam que essa enorme crise de representatividade e legitimidade das instituições, que vem desde 2013, tenha enfraquecido. Reboot completo. Exploração ampliada e renovada.<br />
<br />
Tudo isso em cima de cadáveres e valas comuns.<br />
E tem gente que nem vai se ligar que, no fim, todo esse processo foi, é e seguirá sendo tutelado pela força das armas (como sempre, mas nesse caso, de forma evidente) do exército e demais forças. Não existe espaço pra oposição não domesticada e satisfeita com o banquinho da minoria.<br />
<br />
Vão passar a renovação da lei antiterrorismo e monitoramento (que já tá rolando em SP) agressivo nas redes sociais e provedores de internet (um dos projetos exige CPF pra ter rede social e programa do governo pra monitorar cada acesso de cada provedor de internet). Monitoramento e arapongagem voltada a qualquer mexida de músculo nas periferias, sindicatos e locais de trabalho.<br />
<br />
E qualquer ilusao nessa "democracia" ou "estado de direito", que nunca chegou aos pobres e explorados, vai ser mais danosa e criminosa pros interesses do povo do que tem sido.<br />
A república tutelada de 88 gerou a ditadura velada de 2020 em diante.<br />
<br />
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/04/ala-militar-se-ve-traida-e-discute-se-segue-com-bolsonaro.shtml<br />
<br />Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-86701059940125393242020-04-21T00:06:00.001-07:002020-04-21T00:06:36.711-07:00O nó histórico dos trabalhadores na epidemia<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3ZKgTT6IyWkA5QxIDbzaq-ltviI6ezhUobq6ntlxkRTIZbdNIR15tM1k3wWhkqBbgz94UWAV-gALGuP-kBWNM5cpoUNnKi9fd6lI3ZM44cxkiVq6_DFzUA4g3aN2WbMltlVEapK6zlRM/s1600/images+%252810%2529.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="430" data-original-width="700" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3ZKgTT6IyWkA5QxIDbzaq-ltviI6ezhUobq6ntlxkRTIZbdNIR15tM1k3wWhkqBbgz94UWAV-gALGuP-kBWNM5cpoUNnKi9fd6lI3ZM44cxkiVq6_DFzUA4g3aN2WbMltlVEapK6zlRM/s320/images+%252810%2529.jpeg" width="320" /></a></div>
<div>
A epidemia avança.</div>
<div>
Longe de proteção e auxílio, o que encontramos é um Estado que não testa, logo, não tem, nem oferece clareza sobre qual é o real número de infectados e mortos e cujas medidas todas se encaminham a transferir verbas trilionárias para bancos, endividar pequenas e médias empresas e trabalhadores e avançar em reformas vendidas como "incentivo a gerar empregos", mas que são preparação para o novo normal da superexploração do trabalho. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Governos que regulamentam a superexploração enquanto nem sequer entregam o vale miséria prometido de 600 reais aos trabalhadores desesperados. O resultado vemos: bairros nobres com menos mortes e pobres com hospitais lotados e mortes cada vez maiores.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Sem saídas, lutamos como podemos. Entregadores de aplicativo fazem manifestações pelas ruas das cidades por equipamentos de proteção e remuneração digna, trabalhadores do telemarketing se rebelam contra sua determinação como essenciais (ao lucro ou ao combate ao vírus?), desempregados e informais nas favelas buscam sua autoorganização e se viram na base do "nós por nós". </div>
<div>
<br /></div>
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Paraisópolis guia esse caminho, com milhares de trabalhadores organizando suas ruas e necessidades sanitárias e alimentares na favela. Os "presidentes de rua" materializam essa ação autoorganizada e direta.</div>
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<br /></div>
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Não existe solução para esta crise, em suas dimensões econômica e sanitária, pelas mãos destes governos e da elite burguesa.</div>
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<br /></div>
<div>
Ainda que aparentem disputar, governadores, congresso e Bolsonaro, convergem no fundamental: aproveitam a subnotificação causada pelo acobertamento e falta de testes para manter a exploração absurda dos trabalhadores, manter a máquina econômica girando mesmo que isso signifique infecção em massa e resgates trilionários aos bancos e grandes grupos. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Não fosse isto, no Epicentro da Pandemia em São Paulo, Covas e Dória, marketeiros profissionais, não estariam mantendo toda indústria funcionando e, na última semana, não permitiriam que igrejas e lojas comerciais de diversos tipos estivessem abrindo. </div>
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<br /></div>
<div>
O isolamento social, a única forma de proteger a população do vírus enquanto não houver vacina e tratamento, está por um fio: sem salário para ficarem em casa, com a pressão de bolsonaro diminuindo a gravidade dos fatos e com os patrões pressionando pelo fim do isolamento, cai o índice de isolamento (devidamente monitorado pela inédita quebra generalizada de sigilo de informações de localização pelas operadoras de celular para o Estado, medida autoritária que vai seguir depois disto tudo)</div>
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<br /></div>
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Estamos num nó histórico.</div>
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A consciência de classes dos debaixo, extremamente atrasada, não avança caso não existam exemplos de novas formas de organização, impulsionados pela situação econômica. </div>
<div>
Por outro lado, as novas formas de organização (que aparecem embrionariamente em paraisopolis, entregadores de app, luta nos call centers) não conseguem se generalizar e avançar para patamares políticos, acima das explosões espontâneas de luta pelas condições mínimas, se a consciência de classe dos trabalhadores não avançar.</div>
<div>
<br /></div>
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A situação de desagregação econômica exige ações de solidariedade e compromissos mútuos entre empregados e desempregados (e hoje entre as diversas subcategorias de trabalhadores).</div>
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<br /></div>
<div>
Hoje por hoje, no entanto, as grandes centrais sindicais como CUT, CTB, Força, junto de seus partidos, se fecham em suas redomas e se resumem a dois tipos de ação: teatro parlamentar e falatório de internet. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
De nenhuma maneira, e nisso estão acompanhados das organizações de esquerda menores, se ligam aos trabalhadores citados, que se rebelam em meio a este absurdo. Patrões demitem milhões, cortam salários em 70%, nada os leva a fazer nada além de notas de repúdio.</div>
<div>
<br /></div>
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Não é que apenas não organizam nada, nenhuma ação, nem mesmo de caridade ou entrega de alimentos para os trabalhadores desempregados e informais, absolutamente desesperados nessa situação. </div>
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<br /></div>
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É que não movem um dedo sequer para criar estes laços mútuos de solidariedade entre empregados e desempregados. Entregam assim dezenas de milhões no colo da extrema direita bolsonarista e suas mentiras</div>
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<br /></div>
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E porque isto seria importante?</div>
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<br /></div>
<div>
Além do evidente sentido de auxílio básico por organizações de trabalhadores para aqueles sem qualquer alternativa, tendo de escolher entre a fome e a infecção, há um aspecto estratégico incontornável:</div>
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Os debaixo só vão encontrar uma solução e gestão para essa crise sanitária e econômica quando e na medida em que formarem uma UNIDADE dos debaixo, explorados, trabalhadores.</div>
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<br /></div>
<div>
Só esta unidade tem força e interessa a todos nós sofrendo o grosso da crise, em sangue e suor. Se depender da elite economica, seremos apenas buchas de canhão, números em planilhas fazendo a conta engordar, enterrados em valas comuns como no Equador, Itália ou Nova York.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Aproveitar a experiência citada nestas lutas pontuais, generalizar os métodos de Paraisópolis (imaginemos a escola de guerra e o avanço de consciência entre nós peões com as fábricas formando "presidentes de seção", quebradas formando "presidentes de rua", call center formando "presidentes de sala de operação", etc) apontam para um projeto de poder, uma forma de sociedade distinta e para organismos concretos sob os quais poderia se basear a ação e organização dos debaixo. </div>
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<br /></div>
<div>
Essa luta seria de início pela manutenção das condições de saúde e alimentação nas empresas que funcionam, nos bairros, nas quebradas. </div>
<div>
Mas inevitavelmente entraria no caminho político, pois iria provocar reações agressivas do poder estatal e para-estatal. </div>
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<br /></div>
<div>
Imaginem o desespero das frações da burguesia com uma explosão de autoorganização nas quebradas, locais de trabalho e fábricas? Imaginem se estes "presidentes" passam a se organizar juntos, tirar ações conjuntas, exigir reivindicações juntos, impor ações, organizar as fábricas para produzir bens contra o vírus, tomar prédios para que os sem casa se protejam, começar a questionar a base da sociedade: a propriedade burguesa acima da vida operária? Isso é intolerável para o comando capitalista.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Ensinaria muito a um nascente corpo de direção dos trabalhadores.</div>
<div>
