sexta-feira, 27 de março de 2020

Trump, Bolsonaro e os patrões jogam poker com a morte: nossas vidas são as fichas.



Após o escabroso pronunciamento do grão-miliciano ocupando o Planalto, as mídias internacionais se ocupam de duas notícias, aparentemente contraditórias, mas incontornáveis.

Os EUA superam o número de casos da Europa e China e se consolida como o novo Epicentro da disseminação descontrolada de Corona, com mais de 50 mil casos  e 700 mortes confirmadas.

Ao mesmo tempo, o chefe dos psicopatas ultraneoliberais, Trump, pressiona para que os EUA "voltem ao trabalho" até a páscoa, ou seja, daqui 15 dias, apostando na mesma narrativa asquerosa de Bolsonaro.

Narrativa essa, baseada em mentir, desinformar e chantagear. Algo que, para os acostumados aos ofícios das milícias e do "big business" estadunidense, é especialidade da casa.

Mentem quando dizem que os únicos em risco são os idosos e portadores de doenças crônicas e que apenas eles devem ser "tirados de circulação".
A infecção de jovens pode e leva muitos deles a necessidade de UTI's e respiradores, o que causa a sobrecarga no sistema de saúde e pode levar os médicos a trágica "escolha de Sofia", ou seja, a ter de decidir tratar uma vida jovem e sacrificar a vida idosa, pela falta de equipamentos.
Os jovens, inclusive, podem piorar e muito esse cenário pois, sendo em muitos casos assintomáticos, disseminam a doença sem saber e pioram o cenário do contágio.

Desinformam quando, além destas mentiras, minimizam a capacidade de infecção do vírus e o período de tempo após o qual será possível voltar a normalidade. Para se ter uma idéia, para o Ebola, cujo surto explodiu nos países da África Ocidental em 2014/2015, só foi possível obter uma vacina em 2019, 4 anos depois!
As vacinas atualmente testadas levarão não menos do que 14 meses para serem liberadas e, por enquanto, não existe nenhum tratamento para o Covid19. Tudo depende, então, da capacidade imunológica de cada adoecido e do sistema de saúde de apoiá-la.

Chantageiam, assim, os trabalhadores com uma lógica aparentemente impecável: Se a economia e produção pararem, o número de mortes causado pela (anterior e inevitável) crise econômica será maior do que as mortes pelos vírus ou os salvos pela quarentena.

Logo, qual sua solução mágica?
Os trabalhadores devem fazer (mais) esse sacrifício e se arriscar/infectar para retomar a produção e, assim, aceitar que essa "gripezinha" será algo entre matar apenas uns 7 mil ou apenas aqueles velhos e doentes que já morreriam em breve, de qualquer forma.

Essa foi a tentativa da cidade de Milão, na Itália, que após algumas semanas mantendo tudo aberto em meio a Pandemia, seguindo as orientações de outro psicopata, viu a completa sobrecarga de seu sistema de saúde e mais de 4 mil mortos.

Trump e Bolsonaro, é claro, são figuras públicas a serviço dos verdadeiros donos do negócio, os banqueiros, industriais e grandes magnatas que pressionam por essa abertura e "retorno a normalidade".

Vivemos um tempo em que Bancos, empresas, donos de restaurantes e lojas comerciais, tentam convencer o povo de que eles devem aceitar correr o risco de se infectar voltando ao trabalho, arriscando a vida de seus entes queridos para manter a economia capitalista. Ou isto ou a suposta "fome inevitável".

Esse Malthusianismo revisitado, a serviço de uma política de Darwinismo social (sobrevivência de quem tiver muitos recursos econômicos e sorte biológica ) mostra, num retorno frequente as referências do século 19, o abismo imensurável de interesses e de vida entre a elite econômica burguesa e a maioria do povo explorado por ela.

A burguesia é completamente divorciada, não tem nada em comum, nenhuma empatia e relação que não seja a de superexploração com a massa trabalhadora.

Com um resgate de 1,5 trilhões feito pelo Banco Central para os bancos, dinheiro (público) este que vão usar para emprestar para as famílias e empresas quebradas, lucrando muito com juros das dívidas no meio desta crise, querem convencer que não há recursos!

