No dia 25 de fevereiro registramos o primeiro caso de corona-vírus, marcando o início da chegada da epidemia a terras brasileiras.
Nestes pouco mais de dois meses, a situação mundial mudou muito, com medidas de isolamento social, queda abrupta da atividade econômica e disseminação rápida do vírus ao redor do mundo.
Conhecido por sua alta taxa de infecção, o vírus migrou de seu epicentro inicial na China, que conteve sua transmissão com medidas agressivas de testagem e quarentena, rumando para Europa e finalmente chegando ao atual epicentro nos Estados Unidos, alcançando a marca oficial de mais de um milhão de infectados em terras estadunidenses e três milhões no mundo.
Por se tratar de um vírus que contamina pelo ar e de pessoa a pessoa, numa situação em que não existem ainda nem vacinas nem tratamentos comprovados, as únicas armas eficazes contra o vírus são a testagem e o isolamento social.
Os testes, se realizados aos milhões e com centenas de milhares todos os dias, como feito no Vietnam, Coréia do Sul e China, permitem que se identifiquem os focos de contaminação e as cadeias de transmissão, controlando os infectados e aqueles com que conviveram, permitindo que o surto seja monitorado. Isto permite que o isolamento seja feito com precisão e, assim, da forma mais eficaz, isolando infectados e impedindo que a disseminação se dê de forma descontrolada.
Juntas, estas medidas permitem que ganhemos tempo para surgimento de vacinas e tratamentos e impedem que o sistema de saúde entre colapso, ou seja, que um número enorme de pessoas adoeçam ao mesmo tempo e, assim, falte leitos e atendimento a todos que precisem.
Na contramão de tais medidas, vemos nosso país alcançar recordes no que diz respeito ao vírus: Somos o país com a maior taxa de infecção entre países pesquisados no mundo (cada infectado transmite para, em média, 3 pessoas); com um dos menores números de testes realizados (dados oficiais apontam que realizamos no total 132 mil testes, o equivalente ao que o Reino Unido testa em um dia) e com uma das maiores subnotificações, ou seja, diferença entre números oficiais e números reais ( 9 em cada 10 casos não são detectados).
Todo este cenário projeta a sombra de um número entre 1 e 2 milhões de mortos por decorrência direta do Covid19, sem levar em conta as mortes indiretas por outras complicações, causadas pelo colapso do sistema de saúde.
Desnecessário dizer que a maior parte destas serão de trabalhadores, pobres, moradores das periferias, por conta das dificuldades de acesso a serviços de saúde, condições sanitárias e condições socioeconômicas. As pesquisas recentes demonstram claramente: o vírus foi trazido pelos mais ricos e hoje os que morrem e adoecem já são os mais pobres.
Neste cenário, confusão e dúvida surgem na população, incentivadas pelo governo de genocidas que atualmente preside o país, através da figura de Bolsonaro. Todo tipo de mentiras e minimização da realidade da doença são feitos, levando a população a embarcar no “carro da morte” da doença.
Não que os governadores estejam fazendo diferente. A disputa entre eles é meramente eleitoral e política feita em cima de cadáveres.
Todos eles cedem a pressão dos empresários, industriais e banqueiros brasileiros que diziam, há algumas semanas, que iriam morrer apenas “7 mil” e que “a economia não pode parar”, exigindo que os trabalhadores voltassem a trabalhar, se amontando nos locais de trabalho e
transportes, acelerando a infecção.
Juntos, Bolsonaro e os governadores parecem apostar numa ação genocida clara: subnotificar o número de infectados e mortos, afinal, se não há testes, não aparecem novos casos, logo, podem dizer que “a situação não é tão ruim” e pressionar para “tudo voltar ao normal”, jogando o povo nos braços do vírus.
Por outro lado, não apenas salários foram cortados, contratos foram suspensos e milhares de demissões aconteceram; nem sequer a miséria de 600 reais chegou a todos que precisam. Já aos bancos, 1,3 trilhões em auxílio foram entregues na primeira semana.