Levaria a implantação desigual em cada lugar (num bairro sem trafico seria de um jeito, num com tráfico de outro, com milícias de outro), a necessidade de manobras e desvios, a muita organização e solidariedade. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
De toda forma, sem sombra de dúvida faria avançar duas coisas fundamentais: a consciência de classe e o protagonismo da classe trabalhadora na gestão da crise, por meio de gerir a sua vida durante ela e buscar atender os seus interesses sem a mediação desse organismo que NÃO o serve: o Estado burgues, que só serve aos patrões, como essa crise está provando dia a dia. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
E esse caminho seria fundamental para cortar o nó e também materializar de uma frente única na ação, por parte de toda esquerda, retomando os laços quase inexistentes dessa com a multidão de explorados. Nesse espaço a disputa dos revolucionários seria dura, mas enormemente instrutiva, formadora para seus quadros e para todos trabalhadores.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Apenas uma unidade dos debaixo, trabalhadores, desempregados, pobres sem renda e favelados, poderia apontar para uma gestão da crise que preserve suas vidas e, nessa luta, conduza inevitavelmente para um outro projeto de sociedade e vida.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Fora disso, o que sobra, no entanto, é teatro parlamentar e imobilismo sindical que, com o passar dos dias e da gravidade da situação, tendem a ficar para trás e dar lugar as explosões espontâneas dos oprimidos. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Tudo reside, então, na capacidade dos e das que se reivindicam revolucionárias se prepararem para fomentarem, ajudarem a organizar, se somarem e conduzirem este tipo de ação por uma outra forma de sociedade. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Nesse caminho, abandonar os "salva vidas" do sistema é imprescindível. Não há reforma duradoura nesse sistema. O Estado de "direito" é uma fábula que nunca chegou, menos ainda agora, aos trabalhadores e pobres. O caminho se aponta em cada uma das lutas que surgem para a superação desse sistema e regime político.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
É preciso, no momento preciso, organização e ação.</div>
Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-76099970767133074492020-04-02T16:46:00.000-07:002020-04-02T17:45:31.292-07:00O Darwinismo social como política de Estado nos tempos de Corona<div dir="ltr" id="docs-internal-guid-1a4dec1f-7fff-cac9-2977-064206eef94e" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3aZWjYu_6jA_Z31873306xj4b_1HonPbFLdWTMciN1JtyrByboYhfGD2n5Uof5eRQ8a7H2M3M-uAxg6P1zz53BQvxyJFrLMzhQeYtvcR0YwbuXKhBR6IqLD0YQcV8p7g5zYORsGFDQNM/s1600/images+%25289%2529.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="400" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3aZWjYu_6jA_Z31873306xj4b_1HonPbFLdWTMciN1JtyrByboYhfGD2n5Uof5eRQ8a7H2M3M-uAxg6P1zz53BQvxyJFrLMzhQeYtvcR0YwbuXKhBR6IqLD0YQcV8p7g5zYORsGFDQNM/s400/images+%25289%2529.jpeg" width="400" /></a></div>
O Darwinismo social como política de Estado nos tempos de Corona<br />
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O Darwinismo social, esse conjunto de idéias arcaicas, baseadas numa tentativa de transpor conceitos da biologia ao mundo social, de "sobrevivência do mais apto", sempre serviu a justificação de políticas em que as populações mais pobres, os trabalhadores, eram o foco principal e vulnerável.<br />
<br />
Tal idéia defendia que determinadas pessoas possuiriam características biológicas e, importante, sociais, as quais as fariam superiores, sendo assim, mais aptas a sobrevivência. O controle demográfico, ou seja, da quantidade e distribuição da população, deveria e se daria dessa forma.<br />
<br />
Uma sociedade dos mais aptos então deveria ser fomentada através de políticas públicas.<br />
<br />
Não espanta que tal idéia, absurda e reacionária, tenha sido base para Eugenia (manipulação e superioridade de determinados genes humanos), o fascismo e o nazismo.<br />
<br />
Numa sociedade dividida em classes, divisão esta que os governantes burgueses tratam de sempre maquiar e negar, o Darwinismo social não é nada além de genocídio e extermínio, orientado pela classe dos indivíduos.<br />
<br />
Hoje, dia 2 de abril, com as bolsas de valores em alta puxada pela trégua anunciada entre EUA e Rússia em relação a produção e o preço do barril de petróleo, trégua nada banal e que revela a profundidade da crise econômica provocada pelo vírus que não permite uma aventura comercial com prejuízos orçamentários a todos países, notícias escabrosas tomam os jornais:<br />
<br />
No Brasil, já pelos 20 dias de paralisação parcial por conta do Vírus, não existe um sistema unificado e uma orientação central para a notificação dos casos confirmados, infectados e suspeitos de infecção por Corona Vírus.<br />
<br />
Os principais jornais do país, após pressão de enfermeiros, vazamento de documentos orientando a não notificação e alerta de médicos, demonstram que a subnotificação é GIGANTESCA e generalizada no país. Em alguns casos e cidades, para cada caso confirmado são 15, 20 e até 40 casos não notificados.<br />
<br />
Seguem, no entanto, governos e mídias, divulgando os nitidamente falsos números de apenas 6 mil infectados e 204 mortos até o momento.<br />
Centenas de valas são cavadas nos cemitérios já abarrotados, carros frigoríficos alugados para transporte de corpos, enterros sem velório, sepultamento sem atestado de óbito e, assim, caminhamos para um descontrole completo da epidemia no Brasil.<br />
<br />
Pelo planalto, o testa de ferro miliciano, apoiado e/ou orientado por parcelas importantes dos empresários, banqueiros e, com ênfase necessária, militares, continua a minimização da epidemia e força, por todas as vias, o afrouxamento do isolamento social.<br />
<br />
Seja pelo pronunciamento irresponsável, pela deturpação da fala do presidente da OMS (organização mundial de saúde), pelo atraso da liberação da indispensável e miserável ajuda de 600 reais, por suas andanças nos comércios, incentivando o desrespeito a quarentena e o povo a se arriscar e contaminar, todos seus atos são para que "a economia" se coloque acima das vidas.<br />
<br />
A subnotificação é, no entanto, a base real e criminosa para esta política que orienta as forças dominantes na política.<br />
<br />
Não se enganem os que pensam que os governadores, com Dória e seu marketing a frente, divergem e exercem pressão contra esta política. Não apenas seguem abertas fábricas, diversos comércios, callcenters, serviços que nunca foram declarados essenciais mas agora são, como muitos, dentre eles com mais ênfase Dória, bateram palmas para a MP do corte de salários e suspensão de contratos aprovada ontem.<br />
<br />
Sem que a massa de trabalhadores tenha clareza do enorme número de infectados, na casa das dezenas de milhares segundo projeções, além do número muito maior de mortes que não são notificadas por Corona, fica muito fácil manipular a opinião pública e forçar a exposição da base da pirâmide social a contaminação.<br />
<br />
A partir daí, o Darwinismo opera segundo a lógica.<br />
Os que tiverem a sorte de seu sistema imunológico resistir e algum recurso para se proteger/isolar por algum tempo, sobreviverão; os que não tiverem, infelizmente, morrerão e, muito provavelmente, sem velório, abraço ou despedida, nem sequer serão contabilizados nas estatísticas de mortos pelo vírus.<br />
<br />
Isso, óbvio, não se aplica aos da estirpe de Justus, dono do Madero ou qualquer figurão executivo empresarial ou estatal. Em seus bunkers, iates e mansões, apenas despacham, a distância, para que os criados lhes tragam alimentos, enquanto acompanham o andamento de seus rendimentos e lucros.<br />
<br />
Não é preciso, porém nunca é muito, lembrar que vivemos em um país em que 104 milhões (a metade da população) vive com 413 reais, com mais de 12 milhões de desempregados e 40 milhões de informais.<br />
<br />
Desse "caldo", é claro, que a proporção daqueles em condições de serem "aptos", nesta seleção nada natural, será muito menor do que neste topo parasitário e assassino, onde reside a elite econômica do país.<br />
<br />
Sem testagem massiva, identificando os focos de disseminação, os contaminados e aqueles suspeitos em seu círculo de convivência, com uma quarentena rígida garantida com salários pagos a todos trabalhadores para que fiquem em casa com sustento, não há nenhuma saída séria contra o vírus. E empresários e governos sabem disto.<br />
<br />
Impressiona, no entanto, o papel desempenhado pelos sindicatos e as esquerdas, sejam as liberais, sejam as ditas revolucionárias e até mesmo a centro esquerda social liberal, que caracteriza o PT.<br />
Estão de quarentena imóveis.<br />
<br />
Com os trabalhadores, literalmente, sendo sacrificados em praça pública, com demagógicas medidas de "proteção ao emprego", que na verdade são alívio de custos e proteção ao lucro do patrão, com cortes de 70% nos salários, demissões em massa e assédio generalizado para o peão ir ao trabalho, o que fazem estes "representantes do povo"?<br />
<br />
A maior central sindical do país, a CUT, paralisada, não organiza uma ação, nem a mais mínima...<br />
Não tem uma campanha de doação de cestas básicas sequer em seu site.<br />
A dita oposição parlamentar negocia no covil de cobras, a câmara de deputados, pela aprovação do "vale miséria", muito abaixo das mínimas necessidades de uma família e, quando muito, pedem encarecidamente para que Bolsonaro renuncie.<br />
<br />
Nenhuma greve geral, nenhuma tentativa para que aqueles mais afetados, os peões, opinem e tenham protagonismo na gestão desta crise, para que não sejam buchas de canhão, é feita.<br />
<br />
Enquanto isto, o vírus, trazido pelo governo e parte dos viajados membros da alta classe média e burguesia, começa a penetrar as fronteiras das periferias, favelas e fazer vítimas entre pessoas que, amontoadas em 5 pessoas em um cômodo e cozinha, não possuem água, saneamento e tem de se arriscar com o vírus pois sabem que a morte é certa.<br />
