quarta-feira, 24 de julho de 2019

O capitulo um da revolução brasileira mal terminou...

O coração da tragédia destes anos que vivemos reside precisamente no fato de que o consórcio de frações e grupos burgueses, nacionais e estrangeiros, aproveitando uma janela de oportunidade e o efeito da desaceleração provocada pelo efeito da crise mundial que, finalmente, chegava ao Brasil, decidiu e percebeu que não mais precisava manter um pacto de convivência com a conciliação.
Percebeu que os oprimidos não apenas perdiam capacidade e estrutura de organização, como a insatisfação que começou a nutrir, produto de um crescimento econômico que não se convertia em benefícios para as camadas trabalhadoras, a não ser através de créditos relativamente baixos e pequenas concessões de benefícios assistenciais, proporcionalmente a acumulação de capital nas mãos do empresariado e dos bancos.
A explosão de junho de 2013 pegou de surpresa mas fez com que o "cérebro" burguês entendesse que chegava o momento da readaptação e uma oportunidade de maior acumulação. E que para isto seria necessário lançar mão de ações de força, ou seja, retomar a tradição da burguesia e dos políticos golpistas brasileiros de maneira aberta e agressiva.
Em última análise, forçar e bancar, social, política e, principalmente, repressivamente, o abismo social que hoje indiscutivelmente separa os interesses e modos de vida dos capitalistas e seus lacaios, de um lado, e a enorme maioria do povo trabalhador e pobre, de outro.
Esta tragédia, concretizada com a traição das organizações como PT e PCdoB que usam uma "aura de esquerda" abstrata apenas para lavar a própria cara diante das traições e manter qualquer alternativa de esquerda e radical travada, impossibilitada de surgir e ganhar influência entre a maioria dos trabalhadores.
Hoje, o papel mais relevante e decisivo de PT e PCdoB é o de impedir, seja elo teatro parlamentar e as traições no sindicato, seja pela política de "se fingir de morto" no cotidiano e na organização das lutas, é o de impedir a radicalização e organização dos trabalhadores contra o centro de sua exploração: os grandes, bancos, grandes empresários e seus gerentes no congresso. Nem sequer esta impressão se constrói.
O povo segue achando que o problema "são os políticos", quando o que se trata é uma guerra entre classe de pessoas e não funções: Grandes latifundiários e magnatas usando a máquina do Estado pra extrair MAIS riqueza, sem contrapartida, do bolso do trabalhador com cortes de direitos, demissões, reforma da previdência e reforma trabalhista.
Não se faz, é claro, porque hoje, estes além de estarem comprometidos com nada mais além de administrar este país capitalista, de maneira capitalista e, assim, beneficiar os capitalistas e administrar a miséria, também ajudaram a criar a idéia de que neste mundo cibernetizado e da pós-modernidade, nem se pode sonhar em um outro tipo de sociedade, uma outra forma de organizar a economia, as relações, o estado, de maneira coletivista, socialista, revolucionária. Este sonho foi arrancado desta geração dos 80 para lá.
Nossa geração sofre uma derrota histórica com a ofensiva autoritária bonapartista, que destrói os mecanismos de proteção social, como as leis trabalhistas e a previdência, destrói a capacidade de trabalho minimamente decente, com a lei de terceirização irrestrita e destrói o futuro desenvolvimento do país com as privatizações e entregas de recursos estratégicos nacionais e com a lei d drogas, com os 700 mil presos e mais de 67 mil mortos por ano, numa política de genocídio e extermínio dos negros e trabalhadores.
Toda esta derrota, cujas bases foram assentadas em 1979, quando a geração em luta não conseguiu avançar, por responsabilidade de suas direções políticas, e teve de estabelecer um pacto com os mesmos torturadores, políticos da ditadura, empresas financiadoras da ditadura, figurões políticos e territoriais da ditadura, concretizado na Lei da anistia e nesta democracia tutelada, onde pode tudo, desde que o Milico não se incomode, está acompanhada de outra grande transformação histórica.
Nossa geração entra na próxima fase de reestruturação produtiva, ou seja, de transformação nas relações de trabalho, agravadas pelo desenvolvimento tecnológico, a informatização, automação, terceirização irrestrita e uberização do trabalho.
Esta bomba histórica e social coloca diante desta geração e as próximas nos anos que estão por vir um desafio histórico sem precedentes tanto do ponto de vista da organização dos oprimidos para a luta contra a exploração, quanto para a reflexão e percepção precisa de de qual maneira o desenvolvimento da Inteligência Artificial pode golpear a força do trabalho contra o Capital.
Isto implica que, talvez, passemos por um tempo relativamente prolongado de lutas espontâneas, erupções sem direção e por esgotamento até que os revolucionários que passarem por esrte processo de "seleção natural" de quadros, começarão a tratar de dar forma consciente e organizada ao movimenbtos destes trabalhadiores terceirizados, intermitentes, uberizados.
Construir as futuras, comissões, sindicatos, associações, combativas e independentes em relação ao estado e o patrão talvez seja a tarefa que nos próximos 5 ou mais anos deverão, por força dos acontecimentos da vida, levar a frente os verdadeiros revolucionários e trabalhadores conscientes.
Isto pode, numa perspectiva de uma década ou mais, e provavelmente deve ser a única forma a partir da qual poderá surgir uma alternativa política, um partido realmente fundido, presente, pertencente e construído pelos trabalhadores brasileiros, capaz de se colocar perspectivas e uma estratégia de transformação social, contra-ofensiva contra o capital e tomada do poder.
No futuro livro da, possível e desejável, ainda que trabalhosa e tortuosa, Revolução Brasileira, junho de 2013 será marcado como o Capitulo Um. E eu arrisco dizer que ainda nem viramos a página para o próximo.
Uma grande obra há a frente. Ver claro na escuridão é a melhor maneira de superar a angústia do trajeto.
Avante.

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