sábado, 4 de agosto de 2012

XI Congresso dos Estudantes da Usp: Um espaço para preparação e organização concretos!




J
á podemos dizer que 2012 é um ano decisivo, tanto pelo que foi quanto pelo que anuncia ser, dentro e fora da USP.

Neste ano, como continuidade da luta de 2011, contra o convênio PM/USP e a repressão, o método histórico de tratamento aos estudantes e trabalhadores na universidade, a reitoria segue seu projeto de desmantelar toda e qualquer resistência a seu projeto de elitização e privatização, avançando com os processos que tentam expulsar 70 estudantes, demitir toda a diretoria do sindicato de trabalhadores e já eliminou 8 estudantes, com seus arquivos, “dossiês”, espionagens e comissões processantes que acusam, julgam e punem, demonstrando o caráter autoritário e inquisitório de sua Política.

Não é novidade o fato de que na USP as decisões são tomadas por um conselho (CO) ultrareduzido de 300 professores privilegiados e um orgão de intervenção - a Reitoria-, que, baseada num estatuto de 1972, escrito por ideólogos da Ditadura Militar, tratam de garantir que todos os grandes grupos empresariais, interessados na pesquisa e desenvolvimento para seus lucros, possam ter seus objetivos alcançados, ao mesmo tempo em que tratam de calar a resistência que busca questionar o caráter cada vez mais elitista e privatista da Universidade.

Como contraponto a tudo isto, além do importante movimento de Greve e o comando de greve que se forjou junto das iniciativas de mobilização massivas durrante todos estes meses, se desenvolveu um importante movimento que, em consonância com o debate nacional sobre a ditadura, decidiu questionar, não apenas a Democracia na USP, mas o que resta da Ditadura militar , iniciativa que culminou na tentativa de construção de uma “Comissão da verdade USP” e o Fórum por democracia.

Ainda são iniciativas iniciais que, no entanto, assim como a própria Comissão nacional da Verdade ainda, não adentraram o fundamental: Como consequência da transição pactuada ,“no alto”, entre torturadores e os partidos dos trabalhadores que se levantavam em toda a década de 80, seguem como figuras marcantes desta nossa podre democracia a repressão, as mortes na periferia, a espionagem, a busca de neutralização dos “divergentes” e a impunidade dos assassinos que torturaram e mataram trabalhadores e militantes de esquerda nos 20 anos da ditadura.

Basta ver o número de escandalos envolvendo execuções policiais de negros e pobres na periferia; gravações de PM's atirando em pessoas algemadas e detidas; a repressão em favelas, bairros populares, manifestações, sejam de trabalhadores, sem teto ou estudantes; a formação de “mílícias do extermínio” acobertadas pelo governo e, por exemplo, a matança que a PM paulistana retomou, como em 2006, matando mais de 200 suspeitos desde janeiro e mais do que todas as polícias dos EUA desde 2007. Com estes dados, fica claro no que e aonde “vive” a ditadura.

É neste marco que se insere a conjuntura e a estrutura da USP. É esta lógica de repressão e demonização do “inimigo interno” construída pela ditadura que, neste momento, tentam demitir Diana Assunção, dirigente do SINTUSP, por apoiar a luta e ocupações estudantis no ano passado e expulsou Brandão, também dirigente, por lutar em defesa dos terceirizados.

Não se trata, assim, de uma situação fácil. Ainda menos se pensarmos que já começam com mais firmeza os discursos de Dilma e o governo, fazendo questão de dizer que o Brasil “não é uma ilha”que pode passar impecável pela crise e, mais importante, começam os ataques preparatórios, como a tentativa de demissão de 2 mil trabalhadores operários na GM de São José que segue em aberto e deixa claro em quem os grandes grupos capitalistas pretendem descontar a crise: nos trabalhadores e na juventude.

Com as soluções da crise mundial cada vez menos possíveis face ao “quebra-quebra” de estados na Europa, a crise começa a se exportar pela via da desaceleração da economia e neutralização de todas as medidas que antes ajudavam a manter, sobretudo no Brasil, algum crescimento que permitia alguma estabilidade gradual, agora já com fortes limites indicados.

O que isto tem a ver com a USP e o Congresso dos estudantes? Tudo a ver, tanto pelo papel histórico que o movimento estudantil e de trabalhadores cumpriu quanto pelas potencialidade que tem a desenvolver.

É preciso, neste XI congresso, diferentemente do que os companheiros a frente do PSOL fizerem em 2010 no X congresso e indicam fazer novamente, ter um claro objetivo de preparação, organização e resistência do M.E. para a avançar na Luta, de maneira não-elitista ou corporativista, para além dos muros da USP, buscando ganhar aliados e ser um pólo de resistência desde a universidade levantando as bandeiras das necessidades do povo trabalhador.

A resposta que temos de levantar deve passar por construir com convicção um movimento, que no futuro levante dos trabalhadores e estudantes, possa ressoar e servir de exemplo para a luta comum que travaremos, já por dentro da enorme crise que se aproxima. É neste sentido que ganha centralidade a luta por democracia na USP, tanto em relação ao Poder, quanto ao Acesso e à Permanência.
Somente aliando-nos com todos os trabalhadores - efetivos e terceirizados- e professores, juntamente com organizações populares e de trabalhadores de fora da USP, e impondo uma verdadeira Estatuinte livre e soberana, que pela via do voto universal (um por cabeça) dissolva o CO e a Reitoria e derrube o estatuto autoritário de 72, construindo sob eles uma estrutura de poder e estatuto democráticos, baseados nos 3 setores da maneira proporcional a como se distribuem na USP, ou seja, com maioria estudantil e ligada ao povo trabalhador, lutando pelo Fim do Vestibular e educação gratuita para todos e por moradia e permanência a todos que precisam, é que poderemos colocar a USP a serviço da maioria da população, demonstrar o Movimento Estudantil como sustentador das demandas e aliado do povo pobre, e, assim, livrar a USP dos parasitários membros da Família Rodas e Alckmin, sendo um exemplo de luta e organização.