<br />
Neste Malthusianismo revisitado, não há recursos para pagar os salários dos trabalhadores para que fiquem em quarentena, mas há bilhões para dar aos bancos, para que, com este dinheiro público, emprestem, endividem o povo e pequenas empresas e, assim, lucrem com juros.<br />
<br />
Também é preciso cortar salários, mas mexer em um centavo que seja no lucro acumulado, graças ao trabalho do peão, nos caixas das grandes empresas e bancos, isso já é impossível.<br />
<br />
O Darwinismo social que acontece diante de nossos olhos é um dos crimes mais inomináveis que a elite econômica, com a cumplicidade da grande mídia burguesa e dos governos cometem contra o próprio povo.<br />
<br />
Um levante dos debaixo, greves selvagens contra o corte de salários, pelo confisco dos lucros, paralisações gerais pela isenção de cobranças de contas, pela indexação dos salários a inflação, para que subindo preços suba o salário, estas são a única via de abrir esta caixa preta de informações, para que saibamos a gravidade dos fatos e, assim, arranquemos, de quem fez fortunas a nossas custas, os recursos para sobrevivermos, nós e nossos parentes.<br />
<br />
Ou isto ou, entre demagógicas medidas de quarentena meia-boca e dados falsos, veremos milhões de mortes, com caixões lacrados, dados escondidos e lágrimas distanciadas.Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-42508159481090757782020-03-27T00:27:00.002-07:002020-03-27T00:38:19.836-07:00Trump, Bolsonaro e os patrões jogam poker com a morte: nossas vidas são as fichas.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEhxrRbzmwhrkFrVgVg8KQ8DMi1vQBWzJmnamQFBlHDhEUbbRVJr34KoBkqeOmlPdJyfh-_fLCe_Vg3oy9Ynla03TjEQLYRQg5kltqB0qYl4SmyRnGDuUoQarc_3JFGSL4FHZf8gFiU1k/s1600/12487_00.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="600" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEhxrRbzmwhrkFrVgVg8KQ8DMi1vQBWzJmnamQFBlHDhEUbbRVJr34KoBkqeOmlPdJyfh-_fLCe_Vg3oy9Ynla03TjEQLYRQg5kltqB0qYl4SmyRnGDuUoQarc_3JFGSL4FHZf8gFiU1k/s320/12487_00.png" width="320" /></a></div>
<br />
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Após o escabroso pronunciamento do grão-miliciano ocupando o Planalto, as mídias internacionais se ocupam de duas notícias, aparentemente contraditórias, mas incontornáveis.<br />
<br />
Os EUA superam o número de casos da Europa e China e se consolida como o novo Epicentro da disseminação descontrolada de Corona, com mais de 50 mil casos e 700 mortes confirmadas.<br />
<br />
Ao mesmo tempo, o chefe dos psicopatas ultraneoliberais, Trump, pressiona para que os EUA "voltem ao trabalho" até a páscoa, ou seja, daqui 15 dias, apostando na mesma narrativa asquerosa de Bolsonaro.<br />
<br />
Narrativa essa, baseada em mentir, desinformar e chantagear. Algo que, para os acostumados aos ofícios das milícias e do "big business" estadunidense, é especialidade da casa.<br />
<br />
Mentem quando dizem que os únicos em risco são os idosos e portadores de doenças crônicas e que apenas eles devem ser "tirados de circulação".<br />
A infecção de jovens pode e leva muitos deles a necessidade de UTI's e respiradores, o que causa a sobrecarga no sistema de saúde e pode levar os médicos a trágica "escolha de Sofia", ou seja, a ter de decidir tratar uma vida jovem e sacrificar a vida idosa, pela falta de equipamentos.<br />
Os jovens, inclusive, podem piorar e muito esse cenário pois, sendo em muitos casos assintomáticos, disseminam a doença sem saber e pioram o cenário do contágio.<br />
<br />
Desinformam quando, além destas mentiras, minimizam a capacidade de infecção do vírus e o período de tempo após o qual será possível voltar a normalidade. Para se ter uma idéia, para o Ebola, cujo surto explodiu nos países da África Ocidental em 2014/2015, só foi possível obter uma vacina em 2019, 4 anos depois!<br />
As vacinas atualmente testadas levarão não menos do que 14 meses para serem liberadas e, por enquanto, não existe nenhum tratamento para o Covid19. Tudo depende, então, da capacidade imunológica de cada adoecido e do sistema de saúde de apoiá-la.<br />
<br />
Chantageiam, assim, os trabalhadores com uma lógica aparentemente impecável: Se a economia e produção pararem, o número de mortes causado pela (anterior e inevitável) crise econômica será maior do que as mortes pelos vírus ou os salvos pela quarentena.<br />
<br />
Logo, qual sua solução mágica?<br />
Os trabalhadores devem fazer (mais) esse sacrifício e se arriscar/infectar para retomar a produção e, assim, aceitar que essa "gripezinha" será algo entre matar apenas uns 7 mil ou apenas aqueles velhos e doentes que já morreriam em breve, de qualquer forma.<br />
<br />
Essa foi a tentativa da cidade de Milão, na Itália, que após algumas semanas mantendo tudo aberto em meio a Pandemia, seguindo as orientações de outro psicopata, viu a completa sobrecarga de seu sistema de saúde e mais de 4 mil mortos.<br />
<br />
Trump e Bolsonaro, é claro, são figuras públicas a serviço dos verdadeiros donos do negócio, os banqueiros, industriais e grandes magnatas que pressionam por essa abertura e "retorno a normalidade".<br />
<br />
Vivemos um tempo em que Bancos, empresas, donos de restaurantes e lojas comerciais, tentam convencer o povo de que eles devem aceitar correr o risco de se infectar voltando ao trabalho, arriscando a vida de seus entes queridos para manter a economia capitalista. Ou isto ou a suposta "fome inevitável".<br />
<br />
Esse Malthusianismo revisitado, a serviço de uma política de Darwinismo social (sobrevivência de quem tiver muitos recursos econômicos e sorte biológica ) mostra, num retorno frequente as referências do século 19, o abismo imensurável de interesses e de vida entre a elite econômica burguesa e a maioria do povo explorado por ela.<br />
<br />
A burguesia é completamente divorciada, não tem nada em comum, nenhuma empatia e relação que não seja a de superexploração com a massa trabalhadora.<br />
<br />
Com um resgate de 1,5 trilhões feito pelo Banco Central para os bancos, dinheiro (público) este que vão usar para emprestar para as famílias e empresas quebradas, lucrando muito com juros das dívidas no meio desta crise, querem convencer que não há recursos!<br />
<br />
Com o lucro de 81,5 bilhões arrancados do povo pelos maiores bancos em 2019, sem falar nas bilionárias isenções e renúncias fiscais dadas a empresas e Bancos, querem, ainda assim, dizer que não há recursos para bancar a vida dos trabalhadores em quarentena!<br />
<br />
O presidente do Banco do Brasil, chega a dizer, num país em que bancos e empresas devem 500 bilhões em impostos ao INSS e a receita federal, que é um erro atribuir "valor infinito" a vida.<br />
<br />
A combinação da crise econômica e sanitária permite aos trabalhadores entender claramente que um sistema econômico que, cotidianamente despreza o papel do trabalhador e valoriza o patrão/empresário como gerador de riqueza, ao ser atingido por uma crise epidêmica se encontra absolutamente despreparado, sem estoques de máscaras, respiradores, álcool, tendo de paralisar todas suas atividades e, chegando ao limite, tem apelar com mentiras imorais àqueles mesmos trabalhadores que se arrisquem para manter os lucros fluindo, não serve, faliu, explodiu.<br />
<br />
Disto podemos tirar duas enormes lições históricas:<br />
<br />
O trabalho segue sendo a fonte que gera a riqueza. Sem o trabalhador produzindo, bens e serviços, não existe riqueza. E é nisto que reside a maior força social e coletiva da humanidade, a força dos trabalhadores. Com ela eles podem e devem definir como organizar a sociedade, a economia e a política para atender os seus interesses, os da maioria que tudo produz.<br />
Inclusive a de derrubar TODO este sistema econômico (junto de seus mandantes no Estado e nas empresas) e construir um que lhes interesse e acabe com a exploração e a dominação do lucro sobre a vida.<br />
A consciência de classe é a única saída para responder ao principal problema brasileiro e mundial: os antagonismos sociais de classe.<br />
<br />
A segunda lição é a de que existe a luta de classes e o abismo existente entre os interesses e a vida da elite econômica burguesa e da maioria do povo trabalhador é tão grande que eles preferem contar corpos de peões a contar cifras mais baixas de lucro.<br />
<br />
Número de corpos estes, é claro, maquiados, como todos os governos no Brasil tem feito, subnotificando infectados e mortos por Covid19 (a cada caso, são 15 não notificados), despreparando a população, num flagrante crime a humanidade.<br />
<br />
Se ensaia a abertura da porteira e, frente a frente com a morte, não a deles mas a nossa, frações da burguesia e seus papagaios na figura de Trump e Bolsonaro, se preparam para expor milhões, através da mentira, ao vírus, ampliando a disseminação. Jogam piscinas de gasolina no fogo.<br />
<br />
Jogam nossas vidas como fichas, apenas para ganhar alguma sobrevida política (enquanto sonham com a reeleição cada vez mais incerta) ou, quem sabe, uma saída com danos reduzidos. Nossas vidas estão abaixo de suas pretensões de poder.<br />
<br />
No Brasil, em live com governadores, Bolsonaro solta os cachorros no, não menos hipócrita, Dória.<br />
Entre as ofensas visando as eleições de 2022 (sua real preocupação), um gesto dá o sinal dos próximos capítulos: Mourão ri e faz negativo com a cabeça, como quem diz "cê tá achando que fica até 2022?".<br />
<br />
Não é segredo algum que Bolsonaro não foi o filho pródigo. Com Alckmin naufragando, tiveram de engolir o olavista.<br />
<br />
Mas há oportunidade melhor para lavar a cara dessa corrupta e podre democracia dos ricos, do que colocar, no meio da crise, um general (supostamente) "sensato", colocando o exército para "salvar a pátria" e reabilitar a confiança nas instituições? Tudo, claro mantendo os trilhões aos bancos e migalhas aos pobres, como a miséria dos 600 reais, prometidos pra tentar apaziguar o povo.<br />