Dessa forma o que aconteceu era inevitável: No final de abril, incentivados pelas mentiras de que o vírus seria uma “gripezinha”, a curva de propagação cresceu tanto quanto diminuiu o isolamento social e qualquer possibilidade de abertura sumiu do horizonte. Pelo contrário, o que vislumbramos agora é o chamado “lockdown”, ou seja, a obrigatoriedade de isolamento total.
Ainda assim, o ritmo das coisas aponta que seremos o próximo epicentro da doença, com o sistema de saúde colapsando neste próximo mês, sendo um dos países em que o vírus causará mais estragos e mortes.
Mas precisaria ser assim? Não existiria uma outra forma de organizar as coisas?
Temos de chamar o problema pelo nome
Em tempos de
crise fica evidente a falência da forma de organizar a economia e a sociedade
que nos domina, chamada de capitalismo.
O Brasil é a prova viva disto.
Todas as particularidades da vida social, política e econômica brasileira apontavam que seríamos um dos mais afetados. Um país com 104 milhões vivendo com 413 reais por mês, com 57 milhões de trabalhadores ou na informalidade ou no desalento/desemprego, com cerca de metade dos brasileiros sem acesso a esgoto, 13 milhões vivendo em favelas e alto número de pessoas vivendo em casas pequenas e aglomeradas, não poderia ver outro resultado.
Entretanto, a preparação e ação dos governos dos patrões não teve nunca o objetivo de proteger os mais pobres e vulneráveis. Pelo contrário: suas ações todas foram para proteger as grandes empresas e grandes bancos, enquanto fazem chantagem com o trabalhador.
“Ou aceita corte de salários, ou são demissões em massa”; “Ou aceita as reformas, ou não tem dinheiro para auxílio” e, assim, seguem as filas enormes, ajudando na infecção, de trabalhadores sem sustento esperando 600 reais ou muitos voltando a vender coisas nas ruas, trens e ônibus, como única fonte de sustento da maioria de trabalhadores informais.
Já aos bancos foram dados trilhões e às grandes empresas isenções de imposto sob matérias primas importadas, isenção de pagamento de INSS, isenção de impostos, possibilidade de demitir sem pagar rescisão contratual ou FGTS, etc.
Nem mesmo as pequenas empresas foram ajudadas. Assim como com os trabalhadores, os governos ofereceram um belo “presente de grego”: “Não tem salário ou verba pra tocar a pequena empresa? Ora, faça um empréstimo!”.
Com isto beneficiam os grandes bancos e já deixam claro o legado da epidemia aos que sobreviverem: todos endividados, trabalhando ou funcionando para pagar juros aos bancos.
Vale dizer, inclusive, que ao invés de baixar, os bancos aumentaram seus juros, fazendo chegarmos a mais de 60 milhões de negativados e um terço de endividados no Brasil.
A realidade é simples: sem salário não existe como o peão manter isolamento. Sem ele e sem testes não existe como saber a situação da epidemia ou controla-la. E o preço a se pagar já aparece: pobres e periféricos mortos, enterrados sem atestado de óbito, sem velório e em valas comuns.
Parece que para estes, esse preço é tranquilo de ser pago. O nome dos nossos inimigos é o capitalismo e seus donos são os grandes capitalistas.
E num “Brasil Comunista”, como seriam as coisas?
Não é difícil perceber que no capitalismo tudo se produz movido por um interesse: o lucro. Não são as necessidades humanas que importam aqui. Apenas aquelas que podem gerar lucro.
Da mesma forma, o que domina na produção de bens e serviços é a “anarquia”. Não existe plano comum de o que e quanto será produzido. Tudo é decidido de acordo com a lucratividade por pouquíssimos – e riquíssimos - bancos e fundos de investimento, muitos deles estrangeiros, que controlam as grandes indústrias e são donos das terras e grandes serviços. Por isso fomos, em geral, pegos de surpresa, sem estoques para lidar com a pandemia.
