terça-feira, 21 de maio de 2019

Afinal, é o capitalismo, estúpido! Ou sobre névoas e fumaças...

Eu fico impressionado como em pleno 2019, diante de um possível grande evento de extinção em massa de milhões de espécies, com o clima se deteriorando de maneira galopante tornando o planeta cada vez mais complicado para a vida em geral e a humana em particular, sem falar da falência completa do neoliberalismo e das economias de mercado, com a extrema direita avançando a passos largos, monarquias absolutistas apedrejando gays e mulheres em praça pública, apartheid de milhões de palestinos, desemprego, suicídios, miséria crescente no planeta, enfim, uma verdadeira distopia, NINGUÉM, nenhum ator político relevante se levanta para questionar, ainda que discursivamente, o sistema econômico capitalista! Nem se fala mais a palavra capitalismo!

Evocar o termo é como se a quem te olha você estivesse nos anos 80, 70 ou 60. Mas, desafortunadamente, é isto mesmo o que vivemos.
O CAPITALISMO. E piorado, em sua fase imperialista e financeira.

Com a mesma lógica de superprodução de mercadorias pra gerar lucro, gerando, assim, crises de excesso de produtos,, excesso de créditos, excesso de alimentos, enquanto, de outro lado, milhões morrem de fome, encontram a falência da inadimplência...
Com a mesma ANARQUIA econômica, onde tudo, quantidades e o que produzir, é decidido não pelas pessoas mas pelo que? Uns 7 ou 8 grandes trustes/monopólios, que produzem e disputam de acordo com suas taxas de lucro e não de acordo com um plano baseado na NECESSIDADE das PESSOAS.
Com o mesmo mecanismo de roubo fundamental, implementado através da jornada de trabalho e do avanço tecnológico, o tal roubo do trabalho excedente e da famigerada mais valia (ou mais valor), daquilo que o trabalhador gera e vai MUITO além do que recebe como salário (pense, por exemplo, num chapeiro do Macdonalds que, por dia, faz 100 sandubas de 20 reais cada gerando 40 mil no fim do mês e recebendo 1000 como salário). Tudo isto segue amplamente em amplos setores da economia e sociedade.

Entretando, tal questão é quase um tabu, seja nas conversas triviais entre pessoas ou, pior, na política "oficial", como se hoje fôssemos envolvidos em uma névoa mística que nos impede de pensar outra forma de fazer coisas muito simples:
- produzir coisas
- distribuir coisas
- nos relacionar  solidária e fraternalmente.

Hoje, o capitalismo é um sistema que produz coisas, restringe e condiciona a distribuição destas pelo lucro e poder econômico de quem compra (não tem money? Não leva o honey) e divide a sociedade cada dia mais entre os que tem e os que não tem, os que exploram e são explorados, entre os que nada produzem e vivem de lucros e juros e os que tudo produzem, trabalham e vivem na miséria e dificuldade, em suma, entre os interessados na solidariedade e os interessados na exploração.

Não é difícil perceber que este sistema de coisas conduz nossa civilização e, antes disto, o país, a ruína. É daí que vem o aumento da criminalidade, das doenças, da fome, da falta de moradias, dos salários de fome, do embrutecimento, da deseducação, da discriminação.

Vejo amigos e gente jovem dando de ombro desinteressados, mas eu lhes pergunto: se não nós, esta geração, quem vai dar importância pra esse impulso que tanto nos trouxe de conquistas para os oprimidos e trabalhadores (eu, você, sua vó, minha tia, nossos pais) ao longo dos últimos 170 anos? Haverão muitas gerações mais, ainda?
Toda ação tem um custo. E a inação gera os maiores.

Uma das conquistas dos últimos 30 anos, dos grandes bancos e magnatas industriais, além de seus agentes políticos, foi afastar não apenas da política "oficial" como da vida das pessoas, qualquer idéia de que é possível mudar as coisas, transformar a vida, transformar as formas de se relacionar com a política, com a economia, com a produção de bens ou entre as pessoas.

É como se não houvesse alternativa além de "administrar o que está aí". Ou seja, enquanto os muito ricos seguem nadando na riqueza coletiva roubada, só é possível ver se dá pra tirar um pouquinho mais do que sobrar pro povo não morrer de fome.

Aqui, no país das maravilhas, já é como se o brasileiro, esta espécie única de homo sapiens, fosse incapaz de conceber um novo mundo, de mudar, de optar por grandes transformações, pelo basta numa sociedade fraturada, em que todos são inimigos de todos, todos precisam tirar vantagens de todos, uma sociedade em que a "lei de gerson" venceu pelas qualidades particulares deste exemplar espécime.

Não. Esta farsa, este individualismo, este banho de sangue na base social da pirâmide é construído, estimulado e mantido graças ao saque das riquezas nacionais, seja através da exploração direta dos trabalhadores (nas fábricas e produção ou pelos bancos), seja nos mecanismos de saque institucionais feitos pelos agentes políticos da burguesia (privatizações, juros infindáveis da dívida pública).

Um novo mundo precisa ser parido, mas ainda não há parteiros conscientes disto. Nesse "escuro-claro" surgem os monstros, já diria o herói Italiano. E como tem surgido nos últimos tempos...

Hoje, mais do que nunca, é preciso gritarmos forte por uma sociedade nova, fraternal, livre das amarras do lucro, onde tudo seja produzido pra suprir as NECESSIDADES das pessoas e não os lucros e interesses de um ou outro conglomerado de bancos e burgueses.

Questionar tudo, todos dogmas, toda a falsa normalidade, a farsa de administrar a bárbarie, a hipocrisia de um sistema que PRECISA dos pretos mortos, camponeses sem terra, operários sem trabalho, mulheres sem direitos, pra poder manter os privilégios de uma ínfima minoria, tudo isto é o mais elementar que podemos - e precisamos- fazer hoje.

Chega de reverências e ilusões. Você vive no mundo real. Na exploração real. E ele está em chamas. Resta saber se ainda há como apagá-las. E se há quem se disponha a tal ação.

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