<br />
Esta, sem dúvida, é a saída mais estável que as elites podem desejar. E nesse jogo, Bolsonaro já não é mais do que um morto vivo. Com sorte, pode sair sem ir preso ou com alguma garantia de imunidade aos crimes dos filhos.<br />
<br />
Numa democracia real, um governo dos trabalhadores, seria tratado como o que é, junto dos apoiadores patrões: genocidas e eugenistas sociais, criminosos contra a humanidade.Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-30745992162957469042020-03-24T22:29:00.001-07:002020-03-24T22:29:20.247-07:00Notas urgentes e essenciais sobre a situação da epidemia até aqui.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgGqwQZ8i8Y-DZrBQViZQT4UKOZbbzOY66kcJqtCTmlC0IWI3WyheHfiL77LhKCkgS2RsavWVM0m8uJe5MpX5RNEvbu8qF9MF0KMiQS5SXkL8LIXMh9wZHOjcc-SEDBzzUBMs_er2dHvg/s1600/images.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="552" data-original-width="555" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgGqwQZ8i8Y-DZrBQViZQT4UKOZbbzOY66kcJqtCTmlC0IWI3WyheHfiL77LhKCkgS2RsavWVM0m8uJe5MpX5RNEvbu8qF9MF0KMiQS5SXkL8LIXMh9wZHOjcc-SEDBzzUBMs_er2dHvg/s200/images.png" width="200" /></a></div>
<br />
1- Está mais do que confirmada a política estatal de subnotificação. Anunciam 1891 casos, mas médicos, especialistas e coordenadores de saúde na linha de frente apontam que este número é de 11 a 15 casos não notificados para cada infectado confirmado. Desse modo, estaríamos na casa dos 28 mil infectados.<br />
<br />
2- Esta política de subnotificação está ligada a falta de testes e a estratégia de combate escolhida pelos governadores e pelo governo federal. Suas diferenças são meras disputas eleitorais; no fundamental todos estão escolhendo a mesma política: Ao invés da supressão, escolheram a mitigação como forma de combate ao vírus.<br />
<br />
3 - Supressão foi a medida realizada pelos chineses e coreanos do sul e consiste em travar a cadeia de transmissão do vírus impondo uma quarentena rígida e testando pessoas com sintomas e qualquer um que se aproximou delas. Na Coreia e China essa foi a medida capaz de barrar o surto e reduzir drasticamente novos casos e mortes. "Mitigação" é a medida que estava sendo realizada na Itália e, inicialmente, na Inglaterra, que consiste em não suprimir a cadeia, mas dificultar um pouco a disseminação e gerar imunidade com a infecção da maioria da população. Após estudos de universidades inglesas, ficou comprovado que esta estratégia levaria a 520 mil mortos em 3 meses e a sobrecarga do sistema de saúde, assim como na Itália. Hoje, os ingleses deram "um cavalo de pau" e assumiram a estratégia da supressão, ou seja, acabar com a transmissão fechando cidades, impondo quarentena e realizando testes.<br />
<br />
4 - A subnotificação tem tudo a ver com a escolha dos governadores e, antes de tudo, Dória e Bolsonaro que, enquanto fingem se oporem, atuam juntos para manter as cadeiras produtivas em funcionamento.<br />
<br />
5 - Trabalhadores precarizados em telemarketing são declarados essenciais; segue o funcionamento de indústrias, com milhares de operários, de TODOS OS RAMOS; construção civil, obras públicas, estradas, transporte de todos tipos de cargas seguem funcionando.<br />
<br />
6 - Isso demonstra que, por debaixo do bate boca oportunista de Doria e Bolsonaro, com o governador de SP claramente buscando (como marketeiro que é) se diferenciar de Bolsonaro para criar uma falsa impressão de que luta contra o vírus e assim se localizar melhor na disputa eleitoral, está a realidade: essa FALSA OPOSIÇÃO esconde que ambos cedem as pressões das empresas, dos ruralistas, dos bancos, das igrejas, dos industriais e das bolsas para NÃO parar a produção e garantir os lucros fluindo, mesmo que as custas de vidas de trabalhadores. Aqui, a fração comercial da burguesia é a que decidiram que vai pagar a maior parcela do bolo, já que teve seus negócios fechados.<br />
<br />
7 - Tudo fica claro com as medidas tomadas: enquanto países chamados "socialistas", mesmo sem ser, como Venezuela e El Salvador, isentam cobranças de água, luz, gás, aluguéis e se comprometem a pagar salarios de empregados públicos e privados enquanto durar a quarentena, para realmente suprimir a disseminação, no Brasil, as medidas beneficiam apenas as empresas, seus lucros e, principalmente, os bancos: 68 bilhões entregues pelo Banco Central (ou seja, dinheiro público) aos bancos privados para que emprestem e criem mais dívida no povo; isenção de impostos federais, facilitação de compra de matérias primas e, recentemente, a medida provisória que permite (mesmo após revogar o ponto específico) suspender contratos e salários do trabalhador. Aos trabalhadores apenas se prometeu o chamado "vale miséria", de 200 reais, num país cujo salário mínimo deveria ser, para uma vida digna, de 4500 reais.<br />
<br />
8 - Coagidos a trabalhar, tendo de escolher entre se endividar/morrer de fome ou contrair o vírus e espalhá-lo, o ultraneoliberalismo brasileiro (e mundial) mostra, através das figuras sádicas dos figurões e de cada pequeno patrão, que este sistema econômico e social capitalista ultrapassou há tempos o limite da racionalidade e não pode servir mais a humanidade e as necessidades do povo; pelo contrário, quanto mais ele dura, mais sacrifícios, fome, miséria e doenças são impostas aqueles que vivem mês a mês de salário, produzem tudo mas sem ter a chance de guardar nenhuma economia que lhe permita sobreviver nestas situações gravíssimas. O lucro impede a vida.<br />
<br />
9 - Centenas de leitos sendo construídos não é, necessariamente, um sinal de "boa atitude" neste combate. Fazem justamente porque sua estratégia conta com a sobrecarga do sistema de saúde, com a não testagem dos suspeitos, em suma, contam com a morte de dezenas ou centenas de milhares (se não for pior).<br />
<br />
10 - Os trabalhadores PRECISAM abrir os olhos e entender que não é um problema de falta de recursos.<br />
Apenas o Itaú lucrou 28 bilhões de reais em 2019. As empresas e bancos devem mais de 500 bilhões de reais de impostos ao INSS (vulgo roubo do que deveriam contribuir a previdência ). Se fosse instaurado um imposto sob lucros, dividendos e grandes fortunas seria possível obter mais de 275 bilhões de reais. Para se ter ideia, para o "vale miséria" Guedes propôs apenas 15 bilhões.<br />
<br />
11- Quantos hospitais poderiam ser feitos? Quantos milhões de trabalhadores formais e informais, desempregados e empregados, poderiam receber salários para ficar em quarentena? Quantas máscaras, testes, álcool, poderiam ser distribuídos? Quanto se paga em sangue para se manter a lógica do lucro acima de tudo? E quem paga?<br />
<br />
12 - Precisamos agir rápido. Estamos as portas de uma catástrofe que pode vitimar mais de um milhão de pessoas, por Covid19 ou outras doenças por falta de Uti's. Os trabalhadores precisam realizar a pressão e luta por todas as vias possíveis e seguras, digitais e reais, para que a gestão dessa crise não seja paga com seu sangue. Para que haja ISENÇÃO de cobranças por pelo menos 4 meses, pagamento de salários, quarentena real e rígida e distribuição de proteção a todos. Só assim o vírus será parado.<br />
<br />
13- Essa responsabilidade é de todos nós, mas aquelas categorias com mais força tem um papel histórico central para impor nossa decisão. Ferroviários e Metrôviários, operários da indústria, motoristas de ônibus, caminhoneiros, precisam decretar greve e funcionamento apenas para necessidades essenciais de combate ao vírus. Transporte de utensílios médico-hospitalares, de profissionais no combate ao vírus e produção destes utensílios. Qualquer outro serviço deve ser totalmente interrompido. Se o Estado não permitir ou fizer, que os próprios trabalhadores se organizem e façam. Esse movimento é o único capaz de acabar com o assédio e coação para que trabalhadores NÃO ESSENCIAIS sigam circulando e contraindo o vírus.<br />
<br />
A hora é agora. Nossa vida já mudou. Resta apontar, nas idéias e nos atos, para o mundo que queremos que surja dessa catástrofe. E ele precisa ser coletivo, socializado e planejado. O oposto desse capitalismo podre e em decomposição.<br />
<br />Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-87595018969236371452020-03-17T12:17:00.002-07:002020-03-17T12:18:54.939-07:00Corona Vírus: A globalização capitalista é inviável biologicamente<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjefhlf96_Y_7rhWyHFllAicT7B8AX9-UKsRCfBQBsY-3V1Jm4F0NJrtHejXa14057bj3xrD6GkUDRu_mIcU8bp4AkUiQJWPc64QVzgrKUQFCj-w_hjIF4E_M5CblXU0OM6HHqR1u60Ceg/s1600/coronavirus-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="667" data-original-width="1200" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjefhlf96_Y_7rhWyHFllAicT7B8AX9-UKsRCfBQBsY-3V1Jm4F0NJrtHejXa14057bj3xrD6GkUDRu_mIcU8bp4AkUiQJWPc64QVzgrKUQFCj-w_hjIF4E_M5CblXU0OM6HHqR1u60Ceg/s400/coronavirus-1.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background: white; color: #1c1e21; line-height: 115%;">“Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem.”</span><br />
Esta frase não poderia se encaixar melhor para definir os acontecimentos dos últimos
dias.<br />
<br />
Hoje, dia 17/03, se confirma o primeiro falecimento em decorrência da doença – Covid19
- causada por corona vírus no Brasil. Até o momento são 200 casos, uma morte e
milhares de suspeitos em avaliação.<br />
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><br />
Pelo mundo, o epicentro do contágio migra da China, cujas medidas de contenção
e quarentena agressiva ajudaram diminuir a disseminação, para a Europa, com
Itália e Espanha sofrendo as piores consequências.<br />
Na Itália, cuja população idosa é proporcionalmente maior que a chinesa, a taxa
de mortalidade da doença chegou a 7,7%, bem acima de 2,3%, a taxa na China. <br />
<br />
A média de idade dos infectados é de 63 anos, geralmente com doenças
pré-existentes, sofrendo principalmente com os sintomas de insuficiência respiratória.