O comunismo e socialismo tem sido falsificados e distorcidos para servir de espantalho que assusta uma população pobre já amedrontada pelas difíceis condições de vida. Para essa “malhação do judas” se unem empresários, bolsonaristas, pastores e todo tipo de explorador da miséria do povo. E porque fazem isto?
Não será porque são estas ideias que oferecem uma resposta que beneficia o povo e, assim, ameaça a concentração de riqueza que estes arrancam deste povo?
Por exemplo:
Hoje no Brasil não faltam apenas testes, apesar de universidades como USP e Unicamp terem desenvolvido métodos de produção baratos e rápidos, tornando possível sejam produzidos nacionalmente e em massa. Também os chamados “EPI’’s”, como luvas, máscaras, coletes, são escassos, como cerca de 50% dos médicos denunciam. A quantidade de respiradores, essenciais para manter vivos os que desenvolvem falta de ar, é enorme também.
Num Brasil socialista, o Estado, que só poderia sair de uma revolução feita pelos debaixo, trabalhadores e pobres das cidades e interior, tomaria o controle de toda a grande propriedade.
Não, não estamos falando da sua escova de dente ou seu Iphone e também não falamos da sua lojinha de capinhas de celular ou o bar da esquina. Falamos das grandes mineradoras, das grandes porções de terra nas mãos de multinacionais, das fábricas de veículos, dos grandes bancos e seu capital e das gigantes redes de comércio.
Hoje, em meio a crise epidêmica, temos um cenário inacreditável: a capacidade ociosa, ou seja, a capacidade de produção da grande indústria brasileira que não é usada, é a maior em 20 anos!
O setor de produção de veículos conta com 65 fábricas e, nestes meses, 64 ou pararam ou usam menos de 1/3 da capacidade produtiva. Estas fábricas juntas podem produzir 5 milhões de carros em um ano!
Porque raios não são reorganizadas para produzir em massa milhões de respiradores baratos como os, também, pesquisados pelas Universidades?
O setor de vestuário teve uma queda vertiginosa na produção, usando hoje apenas 25% da sua capacidade produtiva! Justamente as fabricas que podem fazer aventais, coletes, máscaras, luvas aos milhões, sem grandes transformações em sua estrutura de produção estão paradas, como se não houvesse necessidade destes bens!
Num Brasil socialista, as necessidades da população seriam o motor da economia e a “anarquia” não dominaria a produção:
- Nessa situação todas as mineradoras colocariam sua extração a serviço não de exportar para lucro, mas de buscar insumos necessários a produção de bens industrializados para combater o vírus.
- As grandes porções de terra produziriam alimentos vendidos barato nas cidades e produziriam em massa bens agrícolas e insumos necessários a indústria de combate ao vírus.
- Todas as grandes fábricas automotivas e de vestuário seriam reorganizadas para produzir milhões de respiradores e centenas de milhões de luvas, máscaras e aventais.
- Controlando o sistema financeiro, bancos e o crédito, o Estado não endividaria sua população em meio a ameaça de morte: Ofereceria crédito barato para os pequenos negócios essenciais continuarem funcionando e subsidiaria com salários dignos os trabalhadores para que pudessem ficar em isolamento o tempo necessário.
- Todos os grandes complexos hospitalares seriam colocados a disposição do público, com leitos privados sendo estatizados e colocados a serviço das necessidades coletivas.
- Com o monopólio do comércio exterior nas mãos do Estado socialista, os bilhões que viessem do comércio internacional seriam colocados a serviço do plano: Dezenas de milhares de leitos de UTI seriam produzidos, bilhões seriam investidos na pesquisa de tratamentos sérios, vacinas e equipamentos de proteção e respiradores.
Tudo isto, é claro, só poderia vir de uma sociedade socialista construída e controlada pela forma mais democrática já vista pela humanidade:
A auto-organização direta, composta por representantes eleitos e revogáveis diretamente pelos trabalhadores e pobres em cada local de trabalho, nos bairros e cidades, algo totalmente diferente desta democracia falsa, que é uma democracia para os ricos e uma ditadura para os pobres, em que dominam os empresários através dos “políticos profissionais’ que só defendem os seus interesses econômicos.