Com o lucro de 81,5 bilhões arrancados do povo pelos maiores bancos em 2019, sem falar nas bilionárias isenções e renúncias fiscais dadas a empresas e Bancos, querem, ainda assim, dizer que não há recursos para bancar a vida dos trabalhadores em quarentena!

O presidente do Banco do Brasil, chega a dizer, num país em que bancos e empresas devem 500 bilhões em impostos ao INSS e a receita federal, que é um erro atribuir "valor infinito" a vida.

A combinação da crise econômica e sanitária permite aos trabalhadores entender claramente que um sistema econômico que, cotidianamente despreza o papel do trabalhador e valoriza o patrão/empresário como gerador de riqueza, ao ser atingido por uma crise epidêmica se encontra absolutamente despreparado, sem estoques de máscaras, respiradores, álcool, tendo de paralisar todas suas atividades e, chegando ao limite, tem apelar com mentiras imorais àqueles mesmos trabalhadores que se arrisquem para manter os lucros fluindo, não serve, faliu, explodiu.

Disto podemos tirar duas enormes lições históricas:

O trabalho segue sendo a fonte que gera a riqueza. Sem o trabalhador produzindo, bens e serviços, não existe riqueza. E é nisto que reside a maior força social e coletiva da humanidade, a força dos trabalhadores. Com ela eles podem e devem definir como organizar a sociedade, a economia e a política para atender os seus interesses, os da maioria que tudo produz.
Inclusive a de derrubar TODO este sistema econômico (junto de seus mandantes no Estado e nas empresas) e construir um que lhes interesse e acabe com a exploração e a dominação do lucro sobre a vida.
A consciência de classe é a única saída para responder ao principal problema brasileiro e mundial: os antagonismos sociais de classe.

A segunda lição é a de que existe a luta de classes e o abismo existente entre os interesses e a vida da elite econômica burguesa e da maioria do povo trabalhador é tão grande que eles preferem contar corpos de peões a contar cifras mais baixas de lucro.

Número de corpos estes, é claro, maquiados, como todos os governos no Brasil tem feito, subnotificando  infectados e mortos por Covid19 (a cada caso, são 15 não notificados), despreparando a população, num flagrante crime a humanidade.

Se ensaia a abertura da porteira e, frente a frente com a morte, não a deles mas a nossa, frações da burguesia e seus papagaios na figura de Trump e Bolsonaro, se preparam para expor milhões, através da mentira, ao vírus, ampliando a disseminação. Jogam piscinas de gasolina no fogo.

Jogam nossas vidas como fichas, apenas para ganhar alguma sobrevida política (enquanto sonham com a reeleição cada vez mais incerta) ou, quem sabe, uma saída com danos reduzidos. Nossas vidas estão abaixo de suas pretensões de poder.

No Brasil, em live com governadores, Bolsonaro solta os cachorros no, não menos hipócrita, Dória.
Entre as ofensas visando as eleições de 2022 (sua real preocupação), um gesto dá o sinal dos próximos capítulos: Mourão ri e faz negativo com a cabeça, como quem diz "cê tá achando que fica até 2022?".

Não é segredo algum que Bolsonaro não foi o filho pródigo. Com Alckmin naufragando, tiveram de engolir o olavista.

Mas há oportunidade melhor para lavar a cara dessa corrupta e podre democracia dos ricos, do que colocar, no meio da crise, um general (supostamente) "sensato", colocando o exército para "salvar a pátria" e reabilitar a confiança nas instituições? Tudo, claro mantendo os trilhões aos bancos e migalhas aos pobres, como a miséria dos 600 reais, prometidos pra tentar apaziguar o povo.

Esta, sem dúvida, é a saída mais estável que as elites podem desejar. E nesse jogo, Bolsonaro já não é mais do que um morto vivo. Com sorte, pode sair sem ir preso ou com alguma garantia de imunidade aos crimes dos filhos.

Numa democracia real, um governo dos trabalhadores, seria tratado como o que é, junto dos apoiadores patrões: genocidas e eugenistas sociais, criminosos contra a humanidade.

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