Por lá, somam-se mais de 23 mil infectados e 2150 mortos, em contraste com os
mais de 90 mil infectados na China, com cerca de 3200 mortos.<br />
<br />
A grande questão, que tem obrigado os governos de todo mundo a fechar
fronteiras e tentar impedir aglomerações e reunião de pessoas, ora com medidas
brandas, ora com ações rígidas de restrição, é que o Corona Vírus possui uma
taxa de infecção muito grande, tornando seu alastramento difícil de conter.<br />
<br />
Outra dificuldade está no fato de que muitos dos infectados são assintomáticos,
principalmente aqueles fora do chamado “grupo de risco”, como jovens e crianças
que, embora não desenvolvam a doença, podem espalhar de maneira acelerada o vírus
àquela porção da população mais vulnerável. <br />
<br />
Esta epidemia, em meio a já enfraquecida economia capitalista, operando em “banho
maria” com baixas taxas de crescimento desde a crise de 2008, se soma a guerra
comercial ao redor do petróleo e as incertezas decorrentes da dificuldade de
crescimento mundial.<br />
<br />
Uma verdadeira tempestade perfeita se ergue sob as nações do planeta, com
previsões de quarentena, forçada ou não, pelos próximos 3 ou 4 meses, quando se
espera que o vírus seja controlado e se avance em tratamento, medidas de
isolamento e vacinas. <br />
<br />
De fato, na atual etapa inicial do enfrentamento do vírus, a experiência da China
e Itália demonstra que o principal impacto do vírus é não tanto sua mortalidade,
mas a pressão que exerce sob os sistemas de saúde, desigualmente desenvolvidos,
em todo o mundo. <br />
<br />
Quanto menos restrições e medidas de controle de circulação, mais rápida a
disseminação do vírus e, assim, o contágio das populações de risco. Isto leva a
sobrecarga dos leitos de hospitais, UTI’s e sistemas de saúde em geral. <br />
<br />
O resultado da demora observamos nos corpos empilhados nas igrejas italianas e
a heroica – e arriscada - luta das enfermeiras, médicos e profissionais da
saúde para tentar garantir tratamento e cuidados para pilha de doentes que
tomam os hospitais.<br />
<br />
Disto surge o chamado cientifico a “tornar a curva plana”, em alusão a
necessidade de tomar medidas agressivas de restrição de mobilidade como forma
de controlar o ritmo do contágio e permitir que os sistema não seja
sobrecarregado por um pico descontrolado de infectados, cenário este que, no
caso do Brasil, se verificará nas próximas semanas caso não se aja rápido.<br />
<br />
A sobrecarga é, no entanto, praticamente inevitável quando falamos da atual
estrutura econômica e social capitalista em praticamente todas as nações do
mundo. <br />
<br />
Sob este sistema, o desenvolvimento é necessariamente desigual, pois responde a
divisão mundial do trabalho (ou seja, a relação de produção de bens entre aquelas
nações desenvolvidas e ricas, com economias baseadas nos serviços e as nações
subdesenvolvidas, periféricas, coloniais e semicoloniais, responsáveis pela
produção de bens agrários e extrativistas, pobres e/ou dependentes destas
nações capitalistas avançadas). <br />
<br />
Isto significa que uma crise deste porte necessariamente atingiria países como
a Itália ou Inglaterra, que contam com dezenas de milhares de médicos e
milhares de hospitais, de forma muito diferente de como atingiria Serra Leoa,
epicentro de outra crise epidemiológica com o Ebola, que conta com 245 médicos
e 80 hospitais. Até agora, apenas por sorte não se observou eclosões
catastróficas nas nações mais pobres.<br />
<br />
Essa discrepância absurda não tem nada de natural e corresponde às relações de
subordinação e exploração existentes entre as nações capitalistas avançadas, ou
melhor, os grandes bancos e conglomerados industriais destas e as nações
periféricas e dominadas, principalmente no Sul Global. <br />
<br />
Sendo assim, no “sistema de Estados” mundial, a epidemia tem um endereço muito
mais vulnerável e a catástrofe um terreno muito mais fértil nas nações pobres,
periféricas e semicoloniais.<br />
<br />
Na contramão dos fatos e expectativas, o fantoche de milícias e militares que
ocupa o palácio do planalto, passou de minimizar o impacto da crise como “uma
fantasia” a, num episódio estranho, característico de tudo que lhe envolve,
participar de uma delegação com 11 infectados que foi aos EUA e, ao que parece,
lhe transmitiu o Vírus, embora este diga que os testes deram negativo. <br />
<br />
É coerente com mais esta fanfarronada que ele se encontrou com apoiadores
alucinados neste final de semana.<br />
Apoiadores do terraplanismo e da teoria de que o Corona seria uma farsa,
juntaram algumas centenas para pedir o AI5 e fechamento do congresso e do STF –
além de transmitir o vírus-, incentivados pelos militares e pelo miliciano,
ambos interessados nos frutos políticos que podem conseguir com o pânico.<br />
<br />
Como quem tenta jogar panos quentes, Paulo Guedes, a verdadeira face dos bancos
e magnatas capitalistas, gringos e nacionais, anunciou um “pacote de
aquecimento” da economia com supostas “medidas de proteção ao emprego”.<br />
<br />
Neste, basicamente, distribui facilidades fiscais as empresas (possibilidade de
adiar o pagamento de tributos federais e o FGTS por meses;), créditos para
médio e microempresas, facilitação de compra de matérias primas e insumos pelas
indústrias e compra de linhas de crédito de bancos médios. <br />
<br />
Para o SUS, prometem destinar 4,5 bilhões do Fundo de amparo ao trabalhador e
liberar crédito, ou seja, empréstimo, de 5 bilhões para tanto o ministério da
saúde quanto o da educação. <br />
<br />
Nada de ampliação do número de leitos nos hospitais, de controle público sob os
leitos privados, de somas emergenciais substanciais para tratar dos infectados
e evitar o contágio. Para uma crise deste porte oferecem a cada ministério 2,5
bilhões em crédito, enquanto só em auxílio moradia a membros do Estado gastaram
3,5 bilhões em 2018!<br />
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><br />
Ou seja, ao invés de medidas de “proteção aos empregos” anunciam um enorme
pacote de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">“proteção aos lucros dos empresários
e bancos”</b>, como se, com estas facilidades, num país com já 14 milhões de
desempregados e 42 milhões de informais por conta própria, se beneficiasse as
maiorias trabalhadoras. <br />
<br />
Aos entregadores Uberizados, terceirizados sofrendo com as demissões e rotatividade,
trabalhadores de telemarketing e callcenter, camelôs, ambulantes, desempregados,
trabalhadores dos serviços, nenhuma medida eficaz. <br />
<br />
Para se evitar, de
verdade, o contágio e, assim, a sobrecarga no sistema de saúde, um conjunto de
medidas emergenciais deveriam ser feitas em benefício da maioria da população
trabalhadora:<br />
<br />
Não apenas a ampliação do financiamento em saúde, saneamento, mas a <b>suspensão de pagamento de alugueis, contas
de luz e água</b>; <br />
-<b>o cancelamento IMEDIATO do teto de
gastos</b>, que impedem ampliações no orçamento da saúde e educação, aprovado
em 2017; <br />
- a organização de um plano veloz de estabelecimento e restabelecimento de
distribuição de energia e água em zonas que sofrem com sua falta (há favelas no
RJ com falta de água há 15 dias); <br />
- a<b> proibição de demissõe</b>s e do
confisco ou redução de salário dos trabalhadores; a<b> nacionalização de empresas que demitirem</b>; <b>o confisco dos lucros bilionários dos Bancos</b> (só o Itaú somou 28,4
bilhões de reais de lucro em 2019) e aplicação dos recursos em benefício dos
trabalhadores;<br />
- <b>nos trabalhos essenciais, suspensão imediata
de qualquer sanção por falta e atrasos aos trabalhadores</b> e distribuição de
equipamento de proteção a todos; <br />
-<b> distribuição de um salário mensal que
respeite a média dos salários anteriores</b>, a todos trabalhadores, para que
fiquem em quarentena até o fim do surto;<br />
- distribuição gratuita de equipamentos de prevenção a quem necessita, como
álcool, máscaras aos infectados, etc; <br />
- <b>que todos os salários sejam indexados
a inflação</b>, ou seja, uma vez que esta suba, pela pressão enorme do dólar
alto e da crise econômica, os salários sobem na mesma medida, protegendo o
poder de compra do trabalhador.<br />
<br />
Na Espanha, por exemplo, a situação atingiu tamanha dificuldade que, como única
medida para enfrentar a sobrecarga, o Governo decidiu estatizar todos os leitos
privados e, assim, hospitais, colocando sob controle público. Na Itália, a
Alitalia, a maior companhia aérea, seguindo as dificuldades e ameaça de
falência de diversas companhias do setor, como a da gigante American Airlines,
pode ser estatizada.<br />
<br />
O fato é que, tal desigualdade do desenvolvimento esbarra de frente com a atual
ideia, bonita, porém inviável no capitalismo, de um sistema mundial de saúde. <br />
<br />
Como é possível que se possa evitar um contágio e o desmoronamento dos sistemas
de saúde se a prioridade, mesmo em tempos de crise, segue sendo o lucro? <br />
É racional falar em quarentena e isolamento quando metade dos trabalhadores
brasileiros são informais - mês a mês incertos de quanto podem conseguir - ou
quando os patrões obrigam os trabalhadores a se espremer nos metrôs e ônibus,
arriscando a sua saúde e de familiares, por lucro? <br />
<br />
Por outro lado, como é possível falar em um sistema mundial de saúde num
planeta em que saúde é tratada como negócio e, como tal, leitos, camas e
atendimentos são restritos a população que não pode pagar? <br />
<br />
Numa epidemia como esta, os trabalhadores precisam se perguntar quem ganha e
quem perde; quem se expõe e quem se resguarda. A quem serve este sistema e esta
“democracia”. Seria um governo do povo, mesmo?<br />
<br />
Se, numa crise, a única solução séria vem de medidas não de capitalismo, mas
socialistas ou “socializantes”, como as nacionalizações de empresas e hospitais,
o congelamento dos preços, com salários subindo com o aumento da inflação,
porque fora da crise, quando deveríamos nos preparar para ela, serve a
prioridade ao lucro de uma minoria? <br />
<br />
Esta é a maior oportunidade de percebermos a irracionalidade da produção e administração
da sociedade capitalista, onde, o que impera, não é a ordem, mas a anarquia,
com cada capitalista decidindo quais serviços e bens produzir, quando produzir
e para quem oferecer, sem nenhum plano coletivo que, racionalmente, atenda as
necessidades imediatas e futuras da humanidade.<br />
<br />
O Corona vírus não será a última epidemia que viveremos. O aquecimento global
acelera o surgimento destas, na medida em que um mundo mais quente é mais
hospitaleiro para vírus e bactérias. <br />
<br />
O capitalismo demonstrou que, além, de ser incapaz de lidar com suas crises econômicas
cíclicas, a cada dez anos, não possui ferramentas para lidar com epidemias
deste porte.<br />
<br />
E se nos depararmos com uma que não apenas possua uma alta taxa de infecção e