Seria também distinta, é claro, de modelos socialistas anteriores que, por suas particularidades, degeneraram e se transformaram em ditaduras burocráticas, nas quais o poder político dos trabalhadores foi tomado por uma casta social que usa a bandeira comunista para confundir e manter seus privilégios materiais.
Organizados desta forma, os trabalhadores teriam as ferramentas diretas para atuar politicamente, controlar seus representantes e seriam capazes de definir com clareza suas necessidades, as quais seriam as bases do plano econômico de combate a crise e manutenção de suas vidas.
Num Brasil Socialista, haveria democracia e - porque não? – muitos partidos para os trabalhadores debaterem as melhores políticas para a crise, em base a uma sociedade em que a grande propriedade privada, a acumulação de capital e a grande exploração do trabalho alheio fossem proibidas.
Neste cenário, é claro, diriam aqueles patrões que trouxeram a doença ao país e hoje se escondem em suas casas na praia, condomínios e bunkers: “Seria uma ditadura para nós!”.
Precisamente. E pela primeira vez na América do Sul, veríamos um governo das maiorias trabalhadoras, trilhando o caminho da transição ao socialismo e, com isto, lançando uma nova onda de transformações revolucionárias nos demais países do mundo, rumando para a sociedade comunista, sem classes.
Ao responder isto, os capitalistas nos dão uma ótima lição: Da mesma forma como compreendem o que seria uma ditadura da maioria trabalhadora contra eles, uma minoria exploradora do trabalho alheio, temos de compreender o que é e a necessidade de nos libertar desta atual ditadura de patrões, maquiada e protegida.
É só isto o que nos impede de abrir as portas para um novo mundo. E este mundo, nesta crise, se mostra não apenas possível, mas absolutamente necessário.
Fontes:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-04/coronavirus-pesquisa-mostra-que-50-dos-medicos-acusam-falta-de-epi
https://oglobo.globo.com/economia/com-coronavirus-industria-tem-maior-nivel-de-ociosidade-em-quase-20-anos-24409871
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/nove-em-cada-dez-casos-de-covid-19-nao-sao-detectados-no-brasil-diz-estudo.shtml
https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/05/04/endividamento-se-acentua-e-pode-ser-um-dos-legados-da-crise-do-coronavirus.ghtml
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52509734
O Brasil é a prova viva disto.
Todas as particularidades da vida social, política e econômica brasileira apontavam que seríamos um dos mais afetados. Um país com 104 milhões vivendo com 413 reais por mês, com 57 milhões de trabalhadores ou na informalidade ou no desalento/desemprego, com cerca de metade dos brasileiros sem acesso a esgoto, 13 milhões vivendo em favelas e alto número de pessoas vivendo em casas pequenas e aglomeradas, não poderia ver outro resultado.
Entretanto, a preparação e ação dos governos dos patrões não teve nunca o objetivo de proteger os mais pobres e vulneráveis. Pelo contrário: suas ações todas foram para proteger as grandes empresas e grandes bancos, enquanto fazem chantagem com o trabalhador.
“Ou aceita corte de salários, ou são demissões em massa”; “Ou aceita as reformas, ou não tem dinheiro para auxílio” e, assim, seguem as filas enormes, ajudando na infecção, de trabalhadores sem sustento esperando 600 reais ou muitos voltando a vender coisas nas ruas, trens e ônibus, como única fonte de sustento da maioria de trabalhadores informais.
Já aos bancos foram dados trilhões e às grandes empresas isenções de imposto sob matérias primas importadas, isenção de pagamento de INSS, isenção de impostos, possibilidade de demitir sem pagar rescisão contratual ou FGTS, etc.
Nem mesmo as pequenas empresas foram ajudadas. Assim como com os trabalhadores, os governos ofereceram um belo “presente de grego”: “Não tem salário ou verba pra tocar a pequena empresa? Ora, faça um empréstimo!”.
