segunda-feira, 22 de abril de 2019

A escalada autoritária e a resistência simulada

Ano passado quando me recusei a votar em Haddad, pois tenho, com alguns poucos, consciência de classe e sei muito bem que o PT e CUT, além de seus satélites, estavam levando a todos nós pra mais uma historica traição, me chamaram de louco, xarope, inconsequente....
Pois bem, 4 meses do Governo bolsonaro, que, caso ganhasse, seria a instauração imediata do fascismo no Brasil segundo os que faziam o escárnio.
Não, foi, é claro, a instauração do fascismo.
Até agora, apesar da evidente necessidade, uma greve geral não saiu do papel e dos discursos fajutos. Terceirizados e intermitentes seguem precisando de representação e organização. A esquerda continua sua cantiga de ciranda esperando que em 2022 seja melhor...
Censura do STF, Força Nacional pra reprimir indígenas em Brasília, Governo que não apenas é ligado a maior mílícia do RJ como condecora militar que FUZILOU um pai e o carro com sua família com 80 tiros.
Mas vejam. Onde está Haddad e o PT agora? Em trégua, talvez não nas palavras, mas nos atos.
A história dá voltas e balanços precisam ser feitos. Assim se apreende e assim se luta.

Mas veja bem: com o fascismo não se discute e não se vence votando. Contra o fascismo a consciência de classe de trabalhador é a alma e o braço - ou algo que o valha - é a carne.
Até agora a CUT e o PT mantém sua mesma ladainha baseada na divisão de tarefas. Uns fazem o teatro parlamentar, outros seguram a peãozada, traem as greves, agridem quem for levar alguma outra idéia as assembléias.
A reforma trabalhista passou e o mercado pressiona pela previdência.
E do lado de lá? Do lado de lá a escalada autoritária se mantém. 
Bate cabeça entre a burguesia e seus agentes, conflito entre os poderes, extrema direita em avanço, esquerda sem oferecer nenhuma alternativa e mendigando uma esperança em 2022...
O cenário é perigoso pois começa a se gestar um vácuo de poder a ser preenchido, um cargo de "salvador da pátria" revisitado, após a evidente fraude de Bolsonaro.
Não vamos chegar a 2022. Eles já disseram com todas as letras que vão acabar com a previdência e impor morte aos debaixo. Sem direito a palpite.
Lá atrás, quando alertamos que esse papo de "vira voto" pro Haddad contra o fascismo e pela "democracia" era oportunismo porque não dá pra criticar o fascismo sem criticar o capitalismo que dá luz a ele (e de quem o PT se alimentou bem por 13 anos), parecemos loucos.
Não votamos em Haddad não porque não nos preocupássemos com o fascismo. Mas justamente porque nos preocupamos e muito!
Víamos que com a vitória de Bolsonaro, apesar de não imediatamente, o caminho para um novo fascismo autoritário era possível. E que o PT não iria fazer nada contra para esperar as próximas eleições, como se essa extrema direita respeitasse minimamente qualquer uma destes instituições.
Dar mais confiança ao PT é o que está levando a confusão generalizada entre as pessoas de esquerda. Se é fascismo, porque não lutar? Quem são os inconsequentes e irresponsáveis agora?
Pois chegou a hora. A marcha está em andamento. O topo é almejado por camarilhas de golpistas especializados nesse tipo de coisa. Nós, para elas, somos apenas coadjuvantes manobráveis.
Isso se permitirmos. Pra mudar precisamos dar o primeiro passo e saber em quem NÃO confiar. Assim, o próximo passo é o que e como fazer.