também de mortalidade entre todas as faixas etárias? E se, como hoje, isto se
der numa combinação de crise econômica e biológica? <br />
<br />
A única saída que este sistema econômico nos oferece seria a extinção da
maioria, obrigada como gado ao abatedouro da exposição diária ao vírus em nome
do lucro, e a fuga da minoria para suas casas na praia, de campo ou bunkers, armados
até os dentes.<br />
<br />
Inviável biologicamente, por não ser capaz de responder, racional e
planejadamente, aos riscos que ele cria, o capitalismo precisa ser questionado
em sua essência.<br />
<br />
Isto deve nos levar a ver que uma economia socializada, controlada pela maioria
dos trabalhadores, com uma produção e serviços organizados em base a um plano
coletivo e social, livres das amarras do lucro e da acumulação de riqueza
privada, são a única saída para esta e outras epidemias. Só assim, colocando os interesses sociais acima dos interesses do lucro, um sistema de saúde racionalmente planejado e homogêneo poderia ser organizado e compartilhado mundialmente.<br />
<br />
Nossa espécie está diante de um desafio biológico, social e econômico na
história. E as forças do atraso e da extinção são as que minimizam os riscos,
enquanto se escondem em seus bunkers, com seu estoque de armas, papel higiênico
e álcool gel. E estas estão, infelizmente, no poder.<br /><br />-<br />Fontes consultadas:<br /><br /><a href="https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2020/03/16/perfil-de-mortos-por-coronavirus-na-italia-e-o-mesmo-da-china-mas-mortalidade-e-tres-vezes-maior.htm">https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2020/03/16/perfil-de-mortos-por-coronavirus-na-italia-e-o-mesmo-da-china-mas-mortalidade-e-tres-vezes-maior.htm</a><br /><a href="https://www.pbs.org/wgbh/nova/article/ebola-doctors/#:~:text=In%20total%2C%20about%20245%20doctors%20practice%20within%20Sierra%20Leone.">https://www.pbs.org/wgbh/nova/article/ebola-doctors/#:~:text=In%20total%2C%20about%20245%20doctors%20practice%20within%20Sierra%20Leone.</a><br /><a href="https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/16/coronavirus-medidas-economicas-guedes-13-salario-bolsa-familia-abono.htm?utm_source=facebook&utm_medium=social-media&utm_campaign=noticias&utm_content=geral&fbclid=IwAR3jINwRVlmZFLZJdmkcGPmAODCY4zxaXZFWb_6-DtEsevoO683K3leJtKI">https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/16/coronavirus-medidas-economicas-guedes-13-salario-bolsa-familia-abono.htm?utm_source=facebook&utm_medium=social-media&utm_campaign=noticias&utm_content=geral&fbclid=IwAR3jINwRVlmZFLZJdmkcGPmAODCY4zxaXZFWb_6-DtEsevoO683K3leJtKI</a><br /><a href="https://oglobo.globo.com/economia/devido-ao-coronavirus-italia-cogita-estatizar-alitalia-franca-estuda-socorrer-empresas-1-24309476">https://oglobo.globo.com/economia/devido-ao-coronavirus-italia-cogita-estatizar-alitalia-franca-estuda-socorrer-empresas-1-24309476</a><br /><br /></span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<br />Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-54440067407623434162020-03-07T11:36:00.001-08:002020-03-07T11:36:59.260-08:00Eu não gostava de ler.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifvp02-vmZO0vRXMPIHxB9gFWFp-IBZLQIvIkCXbuAgdkUx4WFkOcXuLZVjP2dtRFDkQV3mxXnvQDRCOMNY8dVEyxGvNNb3YawbaKBaNMj5IWxy6cQS-0XGnGaBW_Ztso4clH2CrQcQDY/s1600/gettyimages-464729163-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="852" data-original-width="1280" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifvp02-vmZO0vRXMPIHxB9gFWFp-IBZLQIvIkCXbuAgdkUx4WFkOcXuLZVjP2dtRFDkQV3mxXnvQDRCOMNY8dVEyxGvNNb3YawbaKBaNMj5IWxy6cQS-0XGnGaBW_Ztso4clH2CrQcQDY/s320/gettyimages-464729163-1.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eu não gostava de ler.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Talvez pelo temperamento explosivo e um
senso prático por demais aguçado, a ideia de sentar e por horas destrinchar,
entender e memorizar tantos conceitos através dos labirínticos meandros de um
texto, era muito angustiante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não me entenda mal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eu lia, desde pequeno, todo tipo de
quadrinhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Comecei com Batman, colecionado desde
os seis anos ou menos. Também amo mangás dos mais variados estilos, geralmente
aqueles mais de combate e com narrativas de superação dos personagens. Mais
tarde fui conhecer obras fantásticas como a história de Musashi, compilada em
Vagabond, além de outros dramas ficcionais como Battle Royale, Gantz, Bersek,
entre outros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Quando moleque, quando tinha algum
dinheiro, comprava uma edição da liga da justiça, das edições mensais de Batman
ou algum mangá e ficava folheando, memorizando os diálogos, os traços do
desenho, vendo o tempo passar, às vezes até adormecendo com a revista no peito.<br />
Meu pai sempre me chamava atenção para o pé na parede e, quando adormecia, me
colocava cobertor enquanto ele assistia alguma coisa na TV na casa onde nossa
família residiu, sem possuir, por décadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Hoje, passando por ela, só restam
lembranças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma placa de "Aluga-se"
soterra a expectativa que poderia, irracional, existir de voltar a pisar nela
ou ver meu pai sair sorridente falando alguma coisa engraçada, para abrir o
portão - isso quando eu não o pulava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Foi ao longo da faculdade que percebi
o quão difícil pode ser ler.<br />
Pegava os ônibus chamados "interestelares", partindo do Jaçanã até o Butantã
e, entre apagões fisiológicos ao longo das duas horas e meia de viagem, tentava
arrancar o máximo que podia de Maquiavel, Schumpeter, Levi Strauss, Weber. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Isso tudo foi antes de se inaugurar a
Linha amarela - evento no qual estive presente para repudiar os velhacos
PSDBistas que, entre desvios e cartéis, passagens caras e transporte precário,
inauguravam uma estação para servir a USP, quilômetros distantes da mesma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nunca tirei as melhores notas e,
durante grande parte dessa jornada me pegava em contato com as mais diversas
linhas do pensamento que, pela dinâmica da vida, não penetravam ou despertavam
minha curiosidade da forma mais eficaz.<br />
Era como se houvesse uma névoa que bagunçasse nossa relação e a leitura era
sempre uma questão de esforço e páginas, de iniciar a caminhada esperando
concretizar o maldito número visto na página final do livro ou texto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">As provas eram a coroação do
martírio.<br />
Trabalhando, dificilmente tinha ânimo para seguir uma rotina diária e constante
de leitura, logo, a solução eram as maratonas dois, três dias antes, quando não
no mesmo dia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Café, tremedeiras, consultas
heterodoxas, tudo isso se tornou meu modus operandi para sobreviver na selva do
mundo acadêmico e sua exigência burocrática de centenas de páginas por mês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Aos professores, draconianos em sua
maioria, não importava trabalho, greve, distância ou estado psicológico. <br />
“Essa faculdade não é para quem trabalha mesmo”, repetia uma delgada professora
de semblante e nome nórdicos, certamente orgulhosa de sua posição alcançada,
com baixo esforço, mas muito “mérito”, na estrutura estatal de ensino.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Me organizar politicamente, algo que
pulsa dentro de mim por diversas razões, foi uma salvaguarda e uma boia nesse
mar tortuoso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Lia muito, sobretudo textos
políticos, e-mails e obras clássicas do marxismo, pois, além de me interessar e
ser necessário para uma ação política consciente, sentia um enorme prazer de
conhecer as histórias de outros, como eu, que buscavam compreender seu mundo,
as inter-relações entre seus membros e as ferramentas para transformá-lo - já
que esta necessidade está mais evidente a cada dia em que o capitalismo destrói
nossas mentes, sociedade, natureza e futuro. Isto reascendeu uma ponta de esperança
de que, talvez, eu não odiasse ler e o problema fosse a forma como este hábito
me fora apresentado e exigido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Literatura e teoria, sobretudo a política,
são gêneros que, ainda que possam ser, geralmente não são lidos da mesma forma,
no mesmo ritmo e com a mesma atenção aos detalhes. Uma obra teórica, como
aquelas exigidas tanto pela ação política quanto pela universidade, demanda
outra dinâmica para se ler do que uma revista em quadrinhos ou um romance. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Penetrei fundo nesse mundo e, tal
como antes, quando com algum dinheiro comprava revistas - ou, diga-se a verdade,
jogos de playstation -, passei a direcionar o dinheiro para livros, em geral,
teóricos e políticos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Um fenômeno esquisito começou a se
apresentar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A linguagem, é claro, passava a se
mesclar e, então, toda a gama de gírias e expressões que sei e sempre mobilizei
para me expressar, começavam a se fundir com palavras e lógicas mais complexas.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Um personagem genial certa vez disse
que se você entendeu realmente algo, você deve ser capaz de explicá-lo de forma
simples e direta. Não é algo fácil e logo percebi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para os parceiros de quebrada,
antigos e novos, muitas vezes eu era como uma esfinge. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Um cara que falava uma linguagem
próxima, mas que às vezes entrava numas complexas que ou comiam a mente e
deixavam em crise, por vezes, esclarecendo muitas das questões que afligem
nosso cotidiano ou simplesmente não faziam sentido. <br />
<br />
Já na Faculdade, se dava o oposto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tantas vezes o preconceito de classe
se expressava sem nenhum pudor, como quando me perguntavam se eu "também
era skatista", ou nas perguntas inocentes sobre "porque você não
consegue ler mais?", sem falar da indignada surpresa de classe média
uspiana com a "agressividade e aspereza" com que eu me portava nas
lutas, atos ou papos. Um acinte para o decoro exigido pela recatada juventude
pequeno-burguesa da USP e seus hábitos autocentrados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
Sentia-me assim, sempre no meio do caminho, em duas canoas,
em dois espaços, tentando ligar pontas que, claro, em tantos sentidos, são
irreconciliáveis.<br />
<br />
Somente depois de terminar a graduação e ser demitido pude perceber o prazer da
leitura. Reviver a literatura, o mangá, a teoria, no meu ritmo, respondendo as
questões que eu faço diante da realidade e trilhando um caminho de
desbravamento do conhecimento com meus pés livres, no meu ritmo. Este ano em 2
meses li 4 livros. Minha companheira, a qual, certamente, compartilha muito
destas dificuldades e inquietações comigo, também termina o seu quarto. <br />
<br />
Ler é, afinal, uma ferramenta. A mais poderosa, pois, através deste ato, que,
não se enganem, sempre exigirá esforço e dedicação desde que haja condições
para tanto, é que somos capazes de acessar a montanha infindável do
conhecimento e das histórias humanas. <br />
<br />
Somos uma espécie que só está onde está por sua capacidade de contar histórias
e, através delas, promover coesão social, laços de solidariedade, valores
comuns, perspectivas compartilhadas que nos movem a um futuro e nos dão
objetivos, esperanças, vontades.<br />
<br />
Não é por menos que aqueles, interessados na dominação e no privilégio de
classe dominante, atacam a cultura, a leitura, o saber, Paulo freire e buscam
distorcer e corroer, seja a capacidade de leitura, seja o próprio conteúdo
desta. <br />
<br />
Hoje eu amo ler. <br />
Porque consegui, entre trancos e barrancos, encontrar uma forma de ligar o
prazer com o conhecimento e dar sentido a este hábito. Sentido este que é o de
tornar mais consciente minha compreensão de mundo para transformá-lo.<br />
Isso me fará uma pessoa melhor, um companheiro melhor, um amigo melhor, um
revolucionário melhor, um rapper melhor e um humano mais pleno e ciente de toda
a tortuosa luta, os exemplos e lições que o passado deixa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><br />
<br />
A leitura é uma chave que te permite, em primeiro lugar, saber quais portas
abrir e quais outras trancar. <br />
Hoje, diante desse prêmio conquistado, dia após dia, pouco me importa que uns
me achem um MC “professor” ou outros me achem um “cientista social” pé rapado
ou maloqueiro. <br />
Ler me ensinou que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>estamos imersos e
constantemente pressionados pelas margens de nossa própria ignorância,
imaturidade e irreflexão. <br />
<br />
Digamos que sou ambos. E mais! Sou um pouquinho de tudo o que absorvo e, se
quero ser algo, é ser mais, com todos. Inclusive com estes que, infelizes,
ainda não perceberam que podem ser mais, juntos. <o:p></o:p></div>
<br />Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-62070216100908036312020-02-28T12:29:00.000-08:002020-02-28T22:15:37.041-08:00Notas sobre o Direito, impeachment e a esquerda brasileira<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-PLyzFByzWOX4X1MUc2QY_8vfpXywdfd9y7N2PUwYwOOJBFR3jk0JnZNZfAqEp1VQmfEW3psSnsGZB-FmREOiGMk3CbYR5G0BnaZWWkQRUHLLICjWHTmJOnwzPTqa2fp6xv_5LFzSukg/s1600/images+%25288%2529.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="719" height="189" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-PLyzFByzWOX4X1MUc2QY_8vfpXywdfd9y7N2PUwYwOOJBFR3jk0JnZNZfAqEp1VQmfEW3psSnsGZB-FmREOiGMk3CbYR5G0BnaZWWkQRUHLLICjWHTmJOnwzPTqa2fp6xv_5LFzSukg/s320/images+%25288%2529.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="5iuon-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5iuon-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="5iuon-0-0" style="font-family: inherit;">Lendo a obra, precursora de todo o, hoje, badalado gênero "distópico", Nós, de Zamiatin, frequentemente me pego diante de questões incontornáveis, existenciais e políticas. </span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="8snce-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8snce-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">A certa altura, o narrador personagem D503 reflete sobre a natureza do Direito para os antigos (o livro se passa milhares de anos no futuro, no Estado Único, onde a população humana está reduzida a 10 milhões, seus membros não tem nomes, mas números e tudo segue uma ordem mecânica e matemática, plenamente controlada). Este mesmo Direito com letras maiúsculas, ou seja, o conjunto de regramentos e formalizações sob os quais, em tese, todos nós e nossa sociedade repousam.
</span><span style="font-family: inherit;">Conclui, sagaz e lúcido, que o Direito é uma função do poder, exatamente como o Estado. Mais exatamente uma função do poder de classe.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="67v34-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="67v34-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">A ficção "pluralista" de que o Estado e, assim, o Direito são espaços "neutros", disputáveis, se desfaz todos os dias para aqueles que estão na base da sociedade, ou seja, os pobres e trabalhadores.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="3cm47-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3cm47-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Sua função fundamental é proteger a ilusão de que existe tal neutralidade, precisamente porque esta é a melhor forma de proteger o que importa: as relações de produção entre os membros dessa sociedade.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="2cfc6-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2cfc6-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">O que isto significa? Que sua função fundamental e inescapável é lutar, com a caneta do juiz ou com o cassetete do PM, para garantir que a maioria continue trabalhando, gerando valores e riqueza sociais com este trabalho e que, esta riqueza, continue sendo tomada privadamente, sem pagar nada em troca, pela minoria de magnatas, empresários, capitalistas.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="27ejf-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="27ejf-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">O mecanismo é, portanto, propositalmente complexo, pois no caminho de seu entendimento, com a massa de explorados absorvida pela preocupação em passar o mês e sobreviver alimentar e psicologicamente, é fácil se perder.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="fhamj-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fhamj-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Eis a base fundamental que nos permite entender porque, de 2016 para cá, tudo ocorre como ocorre: presidente derrubada sem crime; STF legitima a isto e ao ilegal teto de gastos em saúde e educação; legitimação das reformas trabalhista e da previdência que destroem a vida do trabalhador e o baixam o preço do trabalho (vulgo menos direitos e salários); prisão, na correria, de Lula por ser adversário eleitoral do Bozo; ligações evidentes da família Bolsonaro com milícias e assassinato de Mariele sendo diminuídos e naturalizados.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="44m8u-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="44m8u-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Isso, então, serve como potente lição a quem quiser aprender e, principalmente, a esquerda dita revolucionária no Brasil (aquela à esquerda do PT).</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="d0ndj-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="d0ndj-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Como função do poder, as soluções podem vir tão menos da Justiça e do Direito, burguês, patronal, quanto da ocupação dos espaços parlamentares no Estado.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="587ni-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="587ni-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">A saída do impeachment e a cômica, embora trágica, indefinição da esquerda brasileira quanto ao que defender na manifestação que organizam para o dia 18 - o mesmo dia do ato chamado por Bolsonaro - corresponde a confusão adquirida pelas compreensões equivocadas e irrealistas sobre tanto o Direito quanto o Estado. E contrapor um movimento organizado nacionalmente sem uma visão clara de pelo que se luta é a melhor forma de perder o embate.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="apd93-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="apd93-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Não podem chamar o impeachment pois o congresso está lotado de bolsonaristas, bíblia, bala e boi. Assim qualquer linha parlamentarista se torna inútil e não mais do que o já comum berreiro e performance midiática dos poucos parlamentares de esquerda.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="8755h-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8755h-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Por outro lado, separada dos espaços de vida e trabalho da real massa dos trabalhadores, esta esquerda não pode oferecer e convencer de um projeto próprio, de país e de mundo, que são a única força capaz de fazer frente a este neoliberalismo sem amarras que domina o poder no Brasil.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="3cu02-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3cu02-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">O primeiro passo é perceber o próprio "xeque" em que se encontram as multidões de explorados e a própria esquerda, espremidos entre a selvageria policial, judicial e empresarial capitalista e as traições e ilusões vendidas pelo PTismo.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="1k5sh-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1k5sh-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">A greve da Petrobrás não é um detalhe. Neste grande evento da luta de classes os trabalhadores poderiam mostrar seu peso, sua capacidade de controle e o quão grande é o seu poder e ação, que movem a sociedade. </span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="be28i-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="be28i-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">CUT e PT, com apoio de correntes do PSOL, por exemplo, recuaram no momento em que era preciso unificar com outras categorias e desempregados, para transformar isto tudo num enorme conflito de toda a classe contra o absurdo que tem se tornado a vida. </span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="75pge-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="75pge-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Não fizeram em nome de confiar no TST e, nesta semana mesmo, viram que o máximo que este lhes propôs foi manter as demissões, pagando uma rescisão um pouco maior. Sofrerão, ainda, a demissão de quem foi linha de frente na greve e, assim, mais desmoralização virá para toda a classe.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="e97iq-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="e97iq-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Do Estado e da Justiça não virá nenhuma mudança. A república de 88 ruiu. O que existe é um regime eleitoral tutelado cinicamente pelos militares e controlado pelos bancos, os que verdadeiramente mandam no baixo e médio empresariado industrial, ruralista e comercial. Isto não é uma democracia. </span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="b2k7v-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="b2k7v-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="b2k7v-0-0" style="font-family: inherit;">Num governo do povo não morreriam 170 pessoas em 5 dias de motim miliciano/policial como no Ceará ou como em qualquer movimento de policiais nos últimos anos.<span style="font-family: inherit;">A saída é, como no caso do Direito, golpear onde importa: o coração do sistema, as relações de produção e exploração do trabalho.</span>
</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="3asd5-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3asd5-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="3asd5-0-0" style="font-family: inherit;"> </span><span style="font-family: inherit;">Por isto, ignorar os 14 milhões de desempregados, os 40 milhões de informais, o potencial unificador e explosivo de greves, como da Petrobrás, em nome de ações parlamentares e eleitorais, pensando que "preencher" o Estado ou o Direito com "gente boa" é suficiente, é puro oportunismo, covardia, cegueira. </span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="8ipt1-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8ipt1-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">O poder do Estado não vem das instituições; o poder do Direito não vêm das palavras e regramentos; o poder da polícia não vem destes dois. Estes poderes emanam das relações de classe, da exploração econômica e, cada vez mais, da inconsciência e alienação da maioria explorada, que é objeto desta dominação. </span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="7nln0-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7nln0-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Organizar e conscientizar, como únicas formas de romper este ciclo, demandam jogar por terra qualquer ilusão no Estado e no Direito. Ambos são ferramentas da classe burguesa, dos 1%, dos capitalistas, chame como quiser. Apenas impondo nossa força, com métodos de força, poderemos destruir estas ferramentas e organizar outras, diretamente, controladas pela maioria trabalhadora. </span></div>
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<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="29fsn-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="29fsn-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Só existe futuro, no médio longo prazo, por este caminho. Fora disso, preparem-se para milícias, pestes, explosões de raiva social espontâneas, fome e desmoralização. Felizmente, os povos lutam e seguirão assim. </span></div>
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<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="4hhc9-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4hhc9-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">Chances para o novo existirão.</span></div>
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<div class="" data-block="true" data-editor="4qf6" data-offset-key="furoj-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="furoj-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
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Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1081629517197330592.post-46710715396963488882020-02-18T13:46:00.003-08:002020-02-18T20:00:41.387-08:00Greve de petroleiros na encruzilhada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi466O7bz4F_Oz7Yk30-OTbcKvrIjxuwib567i5I-fzrfboMRT_7D3fIZougvZN-VX5k1duyGajSu2On7XCksGp4AZFqeZYYJagdE6g3zdgCB3qpeci6YrC6Zp3-E8S3OR2M6LTHRE7m5o/s1600/images+%25287%2529.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="415" data-original-width="739" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi466O7bz4F_Oz7Yk30-OTbcKvrIjxuwib567i5I-fzrfboMRT_7D3fIZougvZN-VX5k1duyGajSu2On7XCksGp4AZFqeZYYJagdE6g3zdgCB3qpeci6YrC6Zp3-E8S3OR2M6LTHRE7m5o/s320/images+%25287%2529.jpeg" width="320" /></a></div>
A atual greve dos petroleiros é mais uma encruzilhada histórica, para o PT, para os petroleiros e para todos nós.<br />
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Com mais de 20 mil petroleiros parados, numa greve que a própria CUT anuncia como a maior desde 95. Lá, uma greve de 32 dias enfrentava Fernando Henrique e o Neoliberalismo em seu vigor de nascimento no Brasil. Chegando uma década mais tarde por aqui, após o levantamento operário dos anos 80, as forças do neoliberalismo fizeram o que puderam para acabar com esta greve.<br />
Exército ocupando refinarias, multas milionárias contra a FUP (federação petroleira) pelo mesmo TST, enfim, o filme de sempre.<br />
Foi importante para o imaginário popular , no entanto, manter consolidada a ideia do senso estratégico de uma Petrobrás estatal e para questionar o projeto neoliberal "sem amarras".<br />
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Cá estamos, em 2020, após a década neoliberal e o respiro social-liberal dos governos PT, ou seja, neoliberalismo com pitadas de socialdemocracia e assistencialismo, de volta a um piorado neoliberalismo sem amarras.<br />
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Bolsonaro é o capitão do barco do trabalho precário, do roubo de terras, assassinatos de indígenas, do fim da aposentadoria, da privatização de "tudo o que der", da terceirização total, dos 13 milhões de desempregados e 42 milhões de brasileiros na informalidade. A Petrobrás já possui grandes investimentos internacionais; o pré-sal não é vendido por falta de comprador e não vontade; todos gabinetes estratégicos do Planalto estão nas mãos dos militares; milícias, assassinatos e conspirações tomam conta do cenário do palácio burguês.<br />
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De nosso lado, uma greve da Petrobrás poderia ser o catalisador, a faísca, capaz de contagiar milhões de trabalhadores, empregados e desempregados, freando essa ofensiva social dos patrões.<br />
Hoje, na cabeça de qualquer trabalhador consciente e, certamente, dos petroleiros cujo trabalho está ameaçado pelas demissões, soa o alerta: até quando pode durar esta greve? Uma semana? Uns dias? Um mês?<br />
Quem vive de salário é muito concreto. Esta pergunta leva diretamente a outra: qual a estratégia para vencer?<br />
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Sob a terra arrasada do mundo do trabalho e a luta desesperada que cada peão tem para fechar o mês, a luta dos petroleiros pode ser um farol.<br />
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Não apenas vender gás a 30 reais, uma demonstração forte da capacidade dos trabalhadores de guiarem a luta popular, mas, em primeiro lugar, unificar os terceirizados de todas funções na própria Petrobrás, a greve, atropelando ou não os pelegos que dirigem seus sindicatos.<br />
Poderia se unificar numa mobilização permanente com os caminhoneiros, em primeiro lugar pela libertação de seu líder sindical e pelas reivindicações.<br />
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Disto, quantas categorias não poderiam se animar com a luta e unificar suas forças?<br />
Professores do RJ ou SP, humilhados por anos de arrocho salarial e precarização da educação? Correios, uma das maiores e mais antigas empresas prestes a demitir milhares e ser privatizada?<br />
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Desta unificação de "grandes pólos" dos trabalhadores, não seria possível organizar e ajudar a organizar comissões de mobilização e oposições entre os trabalhadores do call center? E entre os trabalhadores nos serviços? Não seria possível organizar assembléias de desempregados, que unissem organização, luta e ajuda material das categorias empregadas aos desempregados?<br />
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Isso não poderia envolver tanto grevistas quanto aqueles que não puderam ainda entrar em greve, mas que querem ajudar a "dar corpo" a este movimento?<br />
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Diante disso, quem poderia dizer que os trabalhadores no Brasil não tem voz, que não existem, que não tem força?<br />
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De todo esse movimento, não seria possível organizar um grande congresso, com membros de cada um destes setores citados, convocando os indígenas para se organizarem em conjunto, organizando uma pauta comum de reivindicações e luta, articulando seus passos, métodos e golpeando com uma só mão, numa frente única dos trabalhadores?<br />
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A CUT é a maior central sindical do Brasil. Possui milhões de verbas e, mais importante, milhões de trabalhadores em sua base sindical.<br />
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Se existe uma estratégia para não vencer é a de manter a greve da Petrobrás isolada, com efetivos isolados dos terceirizados, petroleiros isolados dos demais, apelando para ações midiáticas, moções de apoio e audiências na Justiça.<br />
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Se existe alguém capaz de dar passos nesse sentido é a CUT. Ao não fazê-lo, ela contribui não apenas para manutenção de toda a terra arrasada, para a derrota da greve e para, claro, o avanço do projeto bolsonarista neoliberal.<br />
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Veremos se, uma vez mais, as direções de CUT e PT, com medo de perder o controle, de ter de ceder espaço para a organização e ação livre e direta dos trabalhadores, trarão mais está derrota. <br />
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Isto marcaria mais um sinal de que estão dispostos a tudo para manter seu lugar no regime político como "conciliadores" entre trabalhadores e patrões, inclusive, direta e indiretamente, sustentar as condições que permitem Bolsonaro, Guedes e os bancos destruírem a vida do povo. Eles tem a faca e o queijo na mão, mas parecem não ter fome.<br />
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E aqui é que vem a responsabilidade de nós trabalhadores. Em primeiro os petroleiros, que devem refletir quais os caminhos para vencer; se este, baseado numa ação coletiva, ou o outro, baseado na ação controlada proposta por suas direções. E, se for a primeira, cabe a estes forçarem este caminho.<br />
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Disto dependem vitórias objetivas e subjetivas para a classe trabalhadora. Se uma categoria capaz de rasgar os bolsos dos magnatas for derrotada, uma onda de desânimo adicional é quase certa.<br />
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E uma greve isolada da Petrobrás duramente duraria mais um mês. Os prejuízos são contidos e o patrão já mediu o teto da força dos trabalhadores. É hora de ampliar suas "reservas" e trazer mais lutadores para a arena.<br />
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Bofhttp://www.blogger.com/profile/13913763849236571935noreply@blogger.com0