Com isto beneficiam os grandes bancos e já deixam claro o legado da epidemia aos que sobreviverem: todos endividados, trabalhando ou funcionando para pagar juros aos bancos.
Vale dizer, inclusive, que ao invés de baixar, os bancos aumentaram seus juros, fazendo chegarmos a mais de 60 milhões de negativados e um terço de endividados no Brasil.
A realidade é simples: sem salário não existe como o peão manter isolamento. Sem ele e sem testes não existe como saber a situação da epidemia ou controla-la. E o preço a se pagar já aparece: pobres e periféricos mortos, enterrados sem atestado de óbito, sem velório e em valas comuns.
Parece que para estes, esse preço é tranquilo de ser pago. O nome dos nossos inimigos é o capitalismo e seus donos são os grandes capitalistas.
E num “Brasil Comunista”, como seriam as coisas?
Não é difícil perceber que no capitalismo tudo se produz movido por um interesse: o lucro. Não são as necessidades humanas que importam aqui. Apenas aquelas que podem gerar lucro.
Da mesma forma, o que domina na produção de bens e serviços é a “anarquia”. Não existe plano comum de o que e quanto será produzido. Tudo é decidido de acordo com a lucratividade por pouquíssimos – e riquíssimos - bancos e fundos de investimento, muitos deles estrangeiros, que controlam as grandes indústrias e são donos das terras e grandes serviços. Por isso fomos, em geral, pegos de surpresa, sem estoques para lidar com a pandemia.
O comunismo e socialismo tem sido falsificados e distorcidos para servir de espantalho que assusta uma população pobre já amedrontada pelas difíceis condições de vida. Para essa “malhação do judas” se unem empresários, bolsonaristas, pastores e todo tipo de explorador da miséria do povo. E porque fazem isto?
Não será porque são estas ideias que oferecem uma resposta que beneficia o povo e, assim, ameaça a concentração de riqueza que estes arrancam deste povo?
Por exemplo:
Hoje no Brasil não faltam apenas testes, apesar de universidades como USP e Unicamp terem desenvolvido métodos de produção baratos e rápidos, tornando possível sejam produzidos nacionalmente e em massa. Também os chamados “EPI’’s”, como luvas, máscaras, coletes, são escassos, como cerca de 50% dos médicos denunciam. A quantidade de respiradores, essenciais para manter vivos os que desenvolvem falta de ar, é enorme também.
Num Brasil socialista, o Estado, que só poderia sair de uma revolução feita pelos debaixo, trabalhadores e pobres das cidades e interior, tomaria o controle de toda a grande propriedade.
Não, não estamos falando da sua escova de dente ou seu Iphone e também não falamos da sua lojinha de capinhas de celular ou o bar da esquina. Falamos das grandes mineradoras, das grandes porções de terra nas mãos de multinacionais, das fábricas de veículos, dos grandes bancos e seu capital e das gigantes redes de comércio.
Hoje, em meio a crise epidêmica, temos um cenário inacreditável: a capacidade ociosa, ou seja, a capacidade de produção da grande indústria brasileira que não é usada, é a maior em 20 anos!
O setor de produção de veículos conta com 65 fábricas e, nestes meses, 64 ou pararam ou usam menos de 1/3 da capacidade produtiva. Estas fábricas juntas podem produzir 5 milhões de carros em um ano!
Porque raios não são reorganizadas para produzir em massa milhões de respiradores baratos como os, também, pesquisados pelas Universidades?
O setor de vestuário teve uma queda vertiginosa na produção, usando hoje apenas 25% da sua capacidade produtiva! Justamente as fabricas que podem fazer aventais, coletes, máscaras, luvas aos milhões, sem grandes transformações em sua estrutura de produção estão paradas, como se não houvesse necessidade destes bens!
Num Brasil socialista, as necessidades da população seriam o motor da economia e a “anarquia” não dominaria a produção:
- Nessa situação todas as mineradoras colocariam sua extração a serviço não de exportar para lucro, mas de buscar insumos necessários a produção de bens industrializados para combater o vírus.
