quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Dá para sentir a densidade do ar aumentar nas cidades!



Com a divulgação das últimas pesquisas, Haddad, provavelmente motorizado pelo desespero ensejado pelos quase 30% de Bolso(naro), mostra uma ascensão explosiva chegando a casa dos 20%, sendo o foco do voto útil e o do espectro lulo-petista.

O Bozo parece estacionar por ali e, dia a dia, as manchetes se revezam entre projeções eleitorais, uma, ainda, forte exposição das declarações dele e das posições ultraneoliberais de Paulo Guedes (imagine impor um imposto de renda de 20% sob TODOS os brasileiros, sem nenhuma proporcionalidade) e notícias falando dos ânimos do mercado e migrações de apoio. Tudo ainda demonstra que a burguesia segue dividida.

O apoio a Bozo, que significaria unificar todos os inimigos contra o já desacreditado regime político e o establishment, aumenta, no entanto, com cada vez mais setores empresariais e gringos vendo nela uma "boa saída".

Ou seja, a política da destruição radical dos direitos dos trabalhadores, regressão efetiva dos direitos civis e diminuição do preço do trabalhador pela via radical do neoliberalismo privatizador de tudo. Isso tudo no caso de um "governo normal" Bolsonaro.

E é aí que entra o PT e Haddad.
Não existe, hoje, boom de venda de commoditties para a China. A maioria das famílias estão endividadas e milhões seguem no desemprego ou informalidade, ainda mais graças a reforma trabalhista. O ciclo econômico que possibilitou mais conciliação, o farsesco "ganha ganha", acabou lá em 2015.

A questão, hoje tomada como questão de vida ou morte nas bolhas virtuais, sobre quem vai ganhar, focada apenas no terreno da decisão eleitoral, é enganosa. O que importa é depois. Mas não muito depois; imediatamente depois.

Os militares e o judiciário, já absolutamente além de suas atribuições constitucionais, tutelam, vigiam, em última instância, ameaçam vetar a decisão destas eleições.

Dilma caiu porque o ritmo de implementação dos ataques e cortes de direitos, que ela começou em 2015 com Joaquin Levy do Bradesco no ministério da fazenda, parte deles impostos já por Temer, era lento demais.

Uma nova retomada da crise econômica mundial se avizinha, com a Argentina amargando mais de 8% de regressão do PIB, uma disputa interimperialista cada vez mais aberta entre os EUA e China, uma desindustrialização crescente e entrega dos bens nacionais brasileiros... Se opera uma reorganização de posições no tabuleiro econômico e pro Brasil resta a posição de vendedor de soja, petroleo cru e laranja.

Bem, com a tática de desvio das energias populares aberta desde o fim de 2013, era a janela de oportunidade histórica pra criar o problema e vender a solução.
Dilma caiu pra que os ataques fossem implementados mais rápido, como uma blitzkrieg econômica, para confundir e desmoralizar os trabalhadores, algo que Temer tentou com dedicação.

Haddad, o favorito para o segundo turno, unificando os votos
úteis de desespero aos da esfera lulopetista, caso vença, abrirá o momento de maior tensão que nossa geração já viveu em termos políticos, com pressão política e atuação aberta do empresariado, militares, judiciário com suas sanções e vetos a decisões dos demais poderes, pela implementação dos cortes e ajustes.

O PT e Haddad só voltam ao poder se fizerem uma meaculpa. Mas não uma mea culpa aos trabalhadores, por não ter taxado heranças e grandes fortunas, contrariado os monopólios e impedido fusões de bancos gigantescos, por ter, no início da crise, cortado na carne da educação, saúde, moradia e não na do empresariado.
Não.

Só voltam ao poder se fizerem a mea culpa de que não perceberam o "ânimo" do mercado que, exigente, deseja "reformas a todo vapor". Só assume o governo com uma nova forma de "carta ao povo brasileiro", se comprometendo com uma agenda de ajustes, cortes, reformas, todas próempresariais.
Para isto, a alta burguesia gringa e os bancos vigiarão com toda atenção os primeiros 6 meses de seu governo, período de governo em que se pode governar de maneira quase monárquica, editando medidas provisórias e decretos, reorganizando a estrutura ministerial e prioridades governamentais.

Nas ruas, a cada esquina preenchida de politização, dá pra sentir a densidade do ar aumentar, as respirações se prenderem, mil narrativas e prognósticos se acumularem.

Uma coisa é certa: O que começou em 2016, ou mais propriamente, com a politização e posterior desvio das energias de 2013, tem até os primeiros 6 meses para acabar.
O que está em jogo é o pacto social que as grandes burguesias estabelecerão para a vida econômica, social e cultural do país.

Haddad e o PT, assim, tentam se mostrar bons gerentes do capitalismo e suas vontades no Brasil.

Isso em caso de "governos normais".
Caso a tutela direta e, assim, a usurpação dos poderes democráticos constituídos não se demonstre a via que mais condiz com o ritmo dos "ajustes" demandados por esta entidade fantasmagórica "mercado".

Tão mais enganosa é, então, a interpretação de que nas eleições se prepara um fim. Com ela, ser abre o começo de uma nova e mais dura luta de classes, em um regime quase majoritariamente sem confiança popular. Um fio da navalha social.

Tão mais criminosa, igualmente, é a ação do PT, PCdoB, CUT e MST, além dos grupos minúsculos que se calam diante dela, com sua trégua sindical, aceitando todos os ataques, mantendo Temer no poder, como forma de mostrar que o PT é "leal" ao regime político.

A luta a ser travada, com os métodos da luta de classes, com mobilização, greves, ocupações, manifestações é a única condição para que não entremos num regime muito mais enrijecido de uma democracia tutelada como uma Turquia ou de uma ditadura aberta, imposta por "autogolpe" ou viúvos da ditadura de 64.

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