- As grandes porções de terra produziriam alimentos vendidos barato nas cidades e produziriam em massa bens agrícolas e insumos necessários a indústria de combate ao vírus.
- Todas as grandes fábricas automotivas e de vestuário seriam reorganizadas para produzir milhões de respiradores e centenas de milhões de luvas, máscaras e aventais.
- Controlando o sistema financeiro, bancos e o crédito, o Estado não endividaria sua população em meio a ameaça de morte: Ofereceria crédito barato para os pequenos negócios essenciais continuarem funcionando e subsidiaria com salários dignos os trabalhadores para que pudessem ficar em isolamento o tempo necessário.
- Todos os grandes complexos hospitalares seriam colocados a disposição do público, com leitos privados sendo estatizados e colocados a serviço das necessidades coletivas.
- Com o monopólio do comércio exterior nas mãos do Estado socialista, os bilhões que viessem do comércio internacional seriam colocados a serviço do plano: Dezenas de milhares de leitos de UTI seriam produzidos, bilhões seriam investidos na pesquisa de tratamentos sérios, vacinas e equipamentos de proteção e respiradores.
Tudo isto, é claro, só poderia vir de uma sociedade socialista construída e controlada pela forma mais democrática já vista pela humanidade:
A auto-organização direta, composta por representantes eleitos e revogáveis diretamente pelos trabalhadores e pobres em cada local de trabalho, nos bairros e cidades, algo totalmente diferente desta democracia falsa, que é uma democracia para os ricos e uma ditadura para os pobres, em que dominam os empresários através dos “políticos profissionais’ que só defendem os seus interesses econômicos.
Seria também distinta, é claro, de modelos socialistas anteriores que, por suas particularidades, degeneraram e se transformaram em ditaduras burocráticas, nas quais o poder político dos trabalhadores foi tomado por uma casta social que usa a bandeira comunista para confundir e manter seus privilégios materiais.
Organizados desta forma, os trabalhadores teriam as ferramentas diretas para atuar politicamente, controlar seus representantes e seriam capazes de definir com clareza suas necessidades, as quais seriam as bases do plano econômico de combate a crise e manutenção de suas vidas.
Num Brasil Socialista, haveria democracia e - porque não? – muitos partidos para os trabalhadores debaterem as melhores políticas para a crise, em base a uma sociedade em que a grande propriedade privada, a acumulação de capital e a grande exploração do trabalho alheio fossem proibidas.
Neste cenário, é claro, diriam aqueles patrões que trouxeram a doença ao país e hoje se escondem em suas casas na praia, condomínios e bunkers: “Seria uma ditadura para nós!”.
Precisamente. E pela primeira vez na América do Sul, veríamos um governo das maiorias trabalhadoras, trilhando o caminho da transição ao socialismo e, com isto, lançando uma nova onda de transformações revolucionárias nos demais países do mundo, rumando para a sociedade comunista, sem classes.
Ao responder isto, os capitalistas nos dão uma ótima lição: Da mesma forma como compreendem o que seria uma ditadura da maioria trabalhadora contra eles, uma minoria exploradora do trabalho alheio, temos de compreender o que é e a necessidade de nos libertar desta atual ditadura de patrões, maquiada e protegida.
É só isto o que nos impede de abrir as portas para um novo mundo. E este mundo, nesta crise, se mostra não apenas possível, mas absolutamente necessário.
Fontes:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-04/coronavirus-pesquisa-mostra-que-50-dos-medicos-acusam-falta-de-epi
https://oglobo.globo.com/economia/com-coronavirus-industria-tem-maior-nivel-de-ociosidade-em-quase-20-anos-24409871
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/nove-em-cada-dez-casos-de-covid-19-nao-sao-detectados-no-brasil-diz-estudo.shtml
https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/05/04/endividamento-se-acentua-e-pode-ser-um-dos-legados-da-crise-do-coronavirus.ghtml
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